Sei que este espaço é um espaço dedicado à língua portuguesa, mas já li em muitos dos vossos artigos referências a transliterações ou traduções de línguas estrangeiras. Assim, e não querendo abrir precedentes para vós indesejáveis, rogava-vos veementemente apenas que me atestassem que «vera veritas» em latim é uma tradução aceitável para «a verdade verdadeira».
Segundo o Dicionário Português-Latino, da autoria de Francisco Torrinha, e do Dicionário Latino-Português, da autoria de Santos Saraiva, arminho se traduz em latim por mus ponticus, literalmente «rato pôntico», isto é, rato da região do Ponto, Ásia Menor, a cuja fauna ele pertence. Apesar do nome, não se trata de um rato, mas de um mustelídeo. Certamente essa denominação latina deve-se ao fato de que, na imaginação dos romanos, o arminho, pelas suas formas físicas, fazia lembrar de um rato.
Por outro lado, os hodiernos dicionários da língua portuguesa dizem que a palavra arminho é proveniente da locução latina armenius mus, literalmente «rato armênio», certamente pelo fato desse animal fazer parte também da fauna da Armênia, país lindeiro com a sobredita região do Ponto. Embora os dicionários nada digam sobre a evolução da expressão, suponho que o segundo elemento da mesma, “mus”, desapareceu em algum momento, restando apenas o primeiro, “armenius”, o qual, ao longo dos séculos, evoluiu até tomar a forma atual, arminho.
Esta última denominação latina, “armenius mus”, não figura em nenhum dos dicionários latim-português e vice-versa que pude consultar, que, aliás, me parecem ser basicamente do latim da Antiguidade mais recuada, isto é, de alguns séculos antes de Cristo até os três primeiros séculos da nossa Era, o que me faz pensar que a razão dessa ausência se deve ao fato de que a expressão “armenius mus” talvez não seja desse período, mas de uma época posterior, de um latim tardio, da fase final da Idade Antiga (séculos IV ou V), talvez até mesmo medieval, uma vez que na Idade Média o latim continuava a ser usado em diversas atividades humanas, embora não fosse mais falado por nenhum povo no cotidiano.
Assim sendo, indago-vos se armenius mus, origem da nossa palavra arminho, é mesmo um latim tardio, quiçá do Medievo ou não.
Habituei-me a ouvir, em Coimbra, a seguinte expressão «Não consigo com este peso» (em substituição de «Não posso com este peso»). Eu própria a utilizei e fui corrigida, o que agradeci.
No entanto, pedia o favor de me indicarem se a expressão está realmente incorrecta.
Não encontro nos dicionários a palavra "desinformador". No entanto, encontro desinformar. Se existe informador, formado presumivelmente a partir de informar, por que razão não se poderá usar desinformador?
Em inglês, o termo que designa a discriminação contra as pessoas com incapacidade (mental ou física) é ableism. Será que é adequado usar o termo "ableísmo" em português?
Qual é a forma mais correta de dizer: «em vista de», ou «em vista a»? A locução «com vistas em» pode ser empregada no mesmo contexto?
Fala-se em «investigação translacional», no sentido de, por exemplo, aplicar resultados de investigação básica à investigação clínica, e vice-versa. O termo translacional existe? Como se deve dizer, com aquele significado e falando da mesma coisa?
Como pronunciar as palavras da família de cova, como covinha, coval, encovar? Na minha zona, ouço dizerem-nas sempre com o aberto. Tenho ouvido, porém, a maior parte dos corais cantar Fernando Lopes-Graça com o som u em coval, naquela canção das Heróicas, em que se fala de «os nossos heróis que dormem nos covais».
Agradeço a vossa sábia opinião.
Agradeço a gentileza de me esclarecerem acerca de seguinte: ontem, durante a emissão de um programa realizado em Bragança, terra de fragas e fraguedos, a apresentadora Fátima Campos Ferreira, ao caraterizar a morfologia desta zona do país, referiu as «fráguas» deste «reino maravilhoso», em vez de «fragas». Conheço aquele termo desde os meus longínquos 16 anos, quando topei com ele no teatro vicentino. Para meu espanto, o Dicionário Houaiss apresenta frágua também com o valor de fraga. Tendo estas duas palavras origem tão diferenciada, como se pode explicar que se equivalham? Bem sei que a língua tem destas coisas... Mas a apresentadora não o disse apenas uma vez, e pareceu-me muito convicta. Preciosismo?
Bem hajam.
Antes de mais, muito obrigado pelo vosso excelente serviço.
Aqui no Algarve utiliza-se o termo "besaranha" para designar um vento forte e desagradável. Podem ajudar-me a perceber a sua origem e grafia correcta, com s ou com z?
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