Rima encadeada e esquema rimático
Quando escrevemos um soneto, podemos dizer que o esquema rímico é o seguinte: ABAB/ABAB/CDD/CDD.
No entanto, quando escrevo um poema que esteja, por exemplo, em versos alexandrinos, e eu desejo rimar os hemistíquios, como posso proceder para representar meu esquema rímico?
Pensei em algo assim, sem saber se faço direito: "AaBAB/AaBAB/CcDD/CcDD"
Nessa minha representação, o segundo verso de cada estrofe teria seu primeiro hemistíquio rimado com o verso anterior.
Obrigado.
Alguns recursos expressivos de "Tormenta", de Fernando Pessoa
Que recursos expressivos são possíveis encontrar em "Tormenta", de Fernando Pessoa?
«Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?Nós, Portugal, o poder ser.Que inquietação do fundo nos soergue?O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um haustoBrilha, e o mar escuro estruge.»
Obrigada!
Sobre a locução latina de cujus
Primeiramente agradeço de antecipado a todos vocês deste sítio e desejo saúde para todos nós.
Aqui trago um trecho da Constituição brasileira que me causou confusão:
«XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus".»
A que o texto se refere que está situado no país? Os bens ou o estrangeiro? Há aqui ambiguidade? Se há como ficaria a reescrita para tirar suposta ambiguidade?
A parlenda «hoje é domingo, pé de cachimbo...»
Qual o correto?
«Hoje é domingo, pé de cachimbo«, ou «Hoje é domingo, pede cachimbo»?
Retoma anafórica pelo demonstrativo esta
Relativamente à seguinte frase:
«No momento imediatamente anterior à execução de um pontapé de saída pela equipa visitante, na sequência da obtenção de um golo pela equipa visitada, os árbitros apercebem-se que esta se encontrava a jogar com um jogador a mais.»
O esta (apercebem-se que esta) está a mencionar a equipa visitante ou a equipa visitada? E quais os termos técnicos que suportam essa mesma resposta?
Obrigado.
A interjeição raisparta
Sempre conheci as expressões «raios te partam», «raios o partam», «raios me partam», «raios partam»1 isto e aquilo…
Mas nunca vi registado em nenhum dicionário, nem mesmo como uma corruptela, o vocábulo “raisparta”. No entanto, numa pesquisa que fiz no Google, este vocábulo aparece em barda2. Como poderemos classificá-lo?
Gostava de ter um esclarecimento e/ou uma opinião da vossa parte.
P. S.: Poderíamos incluir outra forma desta expressão que também se ouve: “raistaparta”.
1 No Ciberdúvidas, "Raios te partam".
2 “Raisparta” e “rais parta” – alguns exemplos respigados no Google:
• «O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora grafa — rais parta — «moto quatro» – Linguagista, 20/04/2014
• «As séries e os erros... raisparta!» – A Marquesa de Marvila, 24/05/2019
• «Emigrantes de volta: ″Raisparta, não se poderiam ter...» – Diário de Notícias, 02/08/2018
• «Nunca sei, rais parta os duplos particípios passados!» – a SARIP em WordPress, 26/07/2009
• «Rais parta esta gente que só está bem com o mal dos outros» – De repente já nos trinta, 30/12/2016
• «Dei um salto e sai-me este grande palavrão: "Raisparta!"» – ncultura, 12/04/2019
• «raispartam manhãs cinzentachuvosas como a de hoje» – Pensamentos Imperfeitos, 31/12/2003
• «O problema surge com os alunos (raisparta os bons alunos!)» – A Educação do meu Umbigo, 17/05/2011
• «Portúgal» (raisparta o acento do islandês).Viagem pelos nomes de Portugal» – Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, 25/06/2018 -
• «Rais'parta, se eu tivesse sabido mais cedo da partida A caminho do Sol...» – Quinta Emenda, 13/08/2018
• «Raisparta a wikipedia» – Associaçom Galega da Língua
• «E raisparta se o catraio não merece melhor sorte.» – A tasca do Silva, 30/12/2016
• «Raisparta o microfone que nunca funciona» – Simão, Escuta, 25/05/2012
• «Raisparta as segundas-feiras» – Caco de mimo, 31/01/2014
• «O "raios" já se usou, agora não tanto ainda assim é uma forma diminutiva de " RAIOS PARTAM" que soa a algo como " Rais' parta"» – 10 MITOS sobre portugueses e Portugal #419
Como explicar os deíticos numa passagem de José Saramago
Gostaria de saber se na frase «Amanhã Blimunda terá os seus olhos, hoje é dia de cegueira», podemos considerar a existência de deíticos pessoais, espaciais e temporais.
Qual a melhor forma de os explicar aos alunos?
O uso do advérbio justamente
Eu sempre tive dificuldade de precisar o sentido e possíveis sinônimos para esse justamente que está ali na frase [mais abaixo]. Muitas vezes, pego frases com quatro ou cinco ocorrências dele, mas me é difícil substituir por alguma coisa que não seja outro advérbio de modo — precisamente, exatamente. Mais do que isso, não sei bem qual é o sentido exato dessa palavra nesse uso: parece significar recuperar alguma coisa ao mesmo tempo em que se afirma que essa coisa corresponde, com precisão quase divina, àquilo que se procurava. Entendem o que quero dizer?
Caso entendam, lhes ocorre algum substituto?
«Diante dessa exigência, a ontologia da determinação tem duas principais alternativas: ela pode, justamente, afirmar que a determinação de um objeto é dada necessariamente por aquilo que ele é em si mesmo, independentemente de sua relação com outros objetos (e a pergunta se torna, então, qual é o fundamento de que ele seja em si mesmo aquilo que ele é), ou…».
A vírgula antes dos advérbios também e especialmente
Peço seu conselho e orientação sobre frases com a seguinte construção: «Ele defendeu a universidade alemã (,) também porque, durante o Terceiro Reich, havia vivido seu próprio fracasso» ou «Ela saiu de casa com o guarda-chuva (,) especialmente porque a mãe lhe pedira».
Não sei dizer se a colocação da vírgula é adequada neste contexto, em que aparece um adjunto adverbial logo antes da conjunção explicativa. Meu primeiro sentimento é o de colocá-la, mas antecedendo o advérbio.
Porém fica a dúvida: isso é correto? A que oração pertence esse adjunto? Será um modificador da conjunção?
Agradeço desde de já e parabenizo a equipe do site pelo belo trabalho!
Coesão lexical num texto: «cobaias humanas», «homens e mulheres», «cada um dos participantes»
«[...] Ao todo, os cientistas da Universidade de Quioto dissecaram o cérebro de 51 cobaias humanas. Dissecar, neste caso, significa sujeitar 26 mulheres e 25 homens a exames psicológicos e neuronais. Os primeiros tiveram como referência a Escala de Felicidade Subjetiva – inventada por Lyubomirsky e Lepper em 1999 e que até hoje é usada pelos psicólogos. O instrumento serviu para medir o grau de felicidade geral de cada um dos objetos das experiências e quão intensamente foram capazes de sentir as emoções – tanto as negativas como as positivas. A esses objetivos acrescentou-se o nível de satisfação com as próprias vidas. Os segundos testes envolveram o uso de um aparelho de ressonância magnética, que captou as imagens do cérebro de cada um dos participantes. E os mais felizes, concluem os autores do estudo, tinham sempre mais massa cinzenta naquela área do cérebro [....].»
Pergunta: os vocábulos «cobaias humanas», «26 mulheres e 25 homens» e «participantes» mostram a presença de um mecanismo de:
A – coesão lexical.B – coesão referencial.C – coesão temporal.D – coesão interfrásica.
