A frase em questão coloca vários problemas de análise sintática relacionadas com a identificação da natureza do verbo sentir-se, o qual é objeto de várias interpretações sintáticas, que levam a considerá-lo ora verbo copulativo ora verbo pleno (ver Textos relacionados).
Na interpretação que aqui seguimos, optaremos por classificar sentir-se como um verbo principal transitivo. A proposta de integração nesta subclasse deve-se sobretudo ao facto de o verbo selecionar sujeito, algo que os verbos copulativos não têm a capacidade de fazer (ver esta resposta para mais informações).
Não obstante, embora o verbo seja transitivo, o constituinte pessimamente não desempenha a função de complemento do verbo sentir-se. Também aqui estamos perante um caso particular da gramática, na medida em que o verbo sentir-se pode construir-se com predicativo do sujeito (o chamado predicativo do sujeito secundário). Como afirma Raposo, «Os verbos plenos que selecionam um predicativo do sujeito secundário são em pequeno número; entre eles incluem-se passar (por), dar-se (por), sentir-se e viver. Os dois primeiros subcategorizam a preposição por; o segundo e o terceiro conjugam-se reflexamente.» (in Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1344).
Pelas particularidades que ficaram expostas, as frases desta natureza não devem constituir matéria de análise no ensino não universitário, uma vez que não estão ao serviço da sistematização das características definitórias quer das subclasses do verbo quer das funções sintáticas.
Gratos pelas suas palavras, ficamos à disposição.