Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Variedades linguísticas
Lucas Tadeus Estudante Mauá, Brasil 1K

Gostaria de saber quando em Portugal se fala, por exemplo, "viage" em vez de viagem.

Lembro de ter visto a queda do eme em literatura mais antiga, demostrando que não é uma criação brasileira, mas que veio de Portugal.

Isto é: por que se optou por colocar o eme? De onde vem isso?

José de Vasconcelos Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 1K

No Brasil, o povo, em vez de dizer mobília, António, diz "mobilha", "Antonho", ou seja, palataliza o l e n seguidos de i, assim como o d e t.

Isso se dá também em Portugal? Há livros modernos de autores portugueses que ventilem o tema em causa?

Muito obrigado!

Guilherme Bezerra Estudante Recife, Brasil 4K

Gostaria de saber se o verbo ir pode ser conjugado como «nós imos» e «vós is/vades» no presente do indicativo.

Essas formas são aceites?

Jordan Eason Estudante Coimbra, Portugal 1K

Queria saber se uma expressão que eu vejo muito é especificamente de Moçambique ou é um erro ou dito.

A expressão combina as palavras de e na.

Aqui está um exemplo: «depois de na segunda-feira».

Sei que isso é estranho no Brasil, mas já achei alguns artigos de português europeu que usam (raramente) a expressão também.

Miguel Araújo Vendedor Matosinhos, Portugal 2K

Se alguém escrever «andaste comigo à escola?» está a cometer algum erro?

Bem sei que a expressão «andaste comigo na escola?» é mais frequente, mas a primeira sendo mais antiga está formalmente incorreta?

Obrigado.

Lucas Tadeus Estudante Mauá, Brasil 1K

Corre em Portugal usarem o pronome de caso reto ele como objeto? Por exemplo: «Eu amei "ela".»

Foi uma invenção do Brasil ou teve origens com os portugueses que cá vieram?

Matheus David Estudante Joinville, Brasil 19K

Aqui onde moro, temos o hábito de dizer: «Que que é isso?»

Gostaria de perguntar se isso está correto, a repetição do que, se há algum sentido.

(Não sei se ajudaria, mas o primeiro que é pronunciado com e fechado, já o outro como qui.)

Daniel Camargo Professor Limeira, Brasil 3K

Na região de onde sou, no interior paulista, é muito comum ouvirmos, quando em referência a um mendigo, o termo "lige(i)ra", como em «Esse lige(i)ra fica pedindo esmola sempre nessa esquina», segundo o Dicionário Informal.

De acordo com o Aulete e o Michaelis, porém, ligeiro, no papel de substantivo, é que consta como sinônimo de pedinte ou andarilho – uma verdadeira surpresa para mim, que desconhecia tal acepção. Isso me leva, então, a deduzir que "lige(i)ra" seja uma variação regional (?) de ligeiro, termo em desuso por aqui.

Nesse sentido, minha pergunta é: considerando o contexto referido, haveria ocorrências ou relatos da mesma prevalência, a de "lige(i)ra" em detrimento de ligeiro, entre falantes de outras comunidades de língua portuguesa?

Obrigado.

Nicolau Herédia Estudante Brasil 5K

De acordo com artigo de João Veloso, da Universidade do Porto, “The English R coming! The never ending story of Portuguese rhotics” (2015), como parte dum grande processo de mudança na pronúncia dos erres, o erre de palavras como carta, em Portugal, já poderia ser pronunciado como retroflexo.

Para mim, é grande novidade, pois esperava existir tal som somente no português brasileiro. Segundo ele, até há pouco tempo não se documentava essa pronúncia em Portugal, mas alguns estudos recentes e a sua própria observação linguística de jovens escolarizados do Porto demonstram que essa pronúncia cresce a cada dia. «Parece ser mais frequente entre falantes mulheres, jovens e escolarizadas do que entre homens», diz ele.

Que visão tem o Ciberdúvidas a respeito disso?

Fernando Pestana Professor Rio de Janeiro , Brasil 1K

Algumas ocorrências que encontrei de pronomes oblíquos átonos arcaicos:

«Que estais no céu, santificado... Não no disse eu, menina? Seja o vosso nome…» (Almeida Garrett)

«Ele ou é trova, ou latim muito enrevezado, que eu não no entendo.» (Almeida Garrett)

«Via estar todo o Céu determinado / De fazer de Lisboa nova Roma; / Não no pode estorvar, que destinado / Está doutro Poder que tudo doma.» (Camões)

«O favor com que mais se acende o engenho / Não no dá a pátria, não, que está metida…» (Camões)

«Ora sabei, padre Fr. João, que eu bem no supunha, bem no esperava; mas parecia-me impossível, sempre me parecia impossível que viesse a acontecer.» (Eça de Queirós)

«A culpa de se malograrem estes sublimes intentos quem na tem é a sociedade…» (Camilo Castelo Branco)

«Parentes, amigos, nem visitas nenhumas parecia não nas ter.» (Almeida Garrett)

Há alguma explicação para o uso da consoante n antes dos oblíquos átonos?

Muito obrigado!