Escapada, escapadela, escapadinha
Posso dizer escapada? Por exemplo, «vou dar uma escapada até ao Algarve».
Ou é uma palavra brasileira? Ou devo dizer escapadela ou escapadinha?
Uso de publicidades
Ouço e leio frequentemente a palavra "publicidades", que julgo ser usada por confusão com "anúncios". Sendo a publicidade uma técnica de comunicação que recorre a anúncios, afigura-se-me que o termo "publicidades" não faz sentido.
Afinal, "faz-se publicidade a", não se "faz publicidades a"! O que dizem os especialistas?
O uso do termo "publicidades" é ou não correto?
Obrigada.
Advérbios: brevemente e breve
O correto é «Ligar-lhe-ei o mais brevemente possível» ou «O mais breve possível»?
Aspeto iterativo e aspeto imperfetivo
Gostaria de esclarecer a seguinte dúvida: por que razão é classificada nas frases «Ando a ler O ano da morte de Ricardo Reis» (situação iterativa), «Os alunos, naquela tarde de chuva, contavam entusiasmados todo o dinheiro recolhido para a viagem de finalistas» (situação imperfetiva)?
Como distinguir corretamente uma situação iterativa de uma situação imperfetiva?
Obrigada pela atenção.
O valor aspetual de tentar no mais-que-perfeito do indicativo
Caros peritos da língua,
Considerem a frase:
«Putin descreveu o leste da Ucrânia como "território histórico" da Rússia e voltou a insistir que a Rússia tinha tentado negociar um acordo pacífico antes de enviar tropas, mas "foi enganada".»
Como compreender o valor aspetual da construção "tinha tentado negociar"? É télico ou atélico?
Isto parece-me ser aberto à interpretação de cada um da frase.
Estamos a falar de uma ação/tentativa de fazer um acordo? Ou talvez de uma série de tentativas contínuas que se prolongaram por um longo período de tempo? Não tenho certeza, mas talvez o verbo tentar seja por si só um operador aspetual na frase, cujo valor não consigo determinar.
Agradeceria um comentário de um especialista.
«Media-arte», «arte de media»
Relativamente à expressão "media arte", perguntava-vos se a na mesma deverá constar um hífen: «O José é profissional de média-arte digital.»
Locuções e colocações
Em termos de classificação gramatical e sintática, encontro bastante dificuldades em distinguir uma colocação e uma locução.
Já que ambas podem ter a mesma combinação de substantivo + adjetivo / verbo + substantivo / substantivo + preposição + substantivo, parace-me algo muito subjetivo e gostaria que me explicassem, por favor, a diferença entre os dois termos, como reconhecê-los e como classificá-los, visto que, existem muitas informações contraditórias.
Muito obrigado pela atenção.
«Desconfiado de» e «desconfiado para»
Francisco Fernandes, no seu Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, dá para desconfiado a preposição de e para.
Não seria apenas a preposição de selecionada por desconfiado?
Muito obrigado!
Valores das orações conformativas
Frequentemente, vejo em petições processuais a seguinte estrutura frasal:
Oração 1 (com sentido negativo), + [,] como + oração 2 (com sentido positivo e oposto à oração 1)
1) Aqui vai um exemplo para tornar a ideia mais clara:
«O Sr. Márcio não possui quaisquer poderes estatutários ou administrativos na Empresa X, muito menos poderes para receber citação, como alega a Requerente.»
O sentido acima pretendido é o de que a requerente afirma algo, mas a realidade dos fatos (segundo a requerida, autora da frase em questão) é diferente desse algo. Entretanto, lembro-me de certa vez, ainda nos tempos de escola, em um livro didático, ter lido que períodos com tais estruturas produzem ambiguidade: no caso, é tanto possível a leitura de que (i) a Requerente alega que o Sr. Márcio possuiria algum poder estatutário, etc., como a de que (ii) a Requerente alega, em concordância com a parte autora da frase, que o Sr. Márcio não possuiria quaisquer poderes estatutários, etc.
No exemplo aqui discutido, essa ambiguidade seria evitada:
a) com a utilização do diferentemente (no sentido pretendido): «O Sr. Márcio não possui quaisquer poderes estatutários ou administrativos na Empresa X, muito menos poderes para receber citação, diferentemente do que alega a Requerente»;
b) com a anteposição da oração subordinada à principal (no sentido alternativo): «Como [Conforme] alega a Requerente, o Sr. Marcio não possui quaisquer poderes estatutários ou administrativos na Empresa X, muito menos poderes para receber citação.»
O motivo por que faço esta postagem é que pesquisei incessantemente sobre esse tema da ambiguidade do uso do como, mas não encontrei resultados que correspondessem ao caso aqui apresentado; e, do mesmo modo, tentei pesquisar essa dúvida inserindo as classificações sintáticas das orações (que acredito serem as corretas), conforme consta no título, mas igualmente não fui bem sucedido em encontrar respostas. Assim, as dúvidas seriam as seguintes:
1 – No exemplo, há de fato uma ambiguidade?
2 – A justificativa para tal ambiguidade seria a polissemia da conjunção como, que pode tanto representar modo (equivalendo, no exemplo, a diferentemente), quanto representar conformidade?
3 – Por que esse assunto ainda não foi pesquisado na Internet? Ou eu apenas procurei mal?
Muito obrigado!
Auto e autos
Qual é a expressão correta?
«Auto do processo» ou «autos do processo»?
No Brasil deparo-me mais com a expressão «autos do processo». Contudo, em Portugal, leio regularmente as duas formulações.
Caso as duas estejam corretas, é preferível o uso de alguma delas?
