Sobre a frase «Espero poder tornar-me alguém de que gosto um dia», disseram-me que está incorreta, mas não percebo a razão.
Perguntei a alguns portugueses se lhes soava poética ou estranha. Uns disseram que "de quem gosto" soava melhor e outros "de quem goste".
Analisemo-la um pouco melhor. Dividirei a frase em duas partes: "Espero poder tornar-me alguém" e "Alguém de que gosto".
Como vedes, omitirei "um dia", pois não penso que mudará a frase completamente.
Podemos dizer que a segunda parte tem um "adjectivo" ("de que gosto") e pode ser substituído por um outro adjectivo (por exemplo, "agradável").
Quanto à primeira, "Espero" influencia "poder tornar-me", mas não parece influenciar directamente "alguém". Quem desempenha essa função é "tornar-me". Podemos dizer "Espero poder tornar-me alguém agradável" ou "Torno-me alguém de que gosto", penso eu.
O que quero dizer é que, em "Espero poder tornar-me alguém de quem goste", "Espero" parece harmonizar toda a frase. Mas em "Espero poder tornar-me alguém de que (ou de quem) gosto", "tornar-me alguém" passa a influenciar "de que gosto". Portanto não penso que a frase «Espero poder tornar-me alguém de que gosto um dia.» esteja incorrecta, se o que digo faz sentido.
Estou um pouco confuso e gostava duma explicação mais aprofundada.
Agradeço-vos o serviço!
A questão é sobre regências (se este é o nome correto a dar quando não se trata de um verbo) da expressão «estar entusiasmado».
Penso que está correto «estar entusiasmado com um livro». Presumo que também será correto escrever «estar entusiasmado por o trabalho ser interessante» no sentido de justificar o entusiasmo.
Mas posso utilizar "estar entusiasmado para" quando é uma atividade no futuro? Por exemplo: «Estou entusiasmado para ir à praia.»
Obrigada.
Se alguém escrever «andaste comigo à escola?» está a cometer algum erro?
Bem sei que a expressão «andaste comigo na escola?» é mais frequente, mas a primeira sendo mais antiga está formalmente incorreta?
Obrigado.
«O Manuel, tarimbado em discursos, tomou a palavra.»
«Em» é a regência correcta de tarimbado?
Como sempre, grato pelos vossos esclarecimentos.
O consulente escreve de acordo com a norma ortográfica de 1945.
Sempre me pareceu que devemos escrever «dependurar em», mas tenho visto, nomeadamente em textos poéticos, a forma «dependurar de». Está correta? A minha impressão está errada?
Obrigado, desde já.
Entendo que o verbo consentir seja regido pela preposição com.
Mas tenho dúvida se há alguma mudança de regência quando esta passa de verbal para nominal no caso da expressão «em consentimento», como no exemplo: «Pergunto-me se você não fecharia os olhos em consentimento com/a práticas questionáveis como essas.»
Peço ainda a gentileza de me esclarecerem se minha suposição está correta: trata-se, de fato, de uma mudança de regência verbal para nominal?
Desde já, agradeço o apoio e cumprimento a todos da equipe do Ciberdúvidas por esse trabalho tão valioso.
«Tebaldo – Como! Sacas da espada contra uns pobres corçozinhos sem força? Aqui, Benvólio! Vem encarar a morte!» (SHAKESPEARE, W. Romeu e Julieta e Tito Andronico. trad. de Carlos Alberto Nunes. 14.ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998, p. 21. ISBN 85-0040978-9).
Encontrei esta construção – o verbo sacar + a contração da – durante a leitura da edição acima referenciada, mais de uma vez, tanto na primeira quanto na segunda obra shakespeariana.
Minha intuição aceita o seu uso, mutatis mutandis, com o verbo no infinitivo, tal como em «O sacar da espada contra uns pobres corçozinhos sem força», ou mesmo com o substantivo saque", a saber: «O saque da espada contra uns pobres corçozinhos sem força.»
Entretanto, o seu uso como no excerto acima citado me causa estranheza, porque para se sacar da espada seria necessário se sacar algo dela, e não a própria espada. Portanto, eu gostaria que me explicassem – não para desafiar o saudoso tradutor Carlos Alberto Nunes, mas para aprender – se está correta essa construção e porquê.
Desde já, sou-vos muitíssimo grato.
Diz-se «estar mortinho por» ou «estar mortinho para»?
Gostaria de tirar uma dúvida: «subir à Torre Eiffel» ou «subir a Torre Eiffel» – qual é a forma correcta? Ou são as duas?
Muito obrigada.
Tenho problemas em explicar a falantes não nativos o uso de «ao fim»/«em fim»/«no fim (final) de», quais a principais diferenças entre eles e como usar uns e não outros.
Por exemplo:
«Em fim de tanto esforço, nada conseguimos.»/«Ao final de tanto esforço, nada conseguimos.»
«Em fim de jogo, já é difícil marcar golos./No fim de/o jogo, já é difícil marcar golos.»/«No final do jogo, já é difícil marcar golos./Ao final de jogo, já é difícil marcar golos.»
«O cão já estava ao/no final da vida.»
«Chego sempre muito cansada em fim de dia.»/ «Chego sempre muito cansada no fim do dia.»/«Chego sempre muito cansada ao fim do dia.»/«Chego sempre muito cansada no final do dia.»/«Chego sempre muito cansada ao final do dia.»
Alguns colegas brasileiros usam indiscriminadamente e dizem-me que são totalmente iguais, mas alguns exemplos parecem soar mal.
Qual é a explicação?
Obrigada pela ajuda!
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