DÚVIDAS

Gerúndio: «qual fantasma, os olhos cintilando no escuro»
Gostaria de saber se, em bom estilo literário de língua portuguesa, são aceitáveis construções como as que seguem (refiro-me às orações [que finalizam as frases], com o gerúndio, tão comuns no inglês): «O matuto ficou ainda um instante perto da vítima, qual fantasma, os olhos cintilando no escuro.» «Tito ia à frente, seguido dos companheiros, os punhais cintilando na escuridão.» Se possível, poderiam dar-me exemplos tirados dos melhores autores? Agradecido desde já.
O nome pilrito
O termo pilrito designa várias espécies de aves aquáticas da família dos escolopacídeos. Contudo, na bibliografia ornitológica mais antiga (anterior a 1960) aparece invariavelmente a grafia pirlito. Fica a sensação de que em determinada altura o termo original pirlito foi corrompido e deu lugar a pilrito. Poderá ter-se dado o caso de ter sido uma corruptela acidental que acabou por se tornar a norma? Gostaria de obter o vosso parecer acerca desta situação. Obrigado.
O verbo significar seguido de oração subordinada
Quanto mais estudo sobre modos verbais, mais tenho dúvidas sobre questões que parecem simples, especialmente o subjuntivo. 1) «Estudei física, mas isso significa que eu conheço todas as fórmulas?» 2) «Estudei física, mas isso significa que eu conheça todas as fórmulas?» Qual frase está correta? A 1 soa mais certa quando a digo em voz alta, porém, como a frase expressa dúvida, a 2 parece estar sintaticamente correta. Grato pela ajuda.
Pronomes átonos e os verbos esperar e morder
«Não sabia o que lhes esperava» ou «Não sabia o que as esperava»? «Não lhes mordia» ou «não as mordia»? A minha dúvida prende-se, não só mas também, com o facto de me parecer que no primeiro caso deve ser «as esperava» e no segundo «lhes mordia», sem no entanto saber o motivo pelo qual não deve ser idêntico em ambos os casos? Ou deve mesmo ser idêntico? Obrigado.
A construção «entende-se por»
Escrevo para tirar uma dúvida sobre a forma mais apropriada de interpretar a expressão «entende-se por» em períodos como este: «Entende-se por poder de polícia a atividade que regula uma prática.» Nesse tipo de período, a partícula se está marcando um caso de voz passiva ou de sujeito indeterminado? A presença da preposição por parece apontar para sujeito indeterminado, mas o verbo entender pode ser transitivo direto e indireto e há um sintagma não iniciado por preposição («a atividade que...») que poderia fazer o papel de sujeito da passiva, ainda que não venha logo após a partícula. Por outro lado, montar essa frase com o possível sujeito na posição que habitualmente ocupa em passivas sintéticas me parece pouco natural («Entende-se a atividade que regula uma prática por poder de polícia»), fora a questão de que, nas construções passivas, a preposição por costuma introduzir agente da passiva, mas esse não é o caso em períodos que usam «entende-se por». Essa dúvida surgiu no trabalho, quando estávamos discutindo se o verbo entender deveria ir para a terceira do plural em um caso como este: «Entendem-se por poder de polícia as atividades que regulam uma prática.» Obrigado.
Repetição de palavras, gramaticalidade e estilística
Estou no ensino médio e desenvolvi interesse por língua portuguesa, porém, uma dúvida surgiu em minha mente: é gramaticalmente correto repetir preposições, artigos e pronomes na mesma frase? Por exemplo: "Ele comprou um presente para levar para a festa surpresa." (Repetição da preposição "para") "O aluno entregou o projeto, e o professor se surpreendeu." (Repetição do artigo "o") "Eu gosto de ler, e quando leio, eu aprendo algo novo." (Repetição do pronome "eu") Consegui pensar somente nesses exemplos. Isso é considerado aceitável na gramática portuguesa ou um erro que deve ser evitado? Agradeço antecipadamente pela colaboração e esclarecimento sobre a questão.
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