A ordem dos constituintes que acompanham o nome depende da intenção do locutor.
No caso em apreço, e segundo a minha interpretação, ambos os constituintes que acompanham o nome podem ser interpretados como tendo uma natureza classificadora, ou seja, não têm valor referencial, mas representam antes um tipo1. Por essa razão, «de café» incide sobre o nome conversas classificando-o e associando-o a um determinado tipo de conversas. Neste caso, «conversas de café» designa o tipo específico de conversas que se têm no café e não noutro local. Já o constituinte adjetival superficiais associa-se ao nome conversas para o relacionar com um tipo específico de conversas (as conversas que não têm grande profundidade). Nesta interpretação, ambos os constituintes se juntam ao nome para o classificar, inserindo as conversas num tipo muito específico.
Coloca-se, agora, a questão da ordem destes constituintes específicos. Ora, em Veloso e Raposo, podemos ler que a sua ordem pode ser determinada pelo foco que se pretende dar a uma dada ideia. Os autores apresentam como exemplo as seguintes expressões:
(1) «plantas tropicais de interior»
(2) «plantas de interior tropicais»2
Em (1), coloca-se o foco em «de interior», ou seja, fala-se de «plantas tropicais» de um tipo específico: são de interior. Em (2), coloca-se o foco em tropicais, ou seja, fala-se de plantas de interior que têm como tipo específico serem tropicais. No fundo, o segundo constituinte classificador introduz uma subespecificação de uma realidade que já estava afunilada pelo primeiro constituinte classificador.
A mesma situação parece estar presente no enunciado apresentado pelo consulente. Assim, poderemos aceitar as possibilidades (3) ou (4):
(3) «conversas superficiais de café»
(4) «conversas de café superficiais»
Em (3), coloca-se o foco em «de café», ou seja, fala-se de conversas superficiais que pertencem ao tipo daqueles que têm lugar num café. Em (4), coloca-se o foco em superficiais, ou seja, são conversas de café que têm como característica pertencerem ao tipo das superficiais.
No que respeita à questão ortográfica, segundo o Acordo Ortográfico de 90, este caso não se enquadra nas situações em que o hífen deverá ser utilizado (cf. Base XV: Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares)
Disponha sempre!
1. Em Brito e Raposo (in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1067-1070), encontramos o tratamento dos sintagmas preposicionais classificadores.
2. in ibidem, p. 1462.