DÚVIDAS

O Fado Tropical e a "licença poética"
O nosso querido — e genial — Chico Buarque não teria cometido um erro de conjugação no trecho abaixo de Fado Tropical? (Não tenho certeza se a letra é mesmo de Chico Buarque, e não de Ruy Guerra, mas isso não importa na presente questão.) «(...)Mas não sê tão ingrataNão esquece quem te amouE em tua densa mataSe perdeu e se encontrou(...)» Os verbos ser e esquecer não deveriam ser conjugados como sejas e esqueças, por estarem no imperativo negativo? A "licença poética" se aplica a esses casos? Grato.
Os gentílicos da Guiné, da Guiné-Bissau e da Guiné Equatorial
Em África existem três países que se chamam Guiné. Se no mesmo texto quisermos distinguir os naturais de cada um desses países, como é que é o gentílico para cada um deles? "Guinéu-equatoriano" e "guinéu-conacriano"? "Bissau-guineense" e "conacro-guineense"? Ou outra coisa do género? Obs.: a página da Mordebe não é elucidativa no que diz respeito à distinção entre um natural da Guiné-Bissau e um da Guiné-Conacri. Obrigado.
Sobre a expressão «está calor»
Devo primeiro dizer que eu não sou lusófono, não tenho formação em gramática ou linguística, e meu conhecimento do português é de autodidacta. Há uma expressão do português que me causa muita curiosidade: «está calor.» Não consigo encontrar a lógica gramatical desta oração, quiçá por interferência da estrutura do castelhano na minha cabeça. Aqui, no Ciberdúvidas, encontrei uma consulta/resposta que não conseguiu satisfazer completamente a minha curiosidade e é por isso que pergunto agora. Naquela resposta, F. V. P. da Fonseca explicava que «calor» aqui é o sujeito da oração. É possível, de acordo com a gramática portuguesa, usar o verbo estar sem complemento que dê significado a oração (que coisa é que o calor está)? Se «calor» é sujeito, porque nesta oração não se usa a ordem normal da sintaxe portuguesa: sujeito-verbo («calor está»)? Se esta forma é possível, pode-se dizer também «está escuridão»? Somente vejo uma forma na qual, para mim, a oração teria lógica gramatical: se fosse a construção perifrástica «está a fazer calor», com «calor» como complemento directo e o sujeito impessoal e o verbo fazer elididos. Agradeço de antemão a vossa paciência e a vossa resposta.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa