Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: advérbio
Sílvia Loureiro Administrativa Porto, Portugal 39K

A palavra sim tem plural? Se sim, qual é?

Sandro Almeida Porto, Portugal 9K

No excelente  programa Cuidado com a Língua!, da RTP, numa explicação da mudança de sentido da palavra rival, pareceu-me ter ouvido (ou escutado) a locutora mencionar a palavra dantes, quando explicava o tempo da palavra acima referida. Será correcto?

Raquel Medeiros Professora Ponta Delgada, Portugal 21K

Na frase que se segue, a palavra até deve ser considerada um advérbio (de inclusão)? – «O Filipe e até o João vão chegar tarde.»

De acordo com a definição de advérbio que encontrei em várias gramáticas, a palavra em destaque não me parece pertencer à classe gramatical dos advérbios, uma vez que, de acordo com a leitura que faço, não modifica um adjectivo, um verbo ou outro advérbio.

Parece-me que a frase apresentada tem um sentido diferente desta: «O Filipe e o João até vão chegar tarde.» Nesta segunda, penso que é mais evidente que a palavra até seja um advérbio (de inclusão), pois está a modificar o verbo chegar. Ou seja, para além de lhes acontecer outras coisas, ou para além de fazerem outras coisas, o Filipe e o André vão chegar tarde.

Gostaria que me elucidassem sobre a questão que vos coloco e que me corrigissem, caso o meu raciocínio não esteja correcto.

Obrigada pela atenção.

Nuno Martins Estudante universitário Lisboa, Portugal 62K
Gostaria de saber qual a classificação gramatical da palavra .

Obrigado.
Paula Nogueira Professora Aveiro, Portugal 8K

Estará correcta a expressão: «uma piscina meia cheia de água»?

Maria Machado Professora Porto, Portugal 7K

1. «Ele é baixinho.»

2. «Ele falou baixinho.»

Podemos considerar que a palavra baixinho da segunda frase é um advérbio? Não são os advérbios invariáveis?

Obrigada.

Paulo Gomes Consultor de TI Vila Nova de Gaia, Portugal 7K

Gostaria que me esclarecessem se a palavra aqui é ou não dissílabo, pois recentemente corrigi o meu filho (2.º ano do 1º ciclo) dizendo-lhe que se tratava de um dissílabo (a-qui), e fui "corrigido" pela sua professora, que a classificou como monossílabo.

Graziela Gomes Portugal 4K

Gostaria que me informassem se, na frase abaixo, o advérbio “menos” se aplica ao mesmo tempo aos adjectivos usados (“conscientes” e “responsáveis”), ou se apenas se pode considerar em relação ao primeiro adjectivo usado?

«Alguns menos conscientes e responsáveis.»

Ou para caracterizar como «menos conscientes» e «menos responsáveis» será necessário colocar o menos antes de cada um dos adjectivos? 

Como no exemplo que se segue:

«Alguns menos conscientes e menos responsáveis.»

Obrigada.

Ricardo Pereira Portugal 17K

Tenho uma expressão curiosa que me tem afligido durante uns tempos e que é repetida vezes sem conta por todo o lado. Por exemplo, tenham em atenção as seguintes expressões:

«Não vem nenhum...»
«Não há nada...»
«Não fiz nada...»

Ora, estas expressões, tão vulgarizadas, querem dizer exactamente o oposto para o qual são usadas! Ou seja, são negações de negações:

«Não vem nenhum» quer dizer que vêm todos!
«Não há nada», que existe tudo!
«Não fiz nada», que fiz tudo!

As expressões correctas deveriam ser, por exemplo, «Não vem algum» ou «Não fiz algum» ou «Não fiz tudo».

O que têm para me dizer acerca disto?

Muito obrigado pela vossa atenção.

Marcos Antônio Jordão Sasso Servidor público Castelo, Espírito Santo, Brasil 6K

Qual o grau do adjetivo inteligente na frase «João é pouco inteligente»?

Na frase «João é muito inteligente» não há dúvida quanto ao grau do adjetivo: superlativo absoluto analítico.

Entretanto, as gramáticas não contemplam entre os graus do adjetivo o caso da frase objeto da pergunta («João é pouco inteligente»), em que o advérbio de intensidade («pouco») modifica o adjetivo («inteligente») expressando diminuição, inferioridade no grau da qualidade expressa pelo adjetivo, sem comparação ou relação com outros seres. Vejam-se as definições de várias gramáticas do grau superlativo absoluto: — O superlativo absoluto «denota que um ser apresenta em elevado grau determinada qualidade» (Celso Ferreira da Cunha, Gramática da Língua Portuguesa, 2.ª, FENAME, Rio de Janeiro, 1975, p. 258).

— «Grau superlativo absoluto: quando a qualidade de um ser é expressa em grau máximo, sem comparação com outro ser» (Agostinho Cadore, Curso Prático de Português, 2.ª edição, Editora Ática, 1994, p. 138).

— «Superlativo absoluto é o que exprime a qualidade no mais elevado grau, sem comparação» (Artur de Almeida Tôrres, Moderna Gramática Expositiva da Língua Portuguesa, 3.ª edição revista e ampliada, Editora Fundo de Culturas S. A., Rio de Janeiro, 1959, p. 81).

— «O Superlativo indica que a qualidade do ser ultrapassa a noção comum que temos dessa mesma qualidade (...) [neste caso], a superioridade é ressaltada sem nenhuma relação com outros seres. Diz-se que o superlativo é absoluto ou intensivo» (Evanildo Bechara, Gramática Escolar da Língua Portuguesa, Editora Lucerna, Rio de Janeiro, 2006, pp. 112/113).

— «O superlativo absoluto (...) analítico [se constrói] com a ajuda de outra palavra, geralmente um advérbio indicador de excesso — muito, imensamente, extraordinariamente, excessivamente, grandemente, etc.» (Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 3.ª edição revista, 15.ª impressão, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2001, pp. 255/256).

Como se vê das definições acima, o superlativo absoluto analítico sempre supõe que a qualidade expressa pelo adjetivo está sendo intensificada «para mais» (ex: «muito inteligente»); mas no caso de intensificação «para menos» — diminuição, inferioridade — (como é o caso de «pouco inteligente»), não se fala em superlativo absoluto.

As gramáticas de Domingos Paschoal Cegalla, Luiz Antonio Sacconi, Nicola & Infante, nas edições que consultei, não trazem a definição do superlativo absoluto, mas todos os exemplos que estes autores listam para o superlativo absoluto (bem como os gramáticos das citações acima) são de frases gradações com intensificação «para mais» («muito inteligente», «enormemente forte», «excessivamente grande», etc.).

Assim, o grau do adjetivo expresso na frase «João é pouco inteligente» não se encaixa nem com a definição de superlativo absoluto trazida pelas gramáticas consultadas, nem com nenhum dos exemplos que elas arrolam.

Em «João é muito inteligente» se dá a ocorrência de: modificação do adjetivo inteligente pelo advérbio de intensidade muito. Neste caso, diz-se que esta construção é a forma de conferir o grau superlativo absoluto ao adjetivo inteligente.

Entretanto, em «João é pouco inteligente», em que ocorre a mesma construção (advérbio de intensidade + adjetivo), as gramáticas calam quanto ao grau do adjetivo.

Ou seja: advérbio de intensidade «para mais» — quero dizer, indicando superioridade — («muito») + adjetivo: forma o grau superlativo absoluto;

mas advérbio de intensidade «para menos» — ou seja, diminuição, inferioridade — («pouco») + adjetivo: não formaria grau?