Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Morfologia
Paulo Alves Bolseiro de investigação Porto, Portugal 6K

Encontrei nesta semana uma página da Internet que se destina a resolver as dúvidas do português e nela li uma frase que me deixou surpreso. Penso que o autor em questão está errado, mas gostaria de ter a vossa confirmação. A frase em questão é:

«A crase não é considerada acento. Também não deve ser utilizada no lugar do verbo haver, como tenho visto muito:

À muito tempo atrás... ERRADO!!!

(o correto é "há muito tempo atrás")»

O endereço electrónico de onde foi retirada a frase é: http://www.ffsol.org/portal/texto.php?idff=1652

Muito obrigado.

Dóris Lima Administradora de empresas Porto Alegre, Brasil 5K

Uma professora de Português me garantiu que a palavra "parteleira" está certa, assim como prateleira. Eu desconhecia esta pronúncia/grafia. Ela está correta?

Carlos Cunha Bancário Évora, Portugal 5K

Emergente pode associar-se a emergência?

Andrea Rocha Tradutora Porto, Portugal 8K

As pessoas costumam empregar as duas frases: «Carla Bruni pode estar grávida do presidente» (Diário de Notícias – 11/01/08) e «Fernanda Serrano grávida do terceiro filho» (Caras – 15/01/09). Como posso evitar mal-entendidos, deixando claro que, se a Carla Bruni estiver grávida, o pai do bebé é o presidente, e que nascerá o terceiro filho da Fernanda Serrano?

Carlos Alberto Rodrigues Marques Pinto Professor aposentado Coimbra, Portugal 7K

Na recolha oral de uma pequena peça teatral cantada, do segundo quartel do século XX, encontro a palavra pronunciada como "ôrêlo" ("ourêlo", "orêlo", "oure-lo"?) no verso que transcrevo: «mas é preciso orêlo para a mamã não saber». Parece significar «segredo, cuidado, cautela». Porém, a única palavra que encontro nos dicionários, "ourelo", tem a forma preferível "ourela", cujo significado não parece ajustar-se à frase.

Terá a transmissão oral deturpado a palavra original?

Haverá outra palavra semelhante?

João Afonso Estudante Aveiro, Portugal 7K

Se eu quiser referir-me a água com cloro, poderei utilizar a expressão «água clorificada» ou «água aclorada»? Encontrei as duas expressões através do Google, mas não sei se o seu uso é correcto...

Desde já, os meus agradecimentos.

João Machado Reformado Lisboa, Portugal 5K

Na expressão «mais o mar que eu nunca vi» oiço, por vezes, a forma antiga «mai-lo o mar...». Como se pode classificar gramaticalmente esta forma de expressão que, penso, tenha caído em desuso?

Pedro Daniel Estudante Coimbra, Portugal 4K

O que é "econbência"?

António Gonçalves da Silva Engenheiro Lisboa, Portugal 27K

«Cantarei até que a voz me doa» ou «Dormirei até que esteja recuperado» são expressões que considero correctas e que não me causam dúvida: «até que» está associado ao limite temporal da acção traduzida pelo verbo.

É no entanto cada vez mais frequente ouvir dizer «até que nem é caro» ou «até que me sinto bastante bem», em que a utilização do que me parece inadequada. Eu digo «até me sinto bastante bem» ou «até nem é caro». Estou certo, estou errado, ou é indiferente?

Parece-me que a inclusão do que nestes dois exemplos vem do português brasileiro, que cada vez mais penetra o português europeu (o que «até nem é mau» ou «até que nem é mau»?).

Agradeço que me esclareçam esta dúvida: posso usar ambas as formas? Alguma delas é incorrecta?

Muito obrigado.

Ney de Castro Mesquita Sobrinho Vendedor Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil 3K

Erudito consultor Carlos Rocha,

Adro/átrio, ruga/rua são palavras que têm uso na língua portuguesa atual. Assim também como escala/escada, Bento/Benedito/bendito, -ário/-eiro, etc., etc., etc.

No caso de Cipriano/"Cibrião", ambas originárias do prenome latino Cyprianus, só se usa atualmente Cipriano como prenome de pessoas e também para designar São Cipriano de Cartago, famoso padre da Igreja do século III, sendo Cibrião uma forma arcaica desusada desse mesmo antenome latino, salvo no caso dessa aldeia mencionada, o qual é, sem dúvida alguma, um caso isolado, um arcaísmo que acabou sobrevivendo por sorte, talvez até por conservadorismo.

No caso de Josefo/José, formas provenientes do antenome latino Josephus, a primeira é totalmente desusada atualmente como prenome masculino, sendo José a forma corrente usada por todos. Josefo não sobreviveu nem para designar personagens bíblicas como José do Egito ou São José, pai adotivo de Jesus Cristo. Pode ser que eu esteja enganado, mas se trata de uma aportuguesamento mal feito. A não ser que se prove que, desde sempre em nosso idioma, foi, primeiramente, Flavius Josephus, ou algo parecido, e, depois, Flávio Josefo, aí. sim Josefo seria um arcaísmo que sobreviveu como Cibrião.

Muito obrigado.