DÚVIDAS

Aspeto iterativo e aspeto imperfetivo
Gostaria de esclarecer a seguinte dúvida: por que razão é classificada nas frases «Ando a ler O ano da morte de Ricardo Reis» (situação iterativa), «Os alunos, naquela tarde de chuva, contavam entusiasmados todo o dinheiro recolhido para a viagem de finalistas» (situação imperfetiva)? Como distinguir corretamente uma situação iterativa de uma situação imperfetiva? Obrigada pela atenção.
O valor aspetual de tentar no mais-que-perfeito do indicativo
Caros peritos da língua, Considerem a frase: «Putin descreveu o leste da Ucrânia como "território histórico" da Rússia e voltou a insistir que a Rússia tinha tentado negociar um acordo pacífico antes de enviar tropas, mas "foi enganada".» Como compreender o valor aspetual da construção "tinha tentado negociar"? É télico ou atélico? Isto parece-me ser aberto à interpretação de cada um da frase. Estamos a falar de uma ação/tentativa de fazer um acordo? Ou talvez de uma série de tentativas contínuas que se prolongaram por um longo período de tempo? Não tenho certeza, mas talvez o verbo tentar seja por si só um operador aspetual na frase, cujo valor não consigo determinar. Agradeceria um comentário de um especialista.
O verbo ocorrer
Primeiro, muito obrigado pelo apoio e atenção de sempre. Serei eternamente grato pela solicitude. Minha dúvida é sobre um possível significado do verbo ocorrer para o qual não encontrei descrição nos dicionários consultados. Pois bem, lendo um álbum produzido na década de 80, sobre animais da Mata Atlântica, volta e meia, me deparo com o referido verbo indicando o habitat de determinado animal, como no fragmento que transcrevo abaixo: «[...] Esta ave ocorre desde a Bahia, passando por Minas Gerais e descendo até o Rio Grande do Sul […].» Acredito que tenha uma acepção quase de «viver, habitar», pelo contexto, porém não vi registro nas entradas deste verbo nas fontes consultadas. Daí, por gentileza, peço ajuda. É de conhecimento de vocês se esse verbo é utilizado com proximidade destes significados que presumi?
O verbo falar em contexto escolar
Enquanto docente, deparo-me frequentemente com a utilização do verbo falar em numerosos contextos que, na minha opinião, não são, na sua grande maioria, os mais corretos. Assim, surgem frases, como: a) «Ele falou que ia ao cinema.» (Influência do português do Brasil) b) «O texto fala da história dos dinossauros.» c) «Venho falar sobre a minha opinião sobre a televisão.» Estes são alguns exemplos daquilo que ouço diariamente, em sala de aula, mas também do que leio nos textos escritos pelos alunos. Apesar de tentar explicar aos alunos que utilizamos este verbo, sobretudo, quando nos referimos a conversas («Ele falou com ela», «Ele falou dela», «Ele falou dos seus problemas»...), vejo que nem sempre percebem a diferença e tenho alguma dificuldade em explicá-la de outro modo. Assim para as frases acima, sugiro que escrevam/digam: a) «Ele disse/afirmou que ia ao cinema.» b) «O texto conta/narra a história dos dinossauros.» c) «Vou apresentar a minha opinião sobre a televisão.» Gostaria, então, de saber se há alguma resposta mais adequada que eu possa transmitir aos meus alunos para a resolução desta situação, pois as suas dificuldades de expressão, quer oral, quer escrita, têm vindo a agravar-se e, contrariamente ao que muitos afirmam, não por culpa dos confinamentos a que estiveram sujeitos. Agradeço, desde já, a sua disponibilidade em responder.
O significado de ressecar
Tenho uma dúvida sobre uso do verbo ressecar. Podemos usá-lo para indicar outra situações que não envolvam água? Por exemplo: «o plástico da carenagem da minha moto está ressecado de tanto pegar sol»? Pergunto isso porque sempre ouço na linguagem do dia a dia frases desse tipo, porém ao consultar alguns dicionários, só vi abonos com contextos envolvendo água. Agradeço desde já o apoio e compreensão de sempre.
A forma qui-lo (conjugação pronominal)
Gostava de saber qual é a forma correta na conjugação de querer (quis) + o/a/as/os. É frequentemente advertido que, no Português europeu, o verbo querer quando combinado com pronomes oblíquos na segunda e terceira pessoa pode adquirir as formas quere-o/requere-a. Fiquei, então, na dúvida se algo parecido acontece ou não nas suas respetivas formas do pretérito quis. Está correto «ele qui-lo» em Portugal? Muito obrigado desde já por qualquer esclarecimento desta pequena dúvida!
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa