Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
José Saraiva Leão Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 1K

O verbo abarrotar-se é reflexo ou pseudorreflexo?

Em português correto, ele seleciona sempre o pronome se ao mesmo tempo que seleciona a preposição de ou com?

E se o verbo abarrotar-se é pseudorreflexo, porque é que o é, se é igualmente verbo transitivo no sentido de «atestar, de encher algo até ficar cheio»?

Não será, pois, possível dizer-se: Abarrotei a mim e ao Paulo com comida.

 Muito obrigado!

José Saraiva Leão Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 3K

Qual das duas expressões é a correta:

Chão que piso.

Chão onde piso.

A minha pergunta prende-se com o facto de o verbo pisar não pedir a preposição em, pelo que, a meu ver, a expressão correta deve ser «o chão que piso», uma vez que onde faz sobressair a ideia de lugar em que.

Que é que dizem?

Muito obrigado!

Bohdan Litkovets Tradutor Lisboa, Portugal 4K

Na Internet leio muitas vezes que a regra de uso dos substantivos biformes e uniformes é simples:

Os substantivos biformes possuem uma forma para o masculino e outra para o feminino:

Ele é um menino muito educado/Ela é uma menina que canta bem.

Ele é um ator famoso/Ela é uma atriz fantástica.

Já os substantivos uniformes têm uma só forma para ambos os géneros:

Ele é um estudante da FLUL/Ela é uma estudante da FLUL.

O João é o nosso principal cliente/A Joana é a nossa principal cliente.

Porém, já há muito tempo que reparei que nem sempre tal é o caso. Talvez esteja enganado, mas parece-me que com alguns substantivos biformes que possam ser referência tal como ao sexo masculino quer ao feminino, pode-se usar a forma masculina para representar ambos. Não sei bem porquê, mas as seguintes frases não soam tão estranho. Aliás, até me parece ser mais sofisticado que se usasse a regra acima descrita:

Ela é um deputado do Partido Socialista.

A Joana continua a ser um dos melhores alunos da nossa escola.

A minha mãe foi sempre um cidadão exemplar para a nossa sociedade.

A Paula Mendes exercerá temporariamente as funções de diretor da escola.

Quando crescer, ela diz que gostaria de ser um professor na escola onde estuda agora.

Marta Braga foi o último ministro da saúde competente que Portugal teve.

Julian Alves Estudante Vitória da Conquista - BA, Brasil 3K

Num dicionário bilíngue italiano–português vem registrada a seguinte locução «tanto che» que apresenta como tradução: «tanto (assim) que» e «de modo que».

A locução «tanto assim que» realmente é registrada na língua portuguesa? E se ela existe, ela se enquadra nas consecutivas?

Faço saber um exemplo do dicionário citado: «Cheguei cedo, tanto assim que ainda não havia ninguém.»

Muito obrigado, desde já, pela resposta dada.

Narcisa Garina Estudante Benguela, Angola 1K

Aqui em Angola, ocorre, tanto na linguagem oral como na escrita, um fenómeno linguístico que consiste em começar a frase com sujeito indeterminado e no final dela explicitar o sujeito começando com a preposição em.

Exs.:

*Lhe bateram no João.

*Vão ralhar na Mingota.

*Roubaram o teu arroz no Joaquim.

É bem provável que essas construções estejam erradas do ponto de vista normativo, mesmo assim, gostaria de saber uma possibilidade de análise sintáctica, principalmente a do sujeito iniciado por em («no João», «na Mingota», «no Joaquim»). Uma hipótese que melhor descreveria esse fenómeno, qual seria?

Muito obrigada!

Paulo Ferreira Professor Aveiro, Portugal 2K

Estou a fazer uma tradução e, com base na máxima «com ferro se mata, com ferro se morre», surgiu-me a seguinte dúvida: posso dizer «matou uma a ferro e outra à fome», ou terei mesmo de dizer «matou uma com o ferro e outra à fome»?

Matar pede a preposição a apenas em frases como «matou à fome», «matou à pancada», «matou à paulada», ou pode ser extensível a outros casos que não encontro na net nem em livros?

Reconhecido pela atenção dispensada, despeço-me com respeitosos cumprimentos.

Graça Correia Professora Lisboa, Portugal 8K

Por motivos familiares, convivo frequentemente com brasileiros, todos eles com cursos superiores. Uma das frases que pronunciam repetidamente e que me choca bastante é «deixa eu ver», «deixa eu fazer».

Já tentei explicar que a frase está mal construída. Inutilmente. É de tal forma que até eu já tenho dúvidas!

Estas construções estão efetivamente erradas?

Agradeço os vossos sempre úteis esclarecimentos

José Saraiva Leão Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 1K

O adjetivo esbulhado pode selecionar a preposição com, reger a preposição com?

«Sentiu-se esbulhado com o que houve.»

E nesta frase:

«O Imperador viu-se esbulhado de reinar com este ato.»

Nesse caso, a preposição com refere-se a que constituinte frasal? Não será igualmente regida por esbulhado como se dá à preposição de?

Muito obrigado ao vosso excelente trabalho!

Fernando de Carvalho Bibliotecário São Paulo, Brasil 2K

Gostaria de saber a regência verbal de logar(-se): "logar(-se) em" ou "logar(-se) a"?

Fernando Pestana Professor Porto , Portugal 2K

Na frase «A linguagem é o recurso último e indispensável do homem», se o adjetivo destacado for deslocado para antes do substantivo recurso («último» recurso), haverá alteração de sentido frasal?

Há diferença semântica entre «último recurso» e «recurso último»? Se sim, qual?

Muito obrigado!