Sempre tive imensa curiosidade em saber ao certo o porquê das letras consoantes dobradas na antiga ortografia da língua portuguesa, mas nunca obtive uma explicação completa. Parece-me que se trata de uma herança que recebemos do latim, o qual, por sua vez, teria recebido tal uso da língua grega, sendo, aliás, esta prática possivelmente uma invenção dos gregos.
Percebo que, muito freqüentemente, nas palavras do nosso idioma na grafia antiga, as consoantes dobradas vinham imediatamente após a sílaba tônica, talvez para indicar a tonicidade da mesma. Se é verdade, então nesse caso os caracteres repetidos faziam as vezes dos acentos gráficos. Observo que as letras mais repetidas eram "l", "n" e "t", mas também "b", "c", "f", "m", "p", etc. No Brasil, ainda hoje, muitos apelidos portugueses conservam a grafia antiga, sendo escritos Mello, Senna, Mattos, etc. Já as palavras comuns ajustaram-se todas à nova ortografia.
Casos existiam, no entanto, em que o caractere repetido antecedia a sílaba tônica da palavra ou fazia parte dela (Affonseca, commercio).
Esclareço que o caso acima mencionado não é o dos dígrafos (rr, ss) nem daqueles em que a letra dobrada é efetivamente pronunciada duas vezes, pois representa dois fonemas iguais repetidos (faccioso, ficcional, friccionar, etc.), mas sim daqueles casos em que a letra dobrada se lê apenas uma vez. Por exemplo, naqueles tempos, escrevia-se "sacco", mas lia-se "saco", sendo, portanto, o "c" pronunciado uma só vez, embora estivesse escrito duas.
Vós, cultos e preparados consultores do Ciberdúvidas, poderíeis dar-me uma orientação segura sobre este assunto aqui ventilado?
Muito obrigado.
Em 2005, fiz uma consulta ao Ciberdúvidas a respeito de alguns termos de Geografia, estando entre eles a palavra "salar". A resposta veio, a 20 de maio daquele ano, sendo da autoria do ilustre e douto consultor Carlos Rocha, o qual, entretanto, não disse nada acerca de "salar".
Ontem, sexta-feira, 24 de outubro de 2008, a maior rede de televisão do Brasil apresentou, em um programa televisivo tradicional de reportagens especiais que vai ao ar sempre às sextas-feiras à noite, uma bela reportagem sobre a Bolívia, país pobre sul-americano, mas rico em termos de tradições, cultura e "salares". Estes últimos são imensos depósitos naturais de sal a céu aberto, verdadeiros desertos que, em vez de serem constituídos de areia, são constituídos de sal. Eram, em priscas eras, lagos salgados que secaram.
Isto acendeu de novo em mim a curiosidade a respeito da palavra "salar", a qual não encontrei em nenhum dicionário da língua portuguesa que consultei. O que gostaria de saber é o seguinte:
a) a sua etimologia;
b) se a mesma pertence ou não à língua portuguesa;
c) o termo português que lhe corresponde, caso "salar" não seja do nosso idioma;
d) se foi formada à maneira de "glaciar", como parece;
e) se designa apenas os referidos acidentes geográficos encontráveis na Bolívia ou se se aplica a outros iguais ou semelhantes em outros países, até mesmo nos que ficam fora da América do Sul.
Muito obrigado.
Domino o português como língua estrangeira. Há algum tempo, procuro entender as frases com gerúndio a partir de um ponto de vista pragmático, isso quer dizer que, sem cair no estudo da nomenclatura para diferentes orações subordinadas (onde o gerúndio se mostra importante), parto para o estudo simples do significado de cada oração com gerúndio que encontro. E eis que uma frase interessante cruzou o meu caminho, cito-a dentro do contexto:
«Turistas, há poucos na semana, só o suficiente pra dar ao pessoal que vive de conduzir charretes algo que fazer. Quase não se nota sua presença, tirando fotos e almoçando peixe frito.» (Paraíso em cativeiro, Cecilia Giannetti, Folha de São Paulo, C2, 21.10.2008)
O texto evidentemente está escrito em estilo não formal, como é indicado pela forma "pra" em vez de para.
Mas mesmo assim o uso do gerúndio aqui me intriga e me instiga. O que se quer dizer aqui me parece ser o seguinte: «Quase não se nota a presença dos poucos turistas que costumam tirar fotos e almoçar peixe frito.»
Mas a frase «Quase não se nota sua presença, tirando fotos e almoçando peixe frito» parece então recorrer ao gerúndio para referir-se a um substantivo («os turistas») de uma frase anterior. Mesmo sendo um estilo coloquial, toda a forma de "referenciar as coisas" nesta frase me parece um pouco solta, irregular e confusa demais? Ou estou eu errado, e esta frase está corretíssima no que tange os gerúndios e sua função sintática?
Quais as palavras da família de chuva?
Existe "conceitualizar"?
O FLIP [coorector ortográfico] diz que "conceitualiza" é presente do indicativo de "conceitualizar". Mas "conceitualizar", diz que não existe!
A palavra oxítona será heterológica?
Obrigado.
Gostaria de saber o aumentativo e o diminutivo das palavras abelha, dado, índio, rádio, uva, violão e xícara.
Grata.
A minha filha chegou a casa com o seguinte exercício de Português:
«Transforma os nomes concretos em abstractos:
Ex. É um nobre — Nobreza
É um amigo... »
Ou seja, é possível transformar nomes concretos em abstractos? Nestes casos, não se tratará de adjectivos?...
Obrigada pela disponibilidade.
Gostaria de saber a divisão silábica de países.
Obrigado.
Em relação à expressão «em claro fenómeno de "locus de controle externo"», o que se pode depreender da mesma?
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