Em português, não se costuma usar um com o significado de «alguém».
Não quer isto dizer que não seja impossível, por exemplo, em certos textos mal traduzidos.
No entanto, mais corrente parece a expressão «uma pessoa», pelo menos, no português de Portugal:
(1) «Uma pessoa fica espantada com as notícias.» = alguém fica espantado.../ficamos espantados...
Acrescente-se que mesmo do ponto de vista histórico o uso de um com o significado de «alguém» é considerado um estrangeirismo, como observou o gramático brasileiro Said Ali (1861-1953), na sua Gramática Histórica da Língua Portuguesa (Edições Melhoramentos, 1965, p. 117; mantém-se a ortografia do texto citado pelo autor):
«Exemplos de um na acepção de "alguém" não são raros na Nova Floresta [N. Flor.] de [Manuel] Bernardes [1644-1710]. Mas como dificilmente se encontra o indefinido com tal significação em escritores anteriores, parece antes que o seiscentista se utilizou de um estrangeirismo (cf. o uso do italiano uno), o qual não conseguiu aclimar-se em nossa língua:
"Quanto hum he mais pobre, tanto tem menos parentes (N. Flor. 1, 259) – Não he por certo esta a humildade que o Padre Affonso Rodrigues chama de garavato, que he dizer hum males de si proprio, para que os ouvintes acudam por elle (ib. 5, 272) – Avisa o Espírito Santo que não queira ser hum ser juiz, senão sente em si virtude poderosa para contrastar iniquidades (ib. 5, 269)."»