Considera-se geralmente que o verbo fugir (fujo, foges, foge, fugimos...) é irregular, e é assim que ele é tratado no contexto escolar não universitário. Nas gramáticas escolares que seguem o Dicionário Terminológico, os verbos que mostram alternância vocálica no presente do indicativo como fugir – p. ex., cobrir ou dormir – estão entre os verbos irregulares (ver Nova Gramática do Português, Santillana/Constância, 2011, p. 89; Domínios – Gramática da Língua Portuguesa, Plátano Editora, 2011, p.126). Esta é, portanto, a perspetiva adotada nos ensinos básico e secundário, em Portugal.
Não obstante, importa registar que Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática da Língua Portuguesa, embora aceitassem esta classificação, que é tradicional, observavam que casos como o de fugir não são propriamente enquadráveis entre os verbos irregulares e, por isso, propunham a definição de uma subclasse de «verbos com alternância vocálica» (p. 412):
«Às vezes a alternância vocálica observa-se nas próprias formas rizotónicas [= as formas cuja sílaba tónica pertence ao radical]. Por exemplo: subo, em contraste com sobes, sobe e sobem; firo, em oposição a feres, fere e ferem. Por sofrerem tais mutações vocálicas no radical, esses verbos, ou, melhor, os pertencentes à 3.ª conjugação, vêm de regra incluídos no elenco dos VERBOS IRREGULARES. Cumpre ponderar, no entanto, que essas alternâncias são características do idioma; os verbos que as apresentam não formam excepções, mas a norma dentro da nossa complexa morfologia.»
Note-se, porém, que, ainda que este comentário de Celso Cunha e Lindley Cintra seja útil para qualquer profissional da educação, não é ele determinante para os conteúdos a ministrar aos alunos dos ensinos básico e secundário. Terá, portanto, cabimento como informação suplementar, caso haja interesse em aprofundar os estudos gramaticais. Quanto à informação da Wikipédia, como se sabe, o valor dos seus artigos é sempre muito desigual. É aconselhável que quem os consulta em busca de esclarecimentos em matéria de língua cruze a informação aí obtida com a de fontes mais estáveis, como as gramáticas de referência e os dicionários de verbos.