Que, operador da construção clivada
Na frase «É isso que eu peço à ciência: que me faça apaixonar. É o mesmo que eu peço à literatura» (Mia Couto, Pensatempos, Lisboa, Editorial Caminho), podemos considerar o primeiro que um conector de integração, um conector de retoma, ou uma expressão de realce?
O uso do sujeito tanto no singular como no plural (textos promocionais)
Será que me podem ajudar no seguinte:
Em muitos documentos (extensos) sobre a actividade de uma determinada organização (empresa, escola, associação etc.) recorre-se ao uso do sujeito tanto na terceira pessoa do singular como na primeira pessoa do plural porque permite uma maior flexibilidade na apresentação dos conteúdos e porque diminui-se o número de vezes que se utiliza o nome da entidade. Dou um exemplo:
«Financeiramente, a EDP reforçou a sua posição. A EDP encaixou mais de mil milhões de euros na alienação de activos não estratégicos, 25% acima do compromisso inicial. Demonstrámos a nossa credibilidade no mercado, sobretudo no contexto de um mercado mais difícil (...)»
Gostaria de saber se é correcta esta utilização "dual" do sujeito. Eu tenho desenvolvido textos deste modo, considerando que não estava a cometer nenhuma incorrecção.
Muito obrigada pela vossa atenção.
Connosco e conosco conforme o Acordo Ortográfico de 1990
Tenho vindo a reparar na utilização frequente de "conosco" em vez de connosco, sendo a primeira um claro erro ortográfico, no entanto parece-me que um dos "n" já deveria ter caído, sendo connosco, uma das poucas, senão a única palavra em português com dois "n" seguidos.
Existe alguma regra relativamente a esta situação, ou a palavra simplesmente não evoluiu?
Você para falantes de espanhol
Em português, você é o equivalente a usted em espanhol? É melhor usar «a senhora» ou «o senhor» com uma pessoa não conhecida ou idosa antes do que você?
Muito obrigada pela sua resposta.
Maiúscula nos clíticos (Acordo Ortográfico de 1990)
No Acordo Ortográfico de 1990, na Base XIX, 1.º, lê-se:
«f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, nestecaso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel MárioAbrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).»
E com o clítico?«Louvo a Deus; louvo-O.»A maiúscula passa a ser facultativa?
O pronome lhe e os complementos oblíquos
Gostaria de saber se lhe, que é sempre indicado como pronome complemento indirecto, pode ser considerado complemento preposicional em frases como:
«Para realçar o sabor dos citrinos, antes de cozer a carne faça-lhe uns cortezinhos com uma faca afiada e introduza-lhes pedacinhos de casca de laranja.»
Vi o artigo que têm sobre funções sintácticas de lhe, mas só aborda a questão da preposição de (com a questão da posse) não da preposição em.
Muito obrigado.
A sintaxe de obedecer, novamente
Caros senhores, no versículo 27 do capítulo 8 do evangelho de Mateus (Novo Testamento) podemos ler: «Quem é este que os ventos e o mar lhe obedecem?» Tenho a impressão de que o tradutor cometeu um erro de regência, pois as gramáticas nos ensinam que o pronome relativo pertence ao verbo que vem depois. Como o verbo obedecer é transitivo indireto (exige complemento preposicionado), creio que a preposição deve anteceder ao pronome relativo. Assim, o tradutor bíblico deveria haver escrito: «Quem é este a que os ventos e o mar obedecem?» Estou certo, senhores? Se tenho apoio gramatical, como analisais a supramencionada tradução?
Quero agradecer-vos a fineza de responder-me.
«Junto se envia...» ou «junto, envia-se...»
Como se deve dizer: «Junto se envia...», ou «junto envia-se...»? É indiferente? E, se não, o que as distingue?
Obrigada.
Deícticos pessoais, espaciais e temporais
No próximo teste de Português, a minha professora vai colocar alguns exercícios com frases em que teremos de assinalar os elementos deícticos: pessoais, espaciais e temporais. Tenho algumas dúvidas quanto à forma de classificação e, mais importante, se os pronomes de 3.ª pessoa são considerados deícticos pessoais. Por exemplo, na frase: «Dei-lhe aquela boneca», eu classificaria dei como deíctico pessoal (flexão 1.ª pessoa) e lhe também; aquela seria deíctico espacial. E referiria também dei e ontem como deícticos temporais (referentes ao passado). Esta análise estaria correcta? Uma forma verbal pode ser simultaneamente deíctico pessoal e deíctico temporal, i. e., posso incluir em ambas as categorias? Podem ajudar-me? É uma questão um pouco difícil de interpretar...
A vírgula a seguir à palavra quê
«Debaixo de quê tinha o sapo dormido todo o Inverno?» Esta frase gerou uma discussão pela existência obrigatória ou não de uma vírgula a seguir à palavra quê. Parece-me a mim que a nível fonético ficaria mais completa a frase com a dita vírgula, ou seja: «Debaixo de quê, tinha o sapo dormido todo o Inverno?» A minha dúvida é se esta pausa na oralidade é utilizada na escrita, ou então se a frase fica mesmo mais correcta sem a vírgula. Já agora, aproveito para perguntar o que é «debaixo de quê» a nível sintáctico.
Muito obrigado.
