O constituinte «a milhares de olhos» desempenha a função sintática de complemento oblíquo.
O verbo chegar pode, entre outras possibilidades, ser usado como intransitivo ou como transitivo indireto.
Em (1) exemplifica-se o uso como intransitivo, no qual o verbo tem o sentido de «ter início»:
(1) «Chegou a primavera.»
Em (2), exemplifica-se o uso como transitivo indireto, no qual o verbo tem o sentido de «atingir o fim de uma deslocação»:
(2) «Ele chegou a casa.»
Neste último uso, o complemento oblíquo do verbo chegar tem, muitas vezes, um valor locativo. Todavia, este valor pode ser assumido metaforicamente por constituintes de outra natureza. É o que acontece no caso em apreço.
A presença de um complemento oblíquo também poderá ser identificada pelo teste de focalização:
(3) «O que é que ele fez a milhares de olhos? – *Chegou.»
(4) «O que é que ele fez? – Chegou a milhares de olhos.»
A inaceitabilidade da resposta em (3) mostra que o verbo chegar precisa de ter perto de si o constituinte «a milhares de olhos», como acontece em (4), o que nos leva a concluir que este constituinte é seu complemento.
Disponha sempre!
* assinala a aceitabilidade da resposta.