A oração classificada, de acordo com diferentes perspetivas, como tendo a função sintática de modificador do nome restritivo1 ou de complemento do nome.
De acordo com uma perspetiva mais recente, a oração «que céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo» é uma oração dependente do nome opinião. Neste âmbito, na Gramática do Português (coordenada por Raposo et al.) propõe-se que, neste contexto, as orações poderão desempenhar duas funções: complemento de nome e modificador restritivo de nome (oração especificativa2, na terminologia usada na referida gramática).
As orações com função de complemento de nome completam o sentido daquele e podem ser substituídas por um pronome demonstrativo neutro:
(1) «Ele apresentou a prova de que vieram a casa dele.» (= «Ele apresentou a prova disso.»)
As orações com função de modificador explicitam o conteúdo do nome que as antecede. Não é possível substituí-las por um pronome demonstrativo neutro:
(2) «Ele referiu o facto de que encontrara a Rita.» («*Ele referiu o facto disso.»)
Em casos como o ilustrado por (2), o nome e a oração que o modifica correspondem a dois constituintes independentes, o que justifica o facto de o nome pode ser substituído pelo pronome demonstrativo neutro, mantendo-se a oração na frase, o que não se verificou em (1), pois o nome e a oração formam um só constituinte:
(2a) «Ele referiu isso de que encontrara a Rita.»
Por fim, as orações com função de modificador são incompatíveis com nome precedido de determinante indefinido, o que não se verifica com uma oração com função de complemento do nome:
(2b) «*Ele referiu um facto que encontrara a Rita.»
(1a) «Ele apresentou uma prova de que vieram a casa dele.»
Na Gramática do Português, acrescenta-se ainda que as orações com função de modificador do nome «ocorrem unicamente com nomes cujo conteúdo pode ser descrito por meio de uma proposição, como decisão, facto, hipótese, ideia, notícia, questão, solução, etc.» (p. 1881)
Na frase apresentada, é difícil aplicar os testes referidos porque o nome opinião forma com «ser de» um predicador complexo, mas se construirmos outra frase que simplifique a análise ficará clara a relação sintática entre o nome opinião e a oração que o sucede:
(3) «Surpreendeu-me a opinião que céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo.»
(3a) «Surpreendeu-me isso que céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo.»
Não obstante, é possível verificar que na frase original o recurso ao determinante indefinido não é aceitável:
(4) «*Ele era de uma opinião que céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo.»
Neste âmbito, poderemos considerar que a oração «que céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo» desempenha a função sintática de modificador do nome restritivo.
Se preferirmos um ponto de vista mais clássico, poderes adotar a perspetiva de Napoleão Mendes de Almeida que assim afirma:
«895 - Subordinada substantiva objetiva é a que exerce função de objeto com relação ao predicado da principal, e será direta ou indireta se a ela vier ligada sem ou com preposição.
"O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever".
"Dize-me se sabes a lição".
"Vêde como o tempo voa".
''Creio estarem elas preparadas".
"EIe esperava vir".
"Tenho mêdo ( = temo) que êle sucumba".
"Estou com esperança ( = espero) que êle seja aprovado" •
"Ele é de opinião ( = opina) que fiques".
Disponha sempre!
*marca a inaceitabilidade da frase.
1. Esta função corresponde, grosso modo, ao que Bechara designa de adjunto adnominal (Moderna Gramática Portuguesa. E. Nova Fronteira, p. 371)
2. Cf. Ide, Ibidem, pp. 1879 - 1886.