DÚVIDAS

«Até aí, morreu o Neves»
Gostaria de perguntar-lhes sobre a origem de duas expressões usadas no Brasil (e talvez também em Portugal): 1. «Até aí morreu Neves...» — significando «Isso já é sabido e não acrescenta nada de importante». 2. «Foi a alma do Cunha» — empregada quando se ouve em casa algum ruído de origem desconhecida e não passível de fácil determinação. O máximo que já consegui, depois de muita pesquisa, foi saber que, segundo João Ribeiro, citado por Antenor Nascentes, em seu Tesouro da Fraseologia Brasileira (terceira edição revista por Olavo Aníbal Nascentes. [Rio de Janeiro]: Editora Nova Fronteira, [1986], s. v. Neves), a frase «Até aí morreu Neves» poderia ter origem em algum entremez, vaudeville ou comédia. E nada mais diz sobre a data, local e origem da pretensa peça... Continuo, portanto, curioso sobre quem teriam sido os tais Neves e Cunha (personagens reais ou imaginárias?, portugueses ou brasileiros?...). Agradeceria muito se algum dos senhores pudesse lançar maiores luzes sobre a distinta dupla.
Fonética e fonologia do português europeu para um galego
Já aprendi a pronunciar correctamente têm há dez anos, mas a fonética do português continua a ser um mistério... Algumas dúvidas: — Acontece com como e porque a mesma coisa que com para: /kumu/ e /purki/? É isso que eu ouço mas não tenho a certeza. — Tem ou pode ter redução a palavra questão? — A pronuncia /kas/ para «com as» tem conotações negativas em Portugal. Como galego, tendo sempre a dizer /kas/, já que é a única maneira de pronunciar este sintagma na Galiza. Muito obrigado.
Ainda a pronúncia-padrão
Tenho visto várias insinuações segundo as quais a pronúncia das capitais acaba por ser uma referência da pronúncia nacional por uma questão de convenção prática e para não se cair em discussões subjetivas. Me desculpem, mas acho isso terrivelmente simplista e falso. Não é preciso ver muitos filmes nem viajar muito para se saber que muitas capitais (políticas, históricas ou econômicas) têm em geral uma pronúncia considerada desviada do padrão nacional.Assim é em Londres, Paris, Berlim, Roma, Lisboa, Nova Iorque, etc. Se uma pessoa vem dessa terra e é típica de lá, um nacional logo sabe que ela é da "capital". Não por falar o padrão, mas por ter um sotaque próprio. Existem muitas razões socioeconômicas para justificar isso... A convenção do padrão é feita por um todo muito mais complexo. Muitos países têm a sua Coimbra de referência, como é o caso de Oxford, Salamanca, etc. Um exemplo: Se um angolano pronuncia "rio" diferentemente de "riu", assim como um brasileiro, assim como a maior parte dos portugueses, não é preciso ser um doutorado no assunto para ver que a convenção-padrão não deve ser a da pronúncia dita de Lisboa... Outro fator é o que se pode chamar de imaginário. Um lisboeta pronuncia de maneira igual essas duas palavras, mas tem para si que são de pronúncias diferentes. Eu sou do Porto e pronuncio 'ão' e 'om' de maneira igual bastantes vezes, mas tenho para mim que são sons diferentes, pois há uma consciência subtil interiorizada do padrão. Bem hajam!
Artigo definido com nomes próprios
Sou curitibano e estou morando há 2 meses em Salvador. Desde minha transferência, sinto alguns sons estranhos ao ouvir o falar do pessoal que trabalha comigo. Sei das diferenças regionais, e sempre me interesso por elas, inclusive para entender suas origens. Agora, tem uma que eu não sei se eles utilizam corretamente: é o uso da preposição de. — Me passa o contato "de" Luís? — Esse carro é "de" Paula. — O telefone "de" Pedro é XXXXXX. Tentei encontrar exemplos em alguns textos e livros, mas parece que toda vez que vou com esse objetivo não consigo nada. O certo não seria — Me passa o contato "do" Luiz? — Esse carro é "da" Paula. — O telefone "do" Pedro é XXXXXX. Desde já, obrigado.
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