Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.

Publicou o «Expresso» na secção Actual do caderno Cartaz, em 4 de Abril, o artigo «A incerteza em linha», de Fernando Venâncio, em que o vosso colaborador, ao criticar o sítio da Internet «Ciberdúvidas da Língua Portuguesa», teve a amabilidade de me fazer uma referência. Referência muito simpática. Mas feita no âmbito de um conjunto de opiniões que me parecem contraditórias e me levam a pedir a publicação do seguinte:

Respeito a opinião de Napoleão Mendes de Almeida, que conheci pessoalmente aqui em Portugal, e que é autor duma boa «Gramática Metódica da Língua Portuguesa» (onde faz o favor de me citar mais do que mereço), mas não a sigo, apenas porque ninguém diz assim em Portugal. Aqui só se ouve a preto e branco e a cores, quer se trate de televisão ou não. Cada terra com seu uso... No Brasil preferem com em, e assim a língua comum fica mais rica, mais variada. Não podemos, nem devemos, ser tão rígidos.

A esse respeito, deixo a opinião de Napoleão Mendes de Almeida (Dicionário de Questões Vernáculas, São Paulo, Ed. Caminho Suave, 1981, pág. 94):

«Em cores – Em horas, a agressividade dos atuais meios sônicos de comunicação transformam erros de linguagem em padrões de vernaculidade. Não preparados para cirandar vocábulos e expressões, locutores de rádio e de televisão os passam para os ouvintes como os vêem num precipitado comunicado escrito e dão ao erro foros de uso, de populari...

Sobre a resposta dada a uma consulente brasileira, permito-me discordar, apresentando as seguintes razões: A preposição correta, no caso, deve ser «em» (TV em cores), pois é a preposição adequada quando se trata de indicar cor.

Assim, dizemos: TV em preto e branco, foto em branco e preto, voto em branco, Um Estudo em Vermelho (nome de livro). Note que não dizemos "TV a preto e branco". Então, por analogia...

Ler contrapontos: "TV em cores" "TV a cores".

O artigo publicado no jornal "Expresso", no dia 4 do corrente, sob o título "A incerteza em linha" (Cartaz, Actual), em que sou mencionado, sugere-me algumas considerações. A primeira, e seguindo a ordem do texto, é acerca do uso de obrigado, -a, -os, -as; o seu autor escreve: «Sempre foi normal um homem dizer "obrigada", e é vulgaríssimo ouvir-se a uma senhora "obrigado".» Contesto: não é "normal" um homem dizer "obrigada", é apenas ...

Uma das dificuldades da nossa língua provém do facto de ela não ter uma lógica geral. São várias lógicas que se misturam e, muitas vezes, chegam a ser conflitantes. Desde o plural de mão não ser «mães» até a possibilidade de se utilizar majoritário e maioritário ou a evolução do «planum» latino para chão e plano, cada palavra tem a sua história, marcada pela origem histórica e condicionalismos regionalistas. Não adianta tentar encontrar um fio único para interpretar a língua portuguesa, que s...

Quanto ao plural do substantivo composto «sem-terra», venho manifestar minha discordância da opinião emitida pelo nobre professor Amílcar Caffé.

A meu ver, um neologismo deve, justamente por ser um neologismo, sujeitar-se mais ainda às regras gramaticais, e não ser incluído de imediato no rol das exceções. Isso torna mais simples o bom uso da língua. A par disso, o acréscimo do "s" é o indicativo natural para a formação do plural na língua portuguesa. Não deixam de soar estranhas (porq...

No «Alfa» para o Porto, o revisor, ar compenetrado mas afável, vem verificar o bilhete. Devolve-lho com um «Muito obrigado», uma cortesia que só fica bem à empresa. No banco ao lado, segue uma senhora. Ao entregar-lhe o bilhete, o revisor diz: «Muito obrigada». Um casal mais à frente receberá do revisor um convicto «Muito obrigados». O viajante ainda pensou armar-lhe uma espera, a instruí-lo, mas hoje prefere imaginar que, todos os dias, anda um senhor revisor, país acima país abaixo, adaptan...

Estou muito agradecido ao consulente a quem a minha resposta sobre estas palavras não satisfez completamente. E agradeço a todos os que me apresentam objecções e/ou discordam, porque é com estes que aprendo: fazem-me sentir e pensar, e é pensando e sentindo que trabalho e aprendo. Os outros, os inteiramente concordantes, apenas me alegram por eu ter sido útil ao próximo; e por isso a eles me sinto grato, quando me comunicam a sua satisfação. Mas uma coisa é eu sentir-me alegre; outra, o senti...

Apesar de concordar com a explicação dada por José Neves Henriques à questão «esse» versus «este», a mim também assaltam as dúvidas quanto à utilização no caso da tradução "site"/página.

O consulente escreveu para a página que estava à sua frente no computador – assim como estaria à frente de uma pessoa do outro lado do mundo. Portanto, escreveu para esta página – em substituição de para os responsáveis pela página em questão –, por uma questão de proximidade. Mas também p...