Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Carlos Ferreira Suécia 8K

Erra JNH, quando afirma que em Portugal se usa «o numeral ordinal: Art. 1.º, 2.º, 3.º... 10.º, 11.º, 12.º... 50.º, etc.» É corrente e normal usar-se o cardinal a partir do artigo 11.º e mesmo já a partir do artigo 10.º. Aliás, é coisa que bem se compreende: imagine lá o sr. JNH, por exemplo, dizer a frase «Do confronto do artigo 2079.º com os artigos 2094.º e 2095.º e em face do disposto nos artigos 2252.º e 2297.º, conjugado com o dispositivo do número dois do artigo 568.º, infere-se que...», frase típica do jargão jurídico. Seria uma coisa realmente pesadona, além de que a maioria, se não a totalidade dos juristas, e também dos professores de português, pensariam duas e três vezes antes de proferirem o ordinal adequado, se é que não tivessem mesmo de consultar antes o dicionário. O mesmo se passa na prática brasileira. Note o sr. JNH que o facto de em Portugal, nos textos legais, se escrever Artigo 597.º, 2103.º, etc., é mera convenção tipográfica. No Brasil, nos textos legais, adopta-se a numeração ordinal até ao Artigo 9.º, inclusive. A partir do Artigo 10, passa-se a uma numeração cardinal. É um uso menos enganador.

Carlos Almeida Coimbra, Portugal 6K

O relacionado com "glândula" diz-se "glandular"; o que se relaciona com "ácino" diz-se "acinoso" ou "acinar"? São possíveis estas duas formas, com o mesmo significado?

Ana Castro Portugal 6K

É correcto traduzir a palavra inglesa "cocktail" (no sentido de reunião social) por cacharolete?

É o mesmo que utilizar a palavra "coquetel"?

A. Guerreiro Portugal 4K

A palavra "aceberbado" existe?

De facto conheço a palavra exacerbado que quer dizer exagerado, mas a palavra aceberbado – que quereria dizer cheio, pleno, etc. – é-me desconhecida embora eu já a tenha visto usar e, por força de tanto ouvir, eu próprio já a usei.

Carmen Macau, China 8K

Gostaria de tirar uma dúvida. Estará correcto dizer:

Qual a sua comida preferida?

Ou devemos dizer:

Qual o seu prato preferido?

Ou ambas as formas estão correctas?

Obrigada.

Nahomi Ziraldo ReinoUnido 5K

Gostaria de saber o que está incorrecto nas frases seguintes:

1. Ele quere tomar alguma coisa que lhe mata a sede.

2. A Maria deseja que nós compremos este livro.

3. Temo que chovera amanha.

4. O Sr. não acabará o relatório hoje, mesmo que trabalhara muito.

5. Talvez eu visto o meu vestido novo hoje.

6. Espero que ha Sra. haja recebido uma boa recompensa pelo seu trabalho.

7. Sinto muito que o Pedro não compreenda esta situação.

8. Estou muito satisfeito de que elas gostan desta casa.

Dalva Oliveira Brasil 6K

Gostaria de saber em que circunstâncias o adjetivo é tido como particípio e se há livros publicados acerca desse assunto. Esclarecendo que pode ser também sobre verbos com auxiliar..."tinha saído" por exemplo.

Hélio Jaques Astrônomo Univ. de São Paulo, Brasil 13K

Muito me interessou a pergunta do consulente acerca da etimologia dos dias da semana. Tal como ele também li em algum lugar a respeito da influência de uma determinação papal na denominação dos dias da semana, para que não mais se usasse os nomes de origem pagã. Infelizmente li sobre isso há muito tempo atrás e não tenho como reencontrar a fonte da informação.

O prezado professor que respondeu ao consulente disse que os nomes dos dias da semana em Portugal precedem à formação do estado português. Como a língua portuguesa ainda não estava oficialmente formada em 1139, resta-nos supor que sua origem não esteja no português, mas no romance falado na região. Poderíamos supor que fosse então um resquício dos mouros, que segundo o mesmo professor utilizavam-se de um sistema de denominação parecido. Fica contudo uma curiosidade sobre porque este sistema passou a ser utilizado em português, e não o foi em castelhano que deveria ter sofrido a mesma influência.

Quando um povo acolhe novas palavras, em geral as faz de forma setorizada. Assim, as palavras de origem árabe em português correspondem a produtos, ocupações ou cargos administrativos, entre outros. As palavras de origem celta muitas vezes descrevem objetos e situações ligadas à guerra. Esta caracteristica demonstra que certos idiomas tinham/têm uma bagagem vocabular mais apropriada para certos aspectos da vida, que eram pouco explorados no idioma acolhedor dos novos termos.

Mas os diversos nomes associados à passagem do tempo em português têm origem no latim (ano, dia, mês, por exemplo). Porque os ancentrais dos portugueses iriam, somente no caso dos nomes dos dias da semana, adotar o costume de outro idioma?

Durante seus primeiros anos de influência continental, durante a idade média, a Igreja utilizou-se de diversas manobras para eliminar os vestígios pagãos que existiam na mentalidade européia. Para isso, muitas vezes açambarcaram os festivais das antigas religiões, dando-lhes roupagem cristã, ou modificaram a mitologia reinante, associando os antigos deuses a personagens bíblicas. Não é por acaso que Satanás é representado com chifres, já que um dos deuses pagãos mais cultuados de então, Kernunnos, tinha as mesmas feições animalescas.

Prática similar chegou até à astronomia, onde a Igreja tentou em vão eliminar o nome das constelações (reconhecidamente inspirados em histórias mitológicas não-cristãs), e substituí-los por constelações do tipo: São Pedro e Apóstolos, Santíssima Cruz, Virgem Maria, etc.

Essas atitudes foram parte de uma estratégia de grande escala para a expansão do cristianismo, que volta e meia se via maculado por práticas antigas arraigadas nos costumes populares. Não seria de se estranhar que também tivessem recomendado aos povos cristãos a adoção de nomes neutros para os dias da semana, que nas demais línguas indo-européias também possuem origem pagã.

O professor J.N.H. pelo que pude compreender diz que o sistema enumerativo dos dias da semana é logico. "Parcialmente lógico" seria a melhor denominação, pois do contrário o domingo seria denominado primeira-feira, e o sábado sétima-feira, quando na verdade domingo e sábado são denominações de origem religiosa.

Sei que esta questão sai em muito do âmbito do Ciberdúvidas, mas se o professor ou outro especialista pudesse estender-se um pouco mais nisso, ficaria profundamente agradecido.

Note que não professo, a bem dizer, a teoria de influência papal na origem dos nomes dos dias da semana. Apenas tenho interesse no assunto e até então julgava esta a melhor explicação.

Uma forma, a meu ver inquestionável, para se excluir a influência papal seria procurar-se pelos nomes destes dias no português arcaico ou no romance. Desde quando se fala segunda-feira? E ao mesmo tempo, alguma vez houve, na região que deu origem ao condado portucalense, um análogo aos vocábulos "lunes", "miercoles", etc?

Abraços e felicitações pelo trabalho.

Aldo Silva 6K

Solicito mais informações referentes ao assunto.

Faustino António Di Estudante Maputo, Moçambique 4K

É correcto dizer "Depois falo consigo"?

O meu professor de Português recomendou-me um trabalho de investigação no qual tenho de procurar saber porque é que a seguinte frase "Depois falo consigo" é incorrecta.