O futuro composto pode ser associado a diferentes valores em função da sua relação com os restantes elementos da frase.
O futuro composto do indicativo (ou futuro perfeito) é construído pelo verbo auxiliar ter no futuro simples do indicativo e pelo verbo principal no particípio passado: «terei falado», «terei dito».
De uma forma geral, tanto o futuro simples como o futuro composto referem um estado de coisas posterior a um ponto de referência absoluto:
(1) «Verei contigo o filme.»
Nesta frase, a forma verei (futuro simples do indicativo) aponta para uma situação posterior ao momento de enunciação. Esta forma do futuro não descreve, todavia, a situação relativamente à sua perfetividade, ou seja, a situação de «ver o filme contigo» não é apresentada nem como concluída nem como estando no seu decurso.
O futuro composto do indicativo normalmente articula-se com um ponto de referência expresso na frase por uma oração adverbial ou um constituinte de natureza adverbial. Se esse tempo de referência apontar para uma situação futura relativamente ao momento de enunciação, o futuro composto descreve uma situação como estando concluída num momento posterior à enunciação:
(2) «Daqui a uma hora, terei concluído o trabalho.»
A situação descrita como «ter concluído o trabalho» é, contudo, anterior ao momento de referência («daqui a uma hora»), ou seja, a conclusão do trabalho acontecerá antes da hora expirar.
Se o tempo de referência for passado relativamente ao momento de enunciação, o futuro composto não indica futuro, assinala sobretudo um valor modal de incerteza por parte do falante:
(3) «Ontem, ele terá passado o dia a estudar.»
Se o tempo de referência coincidir com o momento de enunciação, o futuro composto indica uma situação ligeiramente anterior a esta referência:
(4) «Neste momento, o João já terá concluído o trabalho.»
Também neste caso, o futuro composto se associa a um valor modal de incerteza por parte do locutor1.
Disponha sempre!
1. Para mais informações, cf. Oliveira in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 531-532.