DÚVIDAS

Sobre os complementos circunstanciais, novamente
Há dias tive uma prova de Língua Portuguesa em que o professor pedia para fazer a análise sintática da seguinte frase: «Esta sopa é de cenoura.» Minha resposta para esta frase não foi correcta. Na correção, o professor fez da seguinte maneira: Sujeito subentendido — «ela» Predicado — «é» Complemento circunstancial de conteúdo — «cenoura». Nunca tinha ouvido falar de tal complemento. Procurei na gramática e pesquisei na Net e não achei nada a respeito do complemento circunstancial de conteúdo. Gostaria que vocês me esclarecessem acerca deste complemento. Obrigada.
Filho único e filho primogénito
Se um homem e uma mulher tiveram três filhos, dos quais dois morreram, só lhes sobrando um vivo, este pode ser chamado de filho único desse homem e dessa mulher, ou filho único aplica-se apenas ao filho unigênito de um casal? Se um casal tem uma filha, não tendo além dela nenhuma outra filha e também nenhum filho, devemos dizer que esta filha é filho único do casal ou que é filha única? A primeira hipótese fica um tanto estranha, mas desconfio que é a correta; já a segunda se me afigura como uma afirmação de que ela é a única filha do sexo feminino que o casal tem, nada afirmando quanto à existência ou não de filhos homens, mas dando a entender que pode existir pelo menos um deles. Se uma filha é filho único e nascida em primeiro lugar, deve ser chamada de primogênito, ou primogênita de seus pais? Já se uma filha é o primeiro filho nascido de um casal, tendo depois nascido outras filhas e outros filhos, devemos dizer que esta filha nascida antes dos demais é a primogênita ou o primogênito de seus pais? Exemplificando: «Carla é o filho primogênito de Carlos e Mônica», ou «Carla é a filha primogênita de Carlos e Mônica»? Ainda se um casal teve somente três filhas e nenhum filho, a primeira filha a nascer deve ser chamada de «filho primogênito», ou «filha primogênita» do casal?
Negação: «Isso quando não...»
Ficaria muito grato se tivesse a gentileza de me explicar o que significa a frase abaixo destacada. Será que o não de «Isso quando o padrasto, (que...), não revirava todo o barraco, procurando dinheiro»? Podemos tirar este não sem mudar o sentido da frase? Vou citar o texto na qual está a frase em questão. Meus antecipados agradecimentos. «Duda saiu da padaria assobiando. Duda poderia assobiar com mais entusiasmo ainda, se, naquela manhã gelada de setembro, não estivesse descalço, se sua roupa não fosse tão fininha, se pelo menos pudesse pôr as mãos nos bolsos. Mas elas estavam ocupadas com uma garrafa e o pacote de pãezinhos. Eram seis — um para ele, outro para a mãe, outro para o padrasto, mais um para cada um dos seus famintos irmãozinhos. Talvez por isso estivesse assobiando. Porque não era toda manhã que o mandavam buscar pão. O que a mãe ganhava fazendo faxina na vizinhança mal dava para o feijão e para o arroz. Isso quando o padrasto, que seria pedreiro se não vivesse bebendo, não revirava todo o barraco, procurando dinheiro.»
As acepções da palavra ciúme
Minha pergunta já foi feita aqui uma vez antes por um outro consulente, mas permaneço em dúvida a respeito do assunto: Afinal, quando alguém diz que tem cíumes de outra pessoa, pode ser tanto de um indivíduo cujo lugar você gostaria de tomar (ou seja, uma inveja) quanto um zelo exagerado por alguém que se gosta? Ou apenas um dos dois? Em inglês, se não estou enganado, usa-se a palavra jealous e é sempre referindo-se à pessoa que se inveja, nunca a pessoa que você tem medo de perder. Em português, no entanto, sinto uma tendência maior a se dizer que se tem ciúmes da pessoa pela qual se tem muito zelo (como a música de Roberto Carlos Ciúme de Você) Afinal, qual seria o mais correto? Ou ambos são aceitáveis?
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