Como vivo aqui em Portugal procuro me adaptar, mas tem coisas que não consigo entender... tais como «porque escrevem certo e pronunciam errado». Ex.:
correios (pronunciam "curreios")
coração ("curação")
piscina ("pixina") e por aí afora.
Já procurei explicações, mas ninguém me deu uma que fosse convincente ou correta.
Se puder, «diga lá». Obrigada.
Me deparei com uma frase que emprega os dois-pontos, e o sentido ficou obscuro pra mim, a frase é um verso da bíblia na versão Almeida revista e corrigida de 94, e a frase em questão é a seguinte:
«Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?»
Minha dúvida é se o ponto de interrogação no fim da frase se refere a toda ela ou apenas ao período que vem depois dos dois-pontos. Disso, creio, depende a interpretação correta do sentido do texto. Se válido para toda a frase, implica em que o Espiríto em questão tem ciúme, e se válida a interrogação apenas para o que vem após os dois-pontos, esse período seria uma pergunta retórica sem necessidade de resposta.
Qual seria a forma correta de se interpretar essa frase?
Quando se faz uma enumeração de substantivos sem a terminar com um e, deve-se colocar também uma vírgula antes do verbo?
Por exemplo: «A luminosidade, a frescura tépida, as cores súbitas, a suavidade(,?) pareciam indicar a chegada definitiva da Primavera.»
Obrigada!
Sou aluno de Anatomia na Faculdade de Medicina do Porto.
A nomenclatura anatómica faz uso muito frequentemente dos termos anterior, posterior, superior, inferior, medial e lateral. Acontece que, para fins descritivos, é também comum combinar os termos anteriores em pares para formar uma só palavra. Eu gostaria que me confirmassem a correcção linguística dos seguintes vocábulos: "ântero-inferior", "ântero-superior", "ânteroposterior", "ânteromedial", "ânterolateral", "póstero-inferior", "pósteromedial", "pósterolateral", "póstero-superior", "ínferomedial", "ínferolateral", "súperomedial", "súperolateral", "láteromedial"...
Em que situações aplicar o hífen? Em que situações o podemos descartar? Qual a acentuação que deve ser usada nestas palavras? Será possível combinar três palavras, como em "póstero-ínferomedial"?
Obrigado.
Sempre escrevi "carmin", para referir a cor da solução alcoólica de fenolftaleína, em meio alcalino. Hoje só encontro a palavra "carmim". Estive a cometer algum erro sistemático?
Grata pela atenção.
Deve-se escrever "matriz", ou "matrix"?
Obrigada.
Na palavra ninguém, o u é uma vogal oral?
Estava para ser aprovado pelo governo no final de 2007, mas mais uma vez foi adiado.
A língua portuguesa escrita tem muitas regras pouco claras.
Como português, desconhecia que no Brasil se escrevia lingüiça, tendo uma leitura de acordo com o que dizemos, e que o acordo quer abolir.
Gostaria de saber porque é que:
— freqüência, que se diz "frecuência", se deve escrever frequência.
— lingüiça, que se diz "lingu-iça", se tem de escrever linguiça.
Gostaria de aprofundar o tema, mas penso que este Acordo Ortográfico de 1990 deve ser revisto.
«O sentido da regra é a simplificação [Iluminou-me!]. Pára tem tido acento para não se confundir com a preposição para, mas a verdade é que o contexto normalmente evita a confusão.
Tem de aceitar que as frases que apresenta são todas agramaticais, se considerarmos a grafia para sempre uma preposição [Tenho de aceitar? Que com a nova ortografia o texto perca coesão e gramaticalidade? Aliás, onde disse eu que era para tomar "para" sempre como preposição? Como disse, o texto resultou deu um jogo caricato entre as duas formas. Falha na interpretação lógica do texto!?]
a) Escrever duas preposições iguais seguidas contraria as regras, a não ser quando usadas enfaticamente [Aí é que está o problema. Não tenho nenhum caso desses no meu texto — nem quero ter!]
b) A vírgula no fim da terceira frase deixa a ideia em suspenso se quisermos considerar o segundo para como uma preposição [Desisto...]
c) A última frase está igualmente incompleta se considerarmos a grafia para sempre uma preposição (para isto, para aquilo e para mais aquilo… o quê?...) [Já percebi a ideia — e já percebi que não percebeu ou lhe não interessou perceber a questão em causa...]
O treino no uso da língua permite normalmente avaliar se o conjunto escrito tem coesão. Se aparentemente não o tem, o cérebro humano tende a corrigir o defeito em busca dum sentido coerente, para entender a mensagem (é essa ainda a sua grande vantagem em relação às máquinas, que ficam penduradas quando lhes aparece uma novidade no programa) [Genial!].
Por outro lado, o escritor que verdadeiramente se preocupa com os seus leitores usa as suas palavras por forma a que no contexto não haja ambiguidades (ex.: "Interrompe o que está a fazer, para que possas reflectir!") [Parece que para este Sr. uma língua se resume à prosa jornalística... Em outros registos, a ideia de se preocupar com o leitor é, no mínimo, questionável e debilitadora do que é a arte e a criação literária... Renegaremos centenas de séculos de poesia? O texto que escrevi não é legítimo? Só pode sobreviver mutilado, com o acordo? Ridículo!]
No caso de o escritor pretender a ambiguidade e não se preocupar muito com a perfeição do texto [Perfeição? Que perfeição? Poética? Musical? Gráfica? Retórica? Gramatical? Léxica? Conceptual? De conteúdo? Jornalística?], então até convém que a riqueza da língua o permita [Sem comentários...] Exemplo: "Para a decisão Alcochete, para o projecto Ota, de quem são os interesses beneficiados?” A segunda grafia de para pode dar vários sentidos à ideia: para sempre preposição permite pensar que havia interesses beneficiados quer numa solução quer na outra; com o segundo para forma verbal, o
interesse seria de todos nós, nacional… ou muito o dos defensores da margem sul?...»
Já agora, para que não restem dúvidas:
«Pára para que possas reflectir,
pára para que possas sonhar calmamente,
para que o teu trabalho seja frutuoso, pára,
pára para olhar o teu redor
com a placidez dos sábios.
Pára com as soluções gratuitas,
pára com o facilitismo imprudente
para com a melhor das intenções
singrares depois num áureo caminho.»
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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