As preposições são palavras funcionais, isto é, elementos linguísticos cuja função principal se relaciona com a construção das estruturas, não manifestando, por conseguinte, um significado concreto pré-estabelecido. Nesse sentido, as preposições são normalmente seleccionadas, ao nível do léxico, pelos verbos com que comparecem. Esta selecção é sobretudo de cariz sintáctico e não tanto semântico.
O caso do verbo chegar, em português, é muito interessante a este respeito, já que exibe diferenças significativas conforme a variedade que estamos a considerar. Assim, no português falado em Portugal, chegar selecciona, tipicamente, a preposição a, remetendo para a ideia de «alvo» ou de «destino» (a preposição a na frase «O João chegou a casa» seria equivalente à que nos surge em «O João foi a Cabo Verde»). Já no português falado no Brasil, a preposição que preferencialmente acompanha o verbo chegar é em, remetendo, neste caso, para a ideia (mais estática) de «localização» ou de «posicionamento» (note-se que «O João chegou em casa» será a construção normal no Brasil).
Em suma: desde que não se verifiquem incompatibilidades flagrantes entre o significado do verbo e a preposição por ele seleccionada, a subcategorização de preposições está, em termos gerais, fortemente dependente de factores lexicais, que, como vimos, podem mesmo alternar dentro de variedades diferentes de uma mesma língua.