Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório
Grace Montenegro Enfermeira Porto, Portugal 587

Votos de bom trabalho para toda a equipa do Ciberdúvidas, que tanto nos ajudam!

Tenho uma dúvida quanto ao verbo sair. Procurei se o mesmo se rege por alguma preposição, porém, não encontrei.

Na frase:

«Ao chegar a Campanhã, Carla pegou na maleta e saiu ao exterior /ao cais.» (referindo-se a uma passageira de um comboio).

O uso desta contração a+o está correto? Ou deveria ter-se empregado a preposição para?

«Ao chegar a Campanhã, Carla pegou na maleta e saiu para o exterior/ para o cais.»

Para mim, que não sou portuguesa nativa, muitas normas gramaticais deste tão bonito idioma geram-me imensas dúvidas.

Agradeço a vossa resposta.

Miguel Campos Funcionário Público Porto, Portugal 1K

Venho por este meio tirar uma dúvida quanto à forma correta de escrever o verbo "dar" numa frase escrita que encontrei:

«Se tiveres que dar os passos certos, DÁ-OS convictamente.»

Nesta frase, "DÁ-OS" está bem escrito ou deveria ser "DÁ-LOS"?

Agradeço desde já, o vosso esclarecimento a esta questão com a respetiva explicação para o uso correto do verbo dar nesta frase!

Amanda Marques Tradutora Rio de Janeiro, Brasil 456

Por diversas vezes já me deparei com as formas «desprezar a» e «desprezar aos», inclusive em escritores célebres, muito embora tenha aprendido que o verbo desprezar, em língua portuguesa, é transitivo direto. Portanto, as formas supracitadas com a preposição estariam incorretas ou seriam um galicismo a partir da forma francesa «mèpriser à/aux»?

Muito obrigada!

Filipe Miranda Bancário Luanda, Angola 972

Tem havido constantes discussões entre angolanos e brasileiros nas redes sociais, aqueles corrigem estes, afirmando ser errado dizer-se «na Angola», sendo o certo, «em Angola». Face ao exposto, eis as minhas questões?

1. Qual é a forma correcta segundo as normas portuguesa e brasileira, respectivamente?

2. Caso seja incorrecto do ponto de vista gramatical, este desvio, por assim dizer, por ser extremamente comum entre os brasileiros, pode ser considerado correcto segundo à norma brasileira? O que se pode dizer do ponto de vista normativo e do ponto de vista descritivo?

3. O que se pode dizer do ponto de vista sociolinguístico?

Obrigado.

Lúcia Donizetti Modesto Professora Nova Andradina, Brasil 583

Sabemos que «através de» deve ser usado somente no sentido de transversal.

Por exemplo: «vi a criança através da janela».

Mas tive uma dúvida, então eu gostaria de saber se é correto se dizer:

«Isso nos convida a louvar ao Senhor através da música.»

Pergunto porque subentende-se que o som atravessa o aparelho seja rádio, seja TV ou outro.

Muito obrigada!

Susana Salomé Vieira Pereirinha Tendinha Professora Portimão, Portugal 688

Tenho encontrado em vários registos escritos, nomeadamente na imprensa, a expressão «deu aval positivo».

Pergunto-me se não será uma redundância evitável, na medida em que «dar o aval» já pressupõe autorizar ou concordar e ninguém dá aval negativo.

Agradeço, desde já, o esclarecimento.

Aléxi Dinn Professor Moscovo, Rússia 404

Aproveito essa oportunidade para agradecer a toda a equipa do Ciberdúvidas o trabalho que têm desenvolvido incessantemente ao longo dos anos. A plataforma tornou-se um recurso mais que valioso para muitos seguidores da lusofonia e, sobretudo, permitam-me aqui uma nota, um meio de preservação e pesquisa de particularidades que destacam precisamente o português de Portugal, bastante e imerecidamente preterido hoje em dia em materiais didáticos estrangeiros e pela Internet fora.

Ao assunto.

1. Apareceu-me uma frase:

«[O sobrinho]… respondeu-me com o braço por cima dos meus ombros, cresceu quase meio metro a mais do que eu e tem gosto em sentir que nos protege (...)» (P., 18/08/24, por B.W.).

Embora eu tenha visto tal uso diversas vezes em edições precolendas portuguesas (Público, etc.), ouvido estar em plena circulação no português do Brasil e tenha sido o fenómeno registado em:

1. Dicionário Priberam

e 2. Infopedia – nos exemplos não verificados pelos editores e na descrição do verbete, sempre me deixa em dúvida a "convivência" das duas expressões, a meu ver, distintas: «qualquer coisa mais (do) que qualquer coisa» e «qualquer coisa a mais».

Na maioria esmagadora dos resultados que obtive ao pesquisar, a preposição a surgia na formação «a mais do que qualquer coisa», enquanto a regência verbal («... corresponde a mais do que metade...») ou nominal («referência/algo referente a mais do que...»), e não como parte da locução comparativa única. Ou, se ocorria «a mais», era seguida de um ponto final: «tantas vezes a mais»; «uns anos a mais»; «ficou com moedas a mais», etc. O mesmo acontecia a «a menos».

Se bem que isto não pareça apresentar uma agramaticalidade, se tanto, será que se precisa de a em «a mais do que» do exemplo exposto?

Em tese, podia (ou devia?) ser algo como: «...cresceu mais alto (do) que eu, ficou com meio metro a mais [ponto final]»?

Haverá cambiantes de acepção ou estilo tanto no contexto do português de Portugal como no âmbito brasileiro?

 Obrigado.

Darinka Kircheva Tradutora Sófia, Bulgária 337

Qual é o significado das expressões «criar cama» e «ganhar cama» usadas em Húmus de Raul Brandão, terceira edição:

«As paixões dormem, o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. Só eu me afundo soterrado em cinza. Terei por força de me habituar à aquiescência e à regra? Crio cama e todos os dias sinto a usura da vida e os passos da morte mais fundo e mais perto. ... e finjo, e o sorriso acaba por ganhar cama, a boca por se habituar à mentira...»

Agradecia a ajuda

Paulo Lima Professor Portugal 488

Gostaria de saber qual o fundamento para a utilização dos adjetivos arbitrário e discricionário como semanticamente diferentes, quando os dicionários lhes dão significados idênticos.

Obrigado.

Leonardo Pinto Silva Tradutor São Paulo, Brasil 494

Os sete livros que compõem a obra-prima do norueguês Jon Fosse saíram em Portugal com o título Septologia, e não "Heptalogia", como seria a forma mais comum de se referir a uma coletânea de sete unidades.

Pesquisei bastante e tudo a que cheguei em relação ao radical septo- aponta para acepções anatômicas ou biológicas, não numéricas.

O que teria levado a prestigiosa editora que lançou o volume a optar por esse título?

Agradeço a atenção da resposta.