Qual é a divisão silábica correta da palavra carrossel: car-ros-sel, ou ca-rro-ssel?
A palavra saciante existe?
O que significa a expressão «deitar a toalha ao chão»?
Sempre quis saber as razões por que, a exemplo de bom-dia, o vocábulo bem-vindo não permite a grafia sem o hífen, já que ambos podem corresponder a uma saudação. Podemos dizer: «Bom dia!», mas não «Bem vindos!». O que pensam a respeito?
Não será em rigor uma pergunta pois, a sê-lo, de antemão se considera que se encontra suficientemente respondida por anteriores contributos de Edite Prada neste sítio. No entanto, ainda que carecendo de qualquer estudo e numa base puramente dedutiva, especulativa, ou mesmo intuitiva, se retoma aqui a hipótese, já aventada, de que nas expressões «ter a ver com» e «ter que ver com», o «ver» surja por corruptela de haver.
É que, ainda que algum dicionário possa atribuir ao verbo ver o significado mais metafórico de «ver com os olhos do espírito» – como foi referido – e portanto se possa sempre admitir significados menos "directos", a expressão actual continua a soar, pelo menos a mim, muito pouco natural.
De facto, aquilo que me parece mais plausível é que, numa origem remota – e remota terá aqui, como vimos, de reportar-se a período pré-vicentino –, a expressão que estaria na base da que hoje se encontra a uso e (como demonstrado no levantamento de Edite Prada), completamente fixada, seria «ter a haver», no sentido de «ter a receber dinheiro devido, ser parte interessada em função dessa dívida por saldar». Reforça esta hipótese, creio, o facto de a expressão surgir amiúde na negativa: por exemplo, «você não tem nada a ver com isto». Por esta via, parece-me plausível supor que, na origem, esta expressão tenha nascido desta ideia de que alguém, não tendo a haver, não é parte interessada e, portanto, não tem, digamos assim, de intrometer-se. O que é válido na positiva: quem tem a haver, tem um legítimo interesse no negócio, uma razão para se meter no assunto; que haja algo a haver, vincula duas partes juridicamente, ou seja, coloca-as em relação. Donde, deduzo igualmente que a expressão se tenha aplicado originalmente apenas a pessoas, e só mais tarde possa ter servido para dizer que os alhos não têm a ver com os bugalhos.
Note-se, em abono desta tese, que o próprio complemento «com» poderá, aliás, teria mesmo de ter já sido introduzido no processo de modificação da expressão. Isto por ela, então (aventa-se) como hoje, nem sempre surge completa, isto é, com o complemento – diz-se muito, por exemplo, «isso não tem nada a ver». E, portanto, parece-me mais lógico, tanto quanto a lógica possa presidir à linguagem, que tenham sido expressões como «não se meta, que não tem nada a haver», a abrir caminho às sucessivas modificações que nos trazem ao «ter a ver com».
Resumindo, defendo aqui a hipótese – a que o nível de linguagem em causa, coloquial e, portanto, mais plástico, pode tornar mais plausível – de que a expressão tenha sido sucessivamente modificada, desta forma: «ter a haver de» – «ter a haver» – «ter a ver» – «ter a ver com». Ou ter começado simplesmente como «ter a haver», sendo que o «com» de hoje vem, justamente, confirmar o elemento relacional que, na passagem de «haver» para «ver», se torna pouco natural e menos evidente (ainda que admitindo os tais outros possíveis sentido de ver).
Fica o exercício, a título de curiosidade e, suponho, nada mais que isso, já que para o conhecimento do português coloquial de há 600 ou 700 anos, infelizmente, não há bases de dados que nos valham.
Poderia ser informado sobre o significado da expressão «correr de feição»?
Qual a origem e o significado de «generalidades e culatras»?
Obrigada!
Tenho estudado gramática, na tentativa de ajudar o meu filho, no 12.º, mas por vezes surgem-me dúvidas que nem com boas gramáticas consigo esclarecer.
1.ª – Penso ter percebido bem a diferença entre orações substantivas relativas sem antecedente e as adjectivas relativas restritivas – é apenas a omissão ou não do antecedente. Assim (exemplo vosso): «Entreguei a encomenda a quem indicaste» é substantiva relativa sem antecedente (função de complemento indirecto).
«Entreguei a encomenda à pessoa que indicaste» é adjectiva relativa restritiva. Estou certa?
2.ª – Pensei que uma oração substantiva com função de predicativo de sujeito teria de ser relativa sem antecedente, como, por exemplo, «Ele não é quem parece». Agora, uma fonte que parece fidedigna apresenta o predicativo do sujeito como uma oração completiva e infinitiva na frase. Ex.: «O mais certo é chover amanhã.»
Qual é aqui o predicativo do sujeito?
Fiquei totalmente confusa, e ficarei muito grata pelos vossos esclarecimentos.
Vários livros do ensino secundário apresentam a conjunção porque como subordinativa final sem, no entanto, apresentarem qualquer exemplo. Podiam dar um exemplo?
A pronúncia correta da palavra incesto é "incêsto" (e fechado), ou "incésto" (e aberto)?
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações