A oração «a palavra comissária vem de comissão» não desempenha a função sintática de aposto (ou modificador do nome apositivo) na frase em questão.
A função sintática de aposto está dependente de um nome, que é modificado pelo constituinte com esta função, tal como acontece em (1):
(1) «O João, o médico de família, chegou ontem.»
Nesta frase, o constituinte «o médico de família» tem a função sintática de aposto, relacionando-se com o grupo nominal «o João».
No caso em análise, a oração «a palavra comissária vem de comissão» não estabelece relação de modificação com nenhum nome. Na verdade, esta oração, que é uma interrogativa direta, não está dependente de nenhum outro constituinte.
Existe, porém, uma relação semântica entre a oração «não entendo» e a oração em análise, uma vez que o verbo entender funciona como verbo declarativo introdutor de discurso citado. No entanto, na frase em análise não existe uma estrutura de subordinação, que estaria presente numa construção como a que se apresenta em (2):
(2) «Não entendo se a palavra comissária vem de comissão.»
Poderemos considerar que, na frase apresentada pela consulente, está presente uma relação particular de parataxe. Trata-se, segundo Amália Mendes, de uma relação «em que uma oração acrescenta algum tipo de informação sobre outra oração independente […], sem que, no entanto, as duas orações estejam formalmente integradas num mesmo constituinte sintático. Chamamos a este tipo de conexão entre orações suplementação.» (in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1726).
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