Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.

Islão não é só uma religião; a "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira" traz, em segundo lugar, esta acepção, de carácter étnico: "Conjunto dos povos ou dos países muçulmanos". Portanto, não há qualquer racismo na afirmação, pelo menos não era essa a minha ideia! É interessante ainda acrescentar que a mais recente edição (1997) do "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa" escreve para definir o islame, como segunda acepção igualmente: "O mundo do muçulmano; o conjunto dos povos de c...

Por Miguel R. Magalhães

Na resposta de F.V.P.F.(cf. Respostas Anteriores), sob este título, é afirmado que o sufixo -ita tem sentido étnico, o que justificaria a sua utilização para obter o derivado de "Islão". Desculpar-me-ão, mas esta argumentação parece-me ser inaceitável, pois o "Islão", que eu saiba, não tem qualquer conotação étnica: é uma religião seguida pelas mais variadas etnias.

Concordo com a doutrina expendida pelo dr. Peixoto da Fonseca no texto aqui ao lado, mas há aqui um pequeno pormenor que é conveniente levar em conta: em "a maioria" / "a maior parte", está presente o artigo definido no singular, o que nos obriga a pôr o verbo no singular. Em 25% dos alunos ficaram em casa, não está presente o artigo definido. Se estivesse, o verbo teria de ir para o plural: "Os 25% dos alunos ficaram em casa".

Como não está presente podemos dizer "25% dos alunos ficou".

Como respondi em duas respostas anteriores ("25% dos alunos ficou em casa"), para casos análogos, sobejamente conhecidos, a "Sintaxe Histórica Portuguesa", de A. Epifânio da Silva Dias, diz que se pode (e não que se deve!) usar o verbo no plural.

Ponto prévio - Não houve qualquer atraso de Ciberdúvidas no envio da resposta à questão do Sr. Viegas Gonçalves. O que sucedeu é que eu próprio não pude responder no tempo que desejaria. Para um serviço destes, convenhamos que é preciso ser-se exigente demais...

O objectivo do meu comentário à resposta publicada em 25/11/97 ("Ciberdúvidas" nunca teve uma relação fácil com datas - o Dr. Neves Henriques terá escrito a resposta em 8/11 e sabe-se lá quando a pergunta terá sido enviada) era o de chamar a atenção para o facto de a resposta estar incompleta quer para a consulente que enviou a pergunta "...

Bem haja o consulente Carlos Ilharco pela sua observação. Está certa, mas não valia a pena eu mencionar os restantes significados de cota, porque a consulente Angelina (cf. Respostas Anteriores) só se referiu à equivalência, e não aos significados.

Obrigado pelo comentário a cota = quota.

Considerado pela interpretação dada á pergunta da consulente, a resposta está, tecnicamente, correcta.

No entanto, faltou acrescentar um dos, para mim, mais importantes significados de cota, a saber:

"Diferença de nível entre qualquer ponto e aquele que se toma para referência; distância de um ponto a um plano horizontal de projecções; medida (apontada em desenhos técnicos); cf Priberam.

Em expressão de multiplicação o gênero é obedecido. Da mesma forma com que se expressa "uma vez um" deve-se dizer "duas vezes dois", "catorze é duas vezes sete", "vinte é duas vezes dez".

O resultado da multiplicação "duas vezes dois" traz o verbo no plural: "duas vezes dois são quatro", "duas vezes dois fazem quatro", procedimento que se observa também na soma: dois e dois são quatro, dois e dois fazem quatro.

Quando afirmei (Cf. Respostas Anteriores) que se deve dizer "1,2 vezes X ou Y", não fiz uma afirmação categórica, porque terminei a resposta dizendo que "os matemáticos sabem isto melhor do que eu. Eles é que conhecem bem a linguagem da matemática". Portanto, logo que possa, conversarei com eles, depois comunicarei a conclusão a que se chegar.

Vejamos, porém, esta observação a favor de "1,2 vezes X ou Y":