O pleonasmo vicioso é um vício de linguagem que consiste numa repetição de termos ou ideias que não está ao serviço do reforço ou clarificação da mensagem. Este tipo de pleonasmo é considerado um erro de expressão, pois não acrescenta informação nova e torna a comunicação menos clara e fluida. Eis algumas construções normalmente apontadas como exemplos típicos de pleonasmo vicioso:
(1) «subir para cima» (o ato de subir já implica ir para cima)
(2) «entrar para dentro» (o ato de entrar já implica ir para dentro)
No caso particular da expressão «musa inspiradora», recordemos que o nome musa pode designar uma das nove deusas, filhas de Zeus e Mnemósine, que dominavam a ciência universal e presidiam as artes liberais e que, segundo a mitologia grega, eram, originalmente, ninfas que habitavam os bosques e as adjacências de rios e fontes1. Este mesmo nome pode também ser usado para referir «qualquer ser ou entidade, dotado de características divinas, que inspira as artes, especialmente a poesia, as letras, a literatura»1. Por seu turno, o adjetivo inspirador significa «que ou o que inspira para o trabalho artístico ou científico»1.
Deste modo, poderemos concluir que se o termo musa referir uma deusa em particular, a expressão «musa inspiradora» não será redundante. Todavia, se musa for usado na aceção mais geral, a sua combinação com o adjetivo inspiradora já será redundante, pelo que é de evitar.
Apesar do que ficou dito atrás, em contextos literários, nos quais se procura explorar a expressividade linguística, a construção «musa inspiradora» poderá não constituir um pleonasmo vicioso, sendo antes um pleonasmo estilístico utilizado para reforçar expressivamente uma dada ideia que o autor pretende veicular ou reiterar.
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