No quadro do Acordo Ortográfico de 1945 (AO 45; no momento em que escrevo, ainda em vigor em Portugal), não encontro referência directa ao prefixo de origem grega nano-. Em princípio, como tem duas sílabas e termina em o, assemelha-se a auto-, neo-, proto- e pseudo-, elementos também provenientes do grego, que são explicitamente mencionados e comentados no texto do AO 45, Base XXIX:
«2.°) compostos formados com os elementos de origem grega auto, neo, proto e pseudo, quando o segundo elemento tem vida à parte e começa por vogal, h, r ou s: auto-educação, auto-retrato, auto-sugestão; neo-escolástico, neo-helénico, neo-republicano, neo-socialista; proto-árico, proto-histórico, proto-romântico, proto-sulfureto; pseudo-apóstolo, pseudo-revelação, pseudo-sábio;»
Tendo nano- uma estrutura silábica análoga a estes elementos, parece-me, legítimo aplicar-lhe a mesma regra. Sendo assim, recomendo nano-objecto.1
Em relação ao novo acordo, adoptar-se-á o critério exposto no n.º 1 da base XVI:
«Nas formações com prefixos (como, por exemplo: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autónomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto, pseudo, retro-, semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
[...]
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno.»
Dito de outro modo: continuará a escrever-se nano-objecto.
1 No âmbito do Formulário Ortográfico de 1943, seria de esperar que, tendo nano- uma configuração silábica e morfológica do tipo de outros elementos terminados em -o, se observasse a seguinte regra (secção:
«[Deve-se empregar hífen] Nos vocábulos formados pelos prefixos: a) auto, contra, extra, infra, infra, neo, proto, pseudo, semi e ultra, quando se lhes seguem palavras começadas por vogal, h, r ou s: auto-educação, contra-almirante, extra-oficial, infra-hepático, infra-ocular, neo-republicano, proto-revolucionário, pseudo-revelação, semi-selvagem, ultra-sensível, etc.»
No entanto, o Dicionário Houaiss (1.ª edição, 2001) considera que «o uso de hífen em palavras compostas com o pref. gr. nano- não está previsto pelas regras da língua».