DÚVIDAS

Teletransportar
Minha pergunta está relacionada com a etimologia da língua portuguesa. Ando escrevendo um livro onde os personagens são espíritos. Eles, como são feitos de matéria, são capazes de desaparecer em um lugar para reaparecer em outro. Meu problema está no fato de eu conhecer somente dois verbos capazes de descrever tal ação (teletransportar e teleportar). São verbos sucintos e diretos, mas eu procuro uma coisa diferente, uma vez que estes dois remetem um universo sci-fi e a ideia de naves espaciais e tecnologia do futuro. Logo, preciso de um verbo que expresse uma nova ideia, onde um espírito seja capaz de teleportar-se sem ser confundido com um alienígena (como pode-se perceber na aplicação deste exemplo). Então, resta-me criar um novo verbo. Mas o que devo fazer para isto? Devo pesquisar prefixos e radicais? É correto fazer isto, ou vai contra alguma norma linguística? Pode ser malvisto aos olhos de estudiosos da língua portuguesa?
Concordância com verbo pronominal
Ultimamente, em meu trabalho de revisão de texto, venho me deparando com um tipo de construção que me causa dúvida: a concordância do verbo pronominal na oração subordinada. Levo em conta a regra de que, pelo menos para verbos não pronominais, esse tipo de concordância é facultativa quando o sujeito da segunda oração já for referenciado na primeira e o verbo estiver no infinitivo pessoal (ex.: «O professor ajudou as crianças a entender a lição»/«O professor ajudou as crianças a entenderem a lição»). No entanto, a dúvida me ocorre quando o verbo da oração subordinada é um verbo pronominal. Nesse caso, é obrigatória a conjugação em número? E a presença do pronome átono? A fim de elucidar minha pergunta, deixo três frases que exemplificam as alternativas para minha questão: 1. «O garçom nos ajudou a sentar.» 2. «O garçom nos ajudou a nos sentar.» 3. «O garçom nos ajudou a nos sentarmos.»
Os sentidos do verbo haver
Recentemente, uma pessoa escreveu, num blogue, as seguintes frases: «Parece-me que vai sendo tempo de os últimos defensores da forma brasileira "por que" em Portugal acatarem a lei, ou então emigrarem para o Brasil. Que pena não haverem multas para estas infracções!» Várias outras pessoas, nas quais me incluo, apontaram o «haverem» da última frase como um erro; sendo que o verbo haver tem ali o significado de «existir», deveria ser conjugado no singular e não no plural: «Que pena não haver multas para estas infracções!» seria, portanto, a frase correcta. A pessoa em causa veio depois contrapor com os seguintes argumentos, que passo a citar: «Se forem ao Dicionário Houaiss (versão electrónica), verão que a primeira acepção de haver é "t. d. ant. ter ou obter comunicação de; receber", e é dado o exemplo: "Logo os Noronhas houveram notícia da sua prisão." «Mais adiante, encontra-se a acepção "t. d. bit. frm. ser aquele sobre quem incide ou a quem se dirige a ação; receber" e são dados os exemplos: "Os sitiantes houveram dos mouros as suas cicatrizes"; "Não haverão favores de ninguém." «Aquele "haverem" está por "receberem", e refere-se aos «últimos defensores da forma brasileira "por que" em Portugal» que estavam na frase anterior e que desempenham na última frase a função sintáctica de sujeito.» (Fim de citação.) Por último, de forma a explicar o uso de para na última frase, a justificação apresentada foi (passo a citar): «Vão de novo ao Dicionário Houaiss e atentem na acepção de para como "adequada(s) a".» (Fim de citação.) Estas explicações não foram aceites pela maioria das pessoas que frequentam o blogue, que simplesmente as ignoraram ou não acreditaram na sua honestidade. Embora os argumentos anteriores pareçam rebuscados e algo ardilosos, limitei-me a analisá-los objectivamente e pareceram-me totalmente correctos. Tendo em conta que as frases faziam parte, segundo a pessoa que as escreveu, de uma cilada preparada por ela para os demais intervenientes no blogue, poder-se-á entender o raciocínio rebuscado. Ficaria muito agradecido se me dessem a vossa opinião imparcial sobre este assunto, que gerou alguma polémica.
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