DÚVIDAS

Os modismos "dizer que", "observar que", "acrescentar que"
É comummente utilizado por vários políticos, jornalistas, comentadores e várias outras figuras públicas, na televisão, no início de qualquer discurso o "dizer que", "observar que", "acrescentar que", sem qualquer continuação na sintaxe que permita que a utilização do verbo no infinitivo seja um sujeito. Exemplo: «Boa noite a todos os presentes. Em primeiro lugar, dizer que, estamos a fazer todos os esforços necessários para contenção desta pandemia. Acrescentar que, apresentaremos ainda hoje um conjunto de medidas de auxílio á economia. Observar que, estaremos atentos ao aumento de casos.» Não tenho qualquer dúvida do erro. Na minha opinião, é um erro grosseiro, que se está a generalizar. Gostaria que o Ciberdúvidas deixasse registado o quão grave é este erro, para bom uso da língua portuguesa.
Os valores do advérbio
Tenho percebido que o uso do vocábulo se assemelha a valores semânticos umas vezes próximos de adversativos, outras vezes talvez a condicionais como nos exemplos abaixo : «Divirta-se bastante nestas festas juninas, faça de tudo, só não solte balão.» (não estaria exercendo o papel da conjunção mas ou então da conjunção condicional contanto que?) «Todos quiseram o lanche. Só você [é] que não.» (não estaria neste caso exercendo o papel da preposição exceto?) «Foi só terminar a aula, que o garoto começou a brigar com os colegas.» (não estaria neste caso exercendo o papel de uma conjunção temporal?)
A locução «uma vez que» II
Confesso que já procurei em algumas gramáticas referências sobre um possível uso da locução "uma vez que' como temporal mas sem sucesso. Assim peço a vocês esclarecimento sobre o fato até porque é algo muito comum, corriqueiro de se ouvir ou mesmo ver construções do tipo: 1) Uma vez que chega o inverno, ele se retrai no interior de sua casa. 2) Uma vez que tomares este remédio, sentirás um intenso alívio. 3) Uma vez que a tocar, comece a dançar. De fato, a norma culta alberga tais construções? Algum gramático faz referência? Algum dicionário ? Desde já, bastante grato.
O uso de cujo/a = «de quem»
Em Auto de Filodemo, de Luís de Camões, há uma passagem coloquial assim: «Dionísa: Cuja será? Solina: Não sei certo cuja é.» Em linguagem hodierna, seria mais comum ouvir/ler «de quem será?», «não sei certo de quem é». Esse uso de cujo lembra-me o uso de cujus no latim: Cujus filius Marcus est? («De quem Marcos é filho?») Em seu livro, Tradições Clássicas da Língua Portuguesa, o Padre Pedro Andrião diz ser possível tal uso e dá-nos uma lista grande de exemplos nos autores clássicos, desde Camões, Sá de Miranda, a Garrett, Camilo etc. Pois então, vos pergunto, que recomendam? É lícito o uso?
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa