Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Rafael Pombo Estudante Rio de Janeiro, Brasil 9K

Quanto à presença ou ausência dos artigos a e o, as seguintes frases estão corretas?

«Correr a toda a velocidade.»

«Salvá-la a todo custo.»

«Empurrar a toda a força.»

Estaria correto que «Salvá-la a todo custo» se escreve sem o artigo o, pois a frase possui o sentido de «salvá-la a qualquer custo» e não «salvá-la com muito custo»?

Olívia Dias Bancária Porto, Portugal 10K

Como se deve dizer? «Regressar para junto de sua esposa», ou «regressar a junto de sua esposa»?

Julgo ser a primeira forma, mas então porque se diz «regressar a Lisboa» e não «regressar para junto de Lisboa»?

Obrigada.

Eduarda Vieira da Silva Estudante universitária Pombal, Brasil 5K

Qual a diferença de caso morfológico e caso abstrato?

Eunice Silva Professora Porto, Portugal 6K

No seu Dicionário de Questões Vernáculas ("Um", p. 574), Napoleão M. de Almeida afirma que «constitui erro em português o abusivo emprego do indefinido "um", como o faz o francês, como o faz o inglês». Uma vez que o autor é brasileiro e o referido dicionário aborda questões que dizem respeito mais ao português do Brasil do que ao português europeu, gostaria de saber se é, de facto, incorrecto dizer/escrever frases como, por exemplo: «Hoje em dia as pessoas comportam-se de uma maneira egoísta». Ou se é preferível dizer: «Hoje em dia as pessoas comportam-se de maneira egoísta.»

Grata pela ajuda.

Raquel Pérez dos Santos Economista Niterói, Brasil 12K

Gostaria de saber sobre o uso das preposições em ou a para localização geográfica. Na imprensa encontro duas formas distintas: «... fica ao/no norte de...»; «...localiza-se ao/no norte de...»: «... situa-se ao/no norte de...»; «...o país faz fronteira ao/no norte com...». Existe diferença de significado, ou apenas certo e errado?

Agradeço desde já.

Rogério Silva Estudante Macau, China 37K

Gostaria de saber a diferença entre «por parte de» e «da parte de».

«Este presente é da parte da minha mãe.»

«O político recebeu uma moção de apoio por parte de um grupo composto por...»

Gostava também de saber o significado de mais-valia quando utilizado nesta situação:

«Saber falar chinês é hoje uma mais-valia para os que pretendem garantir um bom futuro.»

Todas as definições encontradas remetem para o campo da economia.

E neste caso:

«Estás a aprender inglês? Mais valia aprenderes chinês!»

Obrigado!

Nuno Cardoso da Silva Professor universitário Lisboa, Portugal 12K

Repetidamente se tem afirmado aqui que «ter que ver com» está correcto e «ter a haver com» está errado. Nunca vi, na argumentação, qualquer referência ao latim para consubstanciar essa afirmação. Porquê? O latim não nos pode ajudar aí?

Por outro lado chamo a atenção de que o equivalente em inglês é «this has nothing to DO with that», e em holandês é «dit heeft daar niets mee te MAKEN». Em ambos os casos, os verbos (to do e maken) estão mais próximos do sentido de haver do que de ver, o que pode indiciar que a vossa interpretação pode não estar correcta. Quererão V. Exas. voltar a este assunto?

José Fontes Militar Seixal, Portugal 49K

Gostaria de pedir um esclarecimento sobre a frase seguinte:

«O director dirigiu-se à representante das educadoras do Berçário/Creche perguntando-a, relativamente aos horários, como eram geridos os problemas quando a Creche era gerida pelo AA.»

Houve alguém que me disse que não concordava com «perguntando-a» mas sim perguntando-lhe, mas não me soube clarificar. Qual é a correcta?

Obrigado pelo esclarecimento.

Paulo Aimoré Oliveira Barros Servidor público Garanhuns, Brasil 3K

O mestre lusitano Cândido de Figueiredo doutrinava que o verbo tem de anteceder o sujeito quando se trata de orações interrogativas. Segundo o ensinamento que ele abraçava e defendia, a construção legítima é «Poderão as mulheres ser sempre honestas?» e não «As mulheres poderão ser sempre honestas?». Percebe-se hoje a predominância da construção errada (sujeito antes do verbo), ao arrepio do que preconizava o doutíssimo Cândido de Figueiredo. Qual é a vossa opinião?

Muito grato.

Paulo Jorge Gomes Jurista Angra do Heroísmo, Portugal 6K

Após pesquisar no Ciberdúvidas, não consegui o desejado efeito cibernético.

Se se pretender atribuir um nome a uma entidade pública administrativa nos Açores, com responsabilidades ao nível da execução de uma matéria nacional (isto é, não regionalizada), pergunto: deve ser utilizada a preposição de, ou em?

Exemplifico:

1) Instituto de Gestão da Reinserção Social «dos» Açores;

ou

2) Instituto de Gestão da Reinserção Social «nos» Açores.

Sei que a prática é o caso 1). Mas não será que o contexto requer o tão necessário quanto espinhoso «distinguo»?

O nome do exemplo é imaginado, mas o caso concreto é real. Trata-se de uma entidade com o mesmo nome da entidade ao nível nacional. O que as distinguirá no futuro será precisamente o complemento «Açores».

Se se seguir o que aqui foi escrito, o complemento «Açores», sendo um substantivo, parece que deveria ser qualificado como «determinante». Neste caso, porém, determinante é o facto de o «Instituto» ser da «Reinserção Social». O facto de estar «nos» Açores é meramente circunstancial.

Isto tem mais importância ao nível semântico: se a Reinserção Social não foi regionalizada, a preposição do caso 1) induz o leitor em erro pela sua ambiguidade, pois tem como significação a Reinserção Social pertencer aos Açores, o que do ponto de vista referencial está errado. Já o caso 2) significa que se trata do organismo que gere a Reinserção Social referente aos Açores, isto é, uma mera circunstância acessória ao nome (quem? o Instituto de Gestão; o quê? da Reinserção social; onde? nos Açores).

Do ponto de vista semântico, trata-se de um acto ilocutório com uma declaração assertiva, pois o legislador estará a dar um nome a uma entidade, incluindo o lugar da sua actuação («nos» Açores)

Em suma: no caso que descrevi, não será mais correcto o uso da preposição em?