O substantivo jeito está de facto etimologicamente relacionado com verbo jazer. Acontece, porém, que essa relação não é directa.
Jeito evoluiu, por via popular, do substantivo jactus, us, «ação de lançar, arremesso, tiro, jato, lançamento», que deriva do supino jactum do verbo jacĭo, is, jēci, jactum, jacĕre, «lançar, deitar, jogar; atirar, arrojar contra ou sobre, enviar, despedir; estabelecer, pôr, colocar; exalar, deitar (cheiro); produzir, dar (com referência a uma árvore); proferir, dizer», da raiz i[ndo]-e[uropeia] *ye-, «lançar» (Dicionário Houaiss). O verbo jazer evoluiu do verbo jacĕo, es, ŭi, ĕre, que é cognato (evoluiu do mesmo radical) de jacĭo, embora, em contraste com este, revele um valor resultativo: «achar-se no estado de uma coisa lançada, estar estendido» (idem).
Sendo assim, deve dizer-se que jeito não é particípio passado de jazer, nem mesmo etimologicamente. Também não significa «deitado» nem «acomodado», ou seja, não exprime um estado; antes conserva o valor activo do radical de jacĭo. Na actualidade, essa interpretação activa é ainda válida em muitos contextos, associando-se um valor modal («ter jeito para alguma coisa» = «ter competência para fazer alguma coisa»). Em suma, as etimologias de jeito e jazer apontam para percursos morfológicos e semânticos diferentes.