Penso que o castelhano pijo tem por equivalente beto ou betinho, em português europeu.
No Grande Dicionário da Língua Portuguesa (GDLP), da Porto Editora, regista-se beto como coloquialismo que significa «jovem bem-comportado, geralmente um pouco presumido», o que parece indicar que o termo designa mais um tipo psicológico do que um tipo social. No entanto, Afonso Praça, no seu Novo Dicionário do Calão (Lisboa, Casa das Letras, 3.ª edição, 2005), vai um pouco mais longe e define beto como um tipo social:
«Rapaz muito certinho, pelo menos na aparência, e oriundo de boas famílias. De um modo geral, é conservador, de direita, não falta às aulas, cumpre as suas obrigações escolares, é respeitador, não faz noitadas e gosta de vestir roupas de boas marcas.»
Ocorrências da palavra em corpos textuais confirmam um uso referente a estatuto social, como acontece na seguinte passagem (entrevista a Daniel Sampaio publicada no jornal Público de 22/05/1994), extraída dos corpos textuais disponíveis na Linguateca (ACDC):
«P. – "Betos" é uma designação de comportamento, ou é uma designação de classe?
R. – É as duas coisas. O comportamento dos betos está relacionado com uma classe social. São das classes sociais mais altas e têm determinados comportamentos característicos, preocupam-se com festas, com aparecerem em revistas, com a maneira de vestir...»
Assinale-se que, nesta definição, não se sublinha o bom comportamento assinalado pelo GDLP e por Afonso Praça. De qualquer modo, de acordo com a minha experiência de falante da zona de Lisboa, beto e a forma de feminino beta designam jovens e menos jovens das classes mais altas ou que têm pretensões a sê-lo; o que não exclui o emprego de snob (mais no português euorpeu) ou esnobe (mais no português do Brasil).
Sobre a origem do termo beto, nada se sabe de concreto, embora se possa assinalar a existência, como hipocorísticos, de Beto (de Alberto, Norberto ou Roberto) e Beta (de Isabel ou Elisabete).