Apesar de não se encontrar no dicionário a palavra que menciona, não há nada que impeça o seu uso, por exemplo, numa frase como «tornou-se gritante o papel desinformador de certos meios da comunicação social», se com ela se pretender negar ou contestar que a comunicação social esteja globalmente a exercer de facto o seu papel informador. A consulente não pode, portanto, inferir da ausência deste ou daquele item lexical num dicionário que daí decorre a impossibilidade de usar tais palavras — muitas vezes trata-se simplesmente de lapso ou da consequência dos critérios de seleção do vocabulário a incluir num dicionário.
Deve insistir-se que os dicionários não têm de incluir todas as palavras, em todas as formas possíveis e em uso; existe mesmo a tradição de não incluir certas palavras derivadas, cujos prefixos ou sufixos são muito produtivos. Sobre a maneira como os dicionários revelam critérios de economia na definição da lista de entradas (nomenclatura), comenta Margarita Correia em Os Dicionários Portugueses (Lisboa, Editorial Caminho, 2009, pág. 89):
«[...] [O]s dicionários não contêm normalmente as formas flexionadas das palavras, com excepção, em alguns casos, das flexões irregulares (como as flexões de alguns nomes terminados em -ão). Assim sendo, justifica-se que, tendo de deixar algumas palavras de fora, as primeiras a serem sacrificadas sejam aquelas que têm categoria, significado e usos altamente previsíveis a partir da sua estrutura interna. Exemplos de palavras deste tipo são os advérbios derivados com o sufixo -mente sobre a forma de feminino dos adjectivos, os adjectivos que provêm de formas de particípios passados verbais, muitos adjectivos construídos com os sufixos -vel e -nte sobre temas dos verbos, assim como muitas palavras derivadas por prefixação com os prefixos anti-, pró-, pré-, super-, entre outros.»
Dado que o prefixo des- é considerado bastante produtivo (cf. M.ª H. Mira Mateus et al. 2003, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 965), como são os prefixos acima referidos, é, pois, de compreender que desinformador não tenha forçosamente registo lexicográfico.