Sabe-se que aqui no Brasil existe o vezo de pronunciar o l com som de u, quando em fim de palavra.
Quero saber se aí em Portugal também existe o mesmo erro. Existe alguma outra língua em que tal anomalia se verifique? Qual a origem dessa pronúncia viciosa?
Muito grato.
Se as palavras terminadas em "u" não têm acento, então qual é a excepção para a palavra baú? Terá a ver com o ditongo oral?
Obrigada pelo esclarecimento.
Na qualidade de estudante da língua japonesa, permitam-me ajudar a esclarecer o consulente da pergunta 22227, independentemente das grafias dicionarizadas/oficializadas em Portugal.
Em kanji (logogramas japoneses), o nome da arte marcial em questão escreve-se '柔術' (lit. «arte da suavidade»), que se desdobra no hiragana (silabário japonês) 'じゅうじゅつ'. Aplicando as regras do rōmaji (romanização do japonês, i.e., escrita deste idioma com o alfabeto latino), sabe-se que 'じゅ' = 'ju', 'う' = 'u', e 'つ' = 'tsu'. Substituindo as letras japonesas pelas latinas obtém-se 'juujutsu', porém empregam-se antes as formas 'jūjutsu' — indicando o mácron uma vogal longa — ou simplistamente 'jujutsu' dada a invulgaridade daquele diacrítico no português.
O aportuguesado 'jiu' surge do facto de 'jyu' ser também aceite como romanização de 'じゅ', uma vez que 'じ' = 'ji' e 'ゆ' = 'yu', cuja versão reduzida ('ゅ') se traduz na aglutinação fonética à letra precedente bem como numa quase supressão do 'i' e do 'y' pronunciados. 'Jiu' é assim infiel à romanização, pois na realidade representa o hiragana 'じう', alheio a 'じゅうじゅつ'. Além disto, '柔' encontra-se igualmente presente no kanji de 'jūdō' ('じゅうどう'), '柔道' (lit. «caminho da suavidade»), pelo que é tão legítimo escrever 'jiujutsu' como 'jiudo', o segundo imediatamente percepcionado como um disparate. O mesmo se passa relativamente ao hífen em 'ju-jutsu' ou ao espaço em 'ju jutsu': ninguém escreve 'ju-do' nem 'ju do'.
Por último, e neste contexto, 'jitsu' revela-se apenas um erro, infelizmente massificado à escala global, que seguindo a lógica do incorrecto 'jiu' até deveria ser 'jiutsu'. 'Jitsu' é uma das leituras de vários outros kanji, com significados que nada têm que ver com o de 'jutsu' (lit. «arte»), ou seja, uma palavra diferente e consequentemente deslocada.
Resumindo, presumo que a leitura do japonês 'ju', a nós estranha, esteja na principal origem histórica das imprecisões/incorrecções mencionadas, e considero correcto em português apenas 'jujutsu'.
Aproveito para acrescentar que, tal como ao praticante de judo se chama 'judoca', aportuguesamento de 'jūdōka', também o praticante de jujutsu se denomina 'jūjutsuka' ('jujutsuca'?).
A propósito dos artigos pró-activo vs. proactivo, sugiro a abordagem histórica da origem e criação da palavra (Victor Frankl, e mais tarde popularizado pelo livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, de Stephen Covey).
Já que o vosso estudo da composição da palavra (pro + activo) deu num empate técnico, sugiro que se aborde esta palavra como um oposto de reactivo (como aparece em muitos dos textos e na origem histórica da palavra).
Exemplo: «o Paulo é reactivo, só repara a máquina quando esta avaria. Já o João demonstra proactividade ao estudar as causas das avarias e agir de modo a estas não voltarem a avariar.»
Ou seja, proactivo é aquele que procura agir antes dos acontecimentos, por oposto ao que reage aos acontecimentos. Por esta abordagem não fará mais sentido a grafia proactivo em vez de pró-activo?
Eu «dava de barato» que "epistaxis" se escrevia assim, mais acento, menos acento. Agora, «as fontes» apresentam epistaxe e Ciberdúvidas não se manifesta. Como optar?
Obrigada.
Hoje, aconteceu-me uma coisa estranha.
Fui ao dentista e ele disse-me que quando era novo era "suflitico". Não percebi o que queria dizer e quando cheguei a casa procurei no dicionário o seu significado. Mas não o encontrei. Perguntei aos meus pais e eles também conhecem a palavra e disseram ter o significado de «aflito». Ainda gozaram comigo, pois disseram que quando eram novos toda a gente sabia esse significado, e eu ando a estudar e não o descubro. Mas no dicionário não existe. Na Net não encontro nada. Será que essa palavra existe, ou será só utilizada pelo povo?
Agradeço a vossa compreensão.
Quantas letras e quantos fonemas tem a palavra reencontrassem?
«[...] nem pode deixar de se hipotizar [...] que a causa de morte nada tenha a ver com um confronto físico ainda que este confronto tenha ocorrido (nada se sabe sobre o eventual desenrolar do confronto, e trata-se de uma morte compatível com uma queda de pequena altura), nem pode deixar de se encarar como possível (tão possível como a hipótese relatada na acusação) a do envolvimento do marido da Arguida nos factos» (Acórdão do Tribunal de Relação de Guimarães).
«Poderá assim hipotizar-se a questão de os factos denunciados estarem relacionados com o exercício da função que o mesmo assistente aduz exercer» (Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça).
No meio jurídico a palavra "hipotizar" é muito utilizada. A psicologia parece que também não se inibe de aplicá-la. Os vários dicionários que pesquisei (Academia das Ciências, Houaiss, Verbo, etc.) não a referem. Estrangeirismo? Neologismo? Ou coisa de advogados e juízes?
Gostaria de saber por que razão a língua portuguesa é acentuada, ou seja, qual a origem dos acentos, visto que há várias línguas que não os possuem.
Obrigada.
Gostaria de saber se existe algum termo melhor do que "estacionário" para designar o material de papel usado em escritórios, uma vez que a expressão "material de escritório" abrange mais objectos utilizados em ambiente de escritório e não apenas o papel usado.
Fico a aguardar a vossa resposta com a maior brevidade possível.
Obrigada e até breve.
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