Quanto ao plural do substantivo composto «sem-terra», venho manifestar minha discordância da opinião emitida pelo nobre professor Amílcar Caffé.
A meu ver, um neologismo deve, justamente por ser um neologismo, sujeitar-se mais ainda às regras gramaticais, e não ser incluído de imediato no rol das exceções. Isso torna mais simples o bom uso da língua. A par disso, o acréscimo do "s" é o indicativo natural para a formação do plural na língua portuguesa. Não deixam de soar estranhas (porque contrárias à índole de nosso idioma) manchetes que tais, muito freqüentes em jornais brasileiros: Sem-terra invadem área em Goiás. Policiais agridem sem-terra em Minas Gerais (note-se, neste exemplo, que até o entendimento fica prejudicado: seria um indivíduo agredido ou seriam vários?).
Convém anotar ainda que no Brasil usamos, sem traumas, os plurais "sem-vergonhas" e "sem-vergonhices".
Cf. contraponto deste texto "Os sem-terra e não os sem-terras".