Muita estranheza me provocou a vossa resposta n.º 26759 sobre a forma «Bahrein» e o respectivo gentílico. Não é minha intenção corrigir-vos, e nem refutar a vossa resposta, mas gostaria de expor a minha interpretação. Eu sempre conheci o nome do país como «Bahrain» (بحرين). Sabendo eu que a língua árabe só possui três vogais (i, a, u) parece-me estranho uma grafia com e. Consequentemente, sempre pronunciei a parte final com um ditongo oral seguido de consoante nasal [ajn], e nunca como ditongo nasal [ɐ̃j] (como se fosse «ãe»). Por isso, provoca-me estranheza o «m» em «baremita»... Parece-me haver pequenas confusões sucessivas entre a escrita e a pronúncia. Deduzo que, a partir da forma escrita «Bahrein», alguém deve ter pronunciado as três últimas letras como se fossem um ditongo nasal (os Brasileiros, ao verem uma palavra escrita com uma consoante final nasal, pronunciam sistematicamente com uma vogal nasal, mesmo quando essa palavra não pertence à língua portuguesa!). Depois, a partir da pronúncia com ditongo nasal, aportuguesou-se a palavra para «Barém» (quando talvez, para ser mais fiel à pronúncia original, podia ter sido algo como «Baraine», por exemplo). E seguidamente, a partir da forma escrita «Barém», forjou-se o gentílico «baremita», sem no entanto nunca ter existido o fonema «m» que justificasse tal formação. Conforme o que eu tinha dito antes, não pretendo ter a arrogância de corrigir-vos. Mas talvez os «fazedores» da língua portuguesa possam ter um critério mais uniforme quando tentarem aportuguesar nomes estrangeiros: ou apoiam-se unicamente na grafia, ou apoiam-se unicamente na pronúncia. Obrigado pela atenção.
Chocou-me, hoje, numa peça televisiva que vi sobre «o Estado Absoluto de Luís XIV», chamarem-lhe também «Rei Absoluto». Sempre estudei o Absolutismo como uma teoria política e não como um substantivo. É mais moderno, ou está na verdade correcto chamar-lhe «Rei Absoluto»? A mim continua a chocar-me.
Agradeço uma resposta.
Dan Everett, no livro Don't Sleep, There Are Snakes: Life and Language in the Amazonian Jungle, aparentemente alega que a palavra jeito viria do verbo jazer, e quer dizer algo como «deitado», «acomodado» etc., oferecendo então uma explicação alternativa (e criativa, na minha opinião) para a origem do proverbial jeitinho brasileiro. Quando interpelado por um tradutor meu colega que leu o livro, ele não só confirmou isso como acrescentou que jazido é uma corruptela do original, que todos os dicionários brasileiros são ruins e que nenhum deles leva em consideração a evolução histórica da nossa língua. Incidentalmente, Aurélio, Houaiss e Luft, todos concordam em que a palavra jeito vem do latim jactus. O sr. Everett, em sua correspondência com meu colega, diz que aprendeu (e ensinou) isso quando viveu no Brasil, onde teria obtido um Phd em História do Desenvolvimento da Língua Portuguesa (sem precisar onde ou quando). Gostaria de saber se tem cabimento a inusitada teoria do sr. Everett. Agradeço antecipadamente.
Estou a escrever um livro. Numa das passagens do livro, escrevi «Já aqui referimos o patético nome de Leopoldino de Saavedra, mas, como se fosse insuficiente, eis que nos adrega o nome de Eustáquio da Purificação.» E a minha dúvida reside aqui: seria mais correcto — ou simplesmente correcto — escrever «... eis que se nos adrega...»?
Obrigado.
No seguimento de uma resposta anterior vossa sobre palavras compostas com o prefixo nano-, gostaria de perguntar se a palavra "nanobjecto" ("nano" + "objecto") deverá ter apenas um o, ou manter os dois, quando as duas palavras se combinam.
Muito obrigado.
Gostaria de saber o aumentativo e o diminutivo do nome mala.
Obrigado pela atenção.
O que significa esta expressão idiomática?
«Fugir-se a boca para a verdade.»
Quando uma pessoa vai presa, ela diz ao delegado que só falará em juízo. O que significa «falar em juízo»?
Venho recorrer à vossa sapiência para me elucidarem acerca de forma correcta: «psicologês», ou «psicologuês»?
Já encontrei ambas as formas, mas necessito urgentemente de saber se existe uma alternativa preferencial e, já agora, a justificação para a formação da palavra ocorrer de tal maneira.
Muito obrigado e continuem o valioso trabalho que vêm fazendo.
Por favor, gostaria de saber se se pode chamar "dessensibilização" a uma redução de sensibilidade. Esta forma é usada no Brasil, mas não sei se correctamente. A palavra insensibilidade, neste caso, não se aplica, pois conduz à interpretação de anulação de sensibilidade. Procuro uma palavra que defina «redução de sensibilidade», e não a sua anulação.
Muito obrigado.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações