DÚVIDAS

A pronúncia do "o" e do "e"

Como um estrangeiro que está estudando independentemente seu idioma, eu tenho uma pergunta sobre a pronúncia cuja resposta será de nenhum valor a locutores portugueses nativos, mas de grande valor para mim: além do uso dos acentos agudo e circunflexo, como é que eu posso saber quando as letras "e" e "o" se pronunciam como "abertas" ou "fechadas"? (Em inglês dizemos "open" e "closed", não sei se estes termos se usam em português.) Reflecti muito, mas eu não posso achar nenhuma lógica subjacente para me guiar. Somente é uma questão de memorizar, como, por exemplo, têm que fazer as pessoas que aprendem o inglês por causa de sua forma escrita não bastante fonética? Muito obrigado para sua ajuda generosa (eu não estou totalmente seguro como pronunciar o "o" de "generoso"), e eu peço desculpas por meu português defeituoso!

Resposta

Julgamos que não está feito o estudo da pronúncia das vogais em português. E compreende-se: sabemo-lo pela prática que temos da nossa língua. E não podemos fazer tal estudo para responder ao nosso estimado consulente, mesmo que seja somente acerca do o e do e por dois motivos:

a) Seria um estudo um tanto trabalhoso para ser completo.

b) O Ciberdúvidas não se dedica a estudos de investigação, mas apenas a desfazer as dúvidas que lhe sejam apresentadas. É o que vamos fazer:

O primeiro o de generoso é fechado; o segundo é mudo: /generôsu/. O plural tem o primeiro o aberto: /generósus/.

O primeiro o é fechado no singular, mas aberto no plural, tanto no masculino como no feminino: /generósus/, /generósas/.

Aproveitamos a ocasião para comunicarmos o seguinte:

a) As palavras graves, substantivos e adjectivos, cuja sílaba tónica é em ô, fazem o plural geralmente em ó: /ôlho, ólhos/; /côrpo, córpos/; /tôrto, tórtos/; /môrto, mórtos/; /pôvo, póvos/, etc.

b) Mas há muitas excepções. Vejamos, por exemplo, os seguintes plurais em ô: arrojos, bobos, canhotos, cocos, corvos, encostos, escorços, ferrolhos, gafanhotos, globos, gomos, gostos, lodos, logros, mochos, molhos (temperos), morros, nojos, olmos, perdigotos, pescoços, piolhos, rodos, rolos, rostos, socos, soldos, sorvos, tocos, trambolhos, etc.

c) Mas quando o feminino é em ô, o plural dos dois géneros é em ô. E, quando o feminino é em ó, o plural dos dois géneros é em ó: /lôbo, lôba/, /lôbos, lôbas/; /tôlo, tôla/, /tôlos, tôlas/; /gôrdo, gôrda/, /gôrdos, gôrdas/; /môço, môça/, /môços, môças/.

d) Quando o masculino é em ô e o feminino é em ó, o plural dos dois géneros é em ó: /môrto, mórta/, /mórtos, mórtas/; /nôvo, nóva/, /nóvos, nóvas/; /generôso, generósa/, /generósos, generósas/; /pôrco, pórca/, /pórcos, pórcas/; /sôgro, sógra/, /sógros, sógras/; /ôvo, óva/, /óvos, óvas/.

Mas fazem excepção alguns nomes, como por exemplo os seguintes, em que o masculino conserva o /ô/ do singular, e o feminino o /ó/ do plural:

Casinholo (ô), casinholos (ô); casinhola (ó), casinholas (ó); casinhoto (ô), casinhotos (ô); casinhota (ó), casinhotas (ó).

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa