Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Sara Santana Docente Grândola, Portugal 3K

Um aluno meu escreveu a seguinte frase num exercício sobre reclamação num restaurante:

«... Por favor senhor, mais valia que não me perguntasse nada. O peixe foi muito salgado e em cima de tudo tive a impressão que o peixe não cheirasse bem. Que pena que houvesse areia na salada!»

Segundo o que eu considero correto, corrigi os verbos para: «... O peixe ESTAVA muito salgado e em cima de tudo tive a impressão que o peixe não CHEIRAVA bem. Que pena que HAVIA areia na salada!»

Em relação ao primeiro verbo o aluno entendeu: optamos por estar em vez de ser porque é uma situação temporária. Mas em relação aos outros dois verbos, ele colocou no imperfeito do conjuntivo porque ele «teve a impressão», ou seja, como é uma suposição e não uma certeza, na opinião do aluno tem de ser no conjuntivo e não no indicativo.

Contudo, eu não acho que esse modo verbal fique adequado nas frases mencionadas. É válido também o uso do pretérito imperfeito do indicativo para expressar suposições?

Como posso explicar isso aos alunos?

Fico muito grata pela vossa ajuda!

Mónica Isabel Domingues Gonçalves Estudante Tavira, Portugal 2K

Na frase «Talvez o conhecimento de tantos poemas lindíssimos de amor que escreveu despertasse o interesse de milhões de alunos para a obra maior da nossa literatura», a expressão «a maior obra da nossa literatura» é uma referência a Os Lusíadas.

Estamos perante uma referenciação anafórica por substituição ( sinonímia) ou conceptual?

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo), Brasil 1K

Um antigo estúdio de animação americano era chamado de Filmation (Associates)...

Daí, fazendo busca no Google, eu mesmo encontrei, em alguns dicionários, "filmação" (em português), "filmation" (em inglês) e "filmación" (em espanhol) [tudo isso com inicial minúscula...]!

A questão é: "filmação" já existe oficialmente como parte da língua portuguesa? E, caso sim, é um neologismo?

Por favor, muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Maria Cecília Lopes Mendes Professora Castelo Branco, Portugal 1K

Na frase «Mas todos nós podemos fazer algo para prevenir este tipo de crime», o segundo elemento «para prevenir este tipo de crime» pode-se classificar como uma oração subordinada adverbial final ou como substantiva completiva?

Se se verificar o primeiro caso, a oração desempenha a função sintática de modificador; se por outro lado, se verificar o segundo, a oração tem a função sintática de complemento oblíquo, certo?

Agradecia um esclarecimento.

Giovanna Anahí Revisora São Paulo, Brasil 942

Em uma frase nominal como "a duração do contrato de 2 anos", sabe-se, creio, que "do contrato", em relação com "duração", é um termo que exerce a função de adjunto adnominal.

Porém, hoje, peguei-me pensando que não sei qual é exatamente a função do termo composto que o procede, que é "de 2 anos", com relação a "do contrato" Isto é: relacionando-os, "do contrato" e "de 2 anos", poderemos dizer que este último é o adjunto adnominal do primeiro?

Neste caso, e em casos semelhantes, como fazer a análise?

Agradecida eu fico.

Maria Rodrigues Professora Lisboa, Portugal 827

Agradecia que me indicassem a função sintática do constituinte «no Grande Canal», na frase «A igreja de Longhena , no Grande Canal, perderia a sua presença altiva [...] se os edifícios modestos [...] fossem substituídos por blocos de escritórios de betão armado».

Agradeço mais uma vez a vossa disponibilidade.

Jorge Santos Técnico superior Lisboa, Portugal 5K

Uma colega perguntou-me se conhecia a expressão «Pensas que sou da Lourinhã?», no sentido de «Pensas que sou estúpido?» ou «Pensas que sou parvo?». Desconhecia.

A mesma questão foi colocada por ela a vários outros colegas e a maioria conhecia a expressão.

Numa pesquisa breve na Internet encontrei uma explicação a que não sei se atribua crédito ou não e que radica a origem da mesma no desaparecimento, nos anos 30 do século passado, de um cão de grande porte de uma casa senhorial na Lourinhã, a que seguiram diversas mortes de ovelhas, coelhos e galinhas, falando-se mesmo em vitelos e até num burro, atribuídas ao cão. Havia quem lhe chamasse «a loba» ou «raposa». Deu-se caça ao animal e quando o mesmo foi abatido, constatou-se tratar-se «apenas de uma cadela». Ou seja, ter-se-á caído num logro. Alegadamente, a expressão terá advindo daí.

Podem, por favor, na medida do possível, confirmar a existência da expressão e a sua origem?

Obrigado.

Humberto Lopes Reformado Porto , Portugal 581

Antes de mais, obrigado e felicitações pelo vosso inestimável trabalho.

"Porto Novo", a capital do Benim, escreve-se com hífen ou sem?

Na entrada respectiva da Infopédia aparece indiscriminadamente das duas formas. Outras consultas foram igualmente inconclusivas.

Muito obrigado.

Maria João Carvalho Professora Lisboa, Portugal 1K

No título "Amor de perdição: um bom romance canonizado pelas razões erradas", retirado de Luís Miguel Queirós in https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/amor-de-perdicao-um-bom-romance-canonizado-pelas-razoes, o ato ilocutório, se bem que expresse uma opinião do autor, não será assertivo, pois não apresenta um estado de espírito do locutor, mas sim afirma o que o mesmo pensa do romance?

Quanto muito, pelo que investiguei, os adjetivos "bom" e "erradas" retiram alguma força de assertividade ao ato?

Grata pela atenção.

Pedro Machado Desempregado Braga, Portugal 10K

Conheço a expressão «círculo vicioso», «circularidade» ou «petição de princípio», sendo uma falácia da lógica informal, em que se parte de A para concluir A. No entanto, a propósito de terem criticado a sua teoria institucional da arte por ser circular, George Dickie alude a um «círculo virtuoso», expressão que desconheço.

O que é um «círculo virtuoso» e em que medida se distingue de um «círculo vicioso»?