A esse respeito, deixo a opinião de Napoleão Mendes de Almeida (Dicionário de Questões Vernáculas, São Paulo, Ed. Caminho Suave, 1981, pág. 94):
«Em cores – Em horas, a agressividade dos atuais meios sônicos de comunicação transformam erros de linguagem em padrões de vernaculidade. Não preparados para cirandar vocábulos e expressões, locutores de rádio e de televisão os passam para os ouvintes como os vêem num precipitado comunicado escrito e dão ao erro foros de uso, de popularidade, de acerto. As carradas, como a doença, o erro aparece e se alastra, mas não sai como as doenças, às polegadas: fica. Não há escolas em quantidade capaz de erradicar erros do idioma plantados por tais meios de comunicação verbal; só as mesmas estações emissoras e os mesmos locutores poderão corrigi-los, mas como inteirarem-se eles do engano?
"Televisão a cores" faz parte da ganga impura que não encontrou bateia nem garimpeiro que a separassem da pedra rutilante. Coberta da lama da leviandade, dos cascalhos da precipitação, dos estorvos da pressa, da tapa da inconsciência, a expressão aí está, usada e já surrada nas notícias, nos anúncios, no linguajar comum... mas é impureza.
Em nosso idioma, a comunicação não é feita nem a branco nem a preto nem a branco e preto, nem a determinada nem a diversas cores, mas em branco e preto, em cores (...)».
Ler contrapontos: "TV em cores" "TV a cores".