Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Uso e norma
Rogério Esteves Vendedor Lisboa, Portugal 21K

No final de um texto, se quiser acrescentar algo que foi esquecido de referir anteriormente, coloco PS. A minha questão é que depois disso, e se quiser acrescentar algo mais, devo colocar PPS, ou PSS? Apenas encontrei dicionários ingleses a referir que ambas as formas são utilizadas, mas gostaria de saber qual a norma (se é que ela existe) em português.

Obrigado.

Diogo Lopes Estudante Grenoble, França 6K

Dou desde já os meus parabéns à equipa do Ciberdúvidas, pelo excelente site que mantêm.

A minha pergunta é sobre o soneto de Camões «Na desesperação já repousava», mais especificamente sobre a segunda quadra (só esta transcrevo pois parece-me que, em termos de significado, ela se basta a si própria ):

Quando uma sombra vã me assegurava
Que algum bem me podia estar guardado
Em tão fermosa imagem, que o traslado
Na alma ficou, que nela se enlevava.

Não percebo a que se referem os dois últimos «que»: qual deles faz parte da locução comparativa «tão... que»? Qual o sujeito de «... que nela se enlevava»?

Obrigado.

José Fernandes Estudante Braga, Portugal 3K

É possível duas pessoas estarem a conversar e uma delas dizer «Isso não depende de ti», sem se estar a referir à segunda pessoa? Ou seja, ela está sim a referir-se a si próprio, como que a fazer uma introspecção.

Sei que é uma pergunta estranha...

Obrigado.

Luciano Eduardo de OIiveira Professor Brno, República Checa 18K

Descobri que em Portugal também se escreve estômago, como no Brasil, e não "estómago", como eu imaginava comparando com quilômetro/quilómetro, econômico/económico, etc. Noto que como nas outras duas palavras que apresentei o som o vem antes do m. Por que será que estômago é estômago em Portugal e não "estómago"? Poderiam dizer-me que é assim que se pronuncia, mas então por que não se pronuncia quilômetro e econômico com o o aberto?

Como curiosidade, deixo-lhes o comentário que na escola aprendemos a escrever quilômetro com acento circunflexo, mas muitos, talvez a maioria dos brasileiros nascidos de São Paulo para baixo (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) pronunciam tais palavras com o aberto.

Obrigado por nos proporcionarem este maravilhoso espaço.

Ana Almeida Professora Angra, Portugal 84K

Por motivos profissionais, tenho de proceder à análise de ofícios, de forma a uniformizar a redacção dos mesmos. Assim, constatei que, ao ter de utilizar um possessivo na sequência do emprego de «V. Ex.ª», há quem opte por «v/», enquanto que outros optam por «seu». É o que acontece, por exemplo, no seguinte caso: «Em resposta ao v/ ofício (...) informo V. Ex.ª que o parecer solicitado é favorável.» Creio que seria mais correcto utilizar seu», já que é o pronome possessivo correspondente à terceira pessoa, mas não sei se a utilização da outra fórmula é também legítima.

Agradeço desde já a vossa resposta.

Tiago Geraldo Advogado Lisboa, Portugal 5K

Como devo dizer: «Este acto é idóneo a produzir o resultado x», ou «Este acto é idóneo para produzir o resultado x»?

Muito obrigado desde já pela vossa ajuda e, aproveito para acrescentar, pelo óptimo trabalho.

Nuno Lisboa Publicitário Lisboa, Portugal 12K

Tenho procurado solução para uma dúvida e nada encontro que me dê resposta científica.

Diz-se na oralidade «tenho falado em ti» mas parece-me que o correcto será «tenho falado de ti». Afinal, «falar em» não deveria apenas ser usado para «falamos em inglês», ou «falei em Benfica» (porque estava em Benfica a falar)?

Em não se refere sempre a um local ou um modo?

«Falar de Benfica», sim, será falar sobre Benfica, certo?

Isto leva-me, então, à questão final. Na frase «Ele quer ir almoçar convosco, está sempre a falar...», deve usar-se «falar disso» ou «falar nisso»?

O nisso não deve aplicar-se apenas a um local ou modo?

Obrigado pela atenção.

Paulo Ferreira Gestor Coimbra, Portugal 6K

Apesar de nenhuma das soluções me agradar, gostaria de ter a vossa opinião/ajuda para a tradução de compacité:

"compactidade" — (forma preconizada anteriormente, aqui no Ciberdúvidas, por F. V. Peixoto da Fonseca);

"compacticidade" — (termo sugerido [pasme-se!] pelo Google);

"compacidade" — (termo dicionarizado pelo Houaiss, que, inclusive, remete para formas semelhantes, como opacidade).

“Compactidade” é uma forma que me soa estranha e que apenas tem 1 ocorrência em todos os corpos de língua portuguesa da Linguateca (na secção automóvel do Público). O googlianismo “compacticidade” tem um quê de monstruoso (2 ocorrências na Linguateca). "Compacidade" (6 ocorrências) parece-me a menos má e menos áspera das três formas. [O Google Livros revelou igualmente uma utilização muitíssimo residual dos dois primeiros termos].

Voltando ao início, nenhuma das formas me seduz, mas não tenho como escapar à utilização de uma delas na tradução que tenho em mãos. Como se trata de uma frase que terá ampla divulgação, as formas “compactidade” e “compacticidade” não me parecem uma boa solução, pela pouca frequência do seu uso. Por outro lado, a única forma que considero sofrível, leva com um cassetete de F.V.P.F, que a considera um «galicismo que se deve evitar»...

Ramiro Patrocínio Estudante Viseu, Portugal 6K

Eu queria saber o que era o tempo histórico em contexto da língua portuguesa.

Ney de Castro Mesquita Sobrinho Vendedor Campo Grande, Brasil 18K

Pelo o que tenho podido observar, o fonema /j/ da nossa língua portuguesa, escrito com a letra j antes de qualquer vogal e com a letra g antes de e e i, parece ser bem raro nas línguas do mundo. Além do nosso idioma, apenas a língua francesa aparenta possuí-lo, até onde sei.

Da letra j, o que se pode dizer é que ela está presente na ortografia de várias línguas, mas não representa o fonema em apreço. Em inglês, esta letra tem o som de /dj/; em castelhano, o de /rr/; em latim, ao que parece o tardio, o de /i/.

Feitas estas considerações, gostaria que me esclarecessem se o mencionado fonema é mesmo raro nas línguas do mundo, e se são realmente apenas o português e o francês que o têm inserido nos seus sistemas fonéticos. Caso ele ocorra em outros idiomas, poderiam elencar todos em que este fonema aparece?

Muito obrigado.