Li o seguinte numa publicação religiosa: «Precisamos de alguém de fora para dar-nos o domínio próprio que os estóicos desejavam, e esse alguém é o Espírito Santo.» Nunca vi nos melhores escritores a combinação de um pronome demonstrativo com um pronome indefinido, mas percebo que tal junção se tem intensificado nas matérias que se publicam aqui. Necessito de vossa opinião, pois creio ser muito estranha essa sintaxe... Acredito também que tal arranjo não tem nenhum apoio clássico. Na língua latina nunca jamais vi «hic aliquis» nem «iste aliquis».
Illustrate me! Tenebras solvite!
Na frase «Diz-se que vai chover», o sujeito é nulo indeterminado?
Na frase «É isso que eu peço à ciência: que me faça apaixonar. É o mesmo que eu peço à literatura» (Mia Couto, Pensatempos, Lisboa, Editorial Caminho), podemos considerar o primeiro que um conector de integração, um conector de retoma, ou uma expressão de realce?
Será que me podem ajudar no seguinte:
Em muitos documentos (extensos) sobre a actividade de uma determinada organização (empresa, escola, associação etc.) recorre-se ao uso do sujeito tanto na terceira pessoa do singular como na primeira pessoa do plural porque permite uma maior flexibilidade na apresentação dos conteúdos e porque diminui-se o número de vezes que se utiliza o nome da entidade. Dou um exemplo:
«Financeiramente, a EDP reforçou a sua posição. A EDP encaixou mais de mil milhões de euros na alienação de activos não estratégicos, 25% acima do compromisso inicial. Demonstrámos a nossa credibilidade no mercado, sobretudo no contexto de um mercado mais difícil (...)»
Gostaria de saber se é correcta esta utilização "dual" do sujeito. Eu tenho desenvolvido textos deste modo, considerando que não estava a cometer nenhuma incorrecção.
Muito obrigada pela vossa atenção.
Tenho vindo a reparar na utilização frequente de "conosco" em vez de connosco, sendo a primeira um claro erro ortográfico, no entanto parece-me que um dos "n" já deveria ter caído, sendo connosco, uma das poucas, senão a única palavra em português com dois "n" seguidos.
Existe alguma regra relativamente a esta situação, ou a palavra simplesmente não evoluiu?
Em português, você é o equivalente a usted em espanhol? É melhor usar «a senhora» ou «o senhor» com uma pessoa não conhecida ou idosa antes do que você?
Muito obrigada pela sua resposta.
No Acordo Ortográfico de 1990, na Base XIX, 1.º, lê-se:
«f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste
caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário
Abrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).»
E com o clítico?
«Louvo a Deus; louvo-O.»
A maiúscula passa a ser facultativa?
Gostaria de saber se lhe, que é sempre indicado como pronome complemento indirecto, pode ser considerado complemento preposicional em frases como:
«Para realçar o sabor dos citrinos, antes de cozer a carne faça-lhe uns cortezinhos com uma faca afiada e introduza-lhes pedacinhos de casca de laranja.»
Vi o artigo que têm sobre funções sintácticas de lhe, mas só aborda a questão da preposição de (com a questão da posse) não da preposição em.
Muito obrigado.
Caros senhores, no versículo 27 do capítulo 8 do evangelho de Mateus (Novo Testamento) podemos ler: «Quem é este que os ventos e o mar lhe obedecem?» Tenho a impressão de que o tradutor cometeu um erro de regência, pois as gramáticas nos ensinam que o pronome relativo pertence ao verbo que vem depois. Como o verbo obedecer é transitivo indireto (exige complemento preposicionado), creio que a preposição deve anteceder ao pronome relativo. Assim, o tradutor bíblico deveria haver escrito: «Quem é este a que os ventos e o mar obedecem?» Estou certo, senhores? Se tenho apoio gramatical, como analisais a supramencionada tradução?
Quero agradecer-vos a fineza de responder-me.
Como se deve dizer: «Junto se envia...», ou «junto envia-se...»? É indiferente? E, se não, o que as distingue?
Obrigada.
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