Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Albino Ramalho Portugal 5K

Uma pergunta relacionada com a análise sintáctica do verso de Bocage: «Fiei-me nos sorrisos da Ventura».
Qual a função sintáctica dos elementos “me” e «nos sorrisos da Ventura»?
É o me complemento de objecto directo por estarmos em presença de um verbo reflexo? Neste caso, qual a função de «nos sorrisos da Ventura»? Um complemento circunstancial de causa (pressuponde-se subjacente a expressão de um logro motivado pelos tais sorrisos)? Ou o “me” faz parte integrante do verbo, desempenhando «nos sorrisos da Ventura» a função de objecto directo?

Helena Rodrigues Portugal 23K

Uma vez mais me vejo na necessidade de obter o vosso urgente parecer sobre as dúvidas que passo a expor:

1) Qual a abreviatura de "professores", quando pretendo referir-me, simultaneamente, a um professor catedrático e a uma professora associada de uma determinada faculdade? «Os Profs. Doutores X e Y» ou «os Prof.s ['s' em expoente] Doutores X e Y»?
2) Dever-se-á dizer «número de Bilhete de Identidade» ou «número do Bilhete
de Identidade»?
3) Qual é a forma mais correcta de transpor para português a designação francesa da "Cathédrale Notre-Dame de Paris"? «Catedral de 'Notre-Dame' de Paris», ou seja, com a posposição da preposição 'de' a "catedral" e com a colocação de "Notre-Dame" em itálico, ou "catedral 'Notre-Dame' de Paris", sem o uso de tal preposição e mantendo o itálico? Por mais que saiba que a tradução de "Notre-Dame" é recomendável, por razões estritamente profissionais não posso fazê-lo.

Carla Rocha Portugal 7K

Gostava de saber o significado de "ganadaria". Só encontro esse vocábulo no dicionário da Porto Editora com o seguinte significado: «s.f. criação de touros de lide (Do cast. ganadería, "rebanho; negócio de gado")». Já procurai no Houaiss, mas não contempla o vocábulo!
"Ganadaria" não é o mesmo que "coudelaria", pois não? "Coudelaria" diz respeito às raças cavalares!

Manuela Cunha Professora Porto, Portugal 27K

A explicação que normalmente se dá para justificar a diferença entre coordenação e subordinação – a subordinação implica uma relação de dependência que não existe na coordenação – é demasiado simplista e facilmente contestável pelos alunos. Poderia dar-me uma explicação que torne clara a diferença entre coordenação e subordinação e, por outro lado, uma espécie de regra prática que permita aos alunos perceberem de uma vez por todas o que é uma coisa e o que é outra?

Philip Carrolo Portugal 15K

Quando digo:

– Estás ateimar comigo.
– Estás a teimar comigo.
– Estás a ateimar comigo.

Qual destas formas está correcta? Qual está errada? Eu sei que “ateimar” é “a” + “teimar”.
Mas o que estará correcto?
Obrigado.

Marta Magalhães Assessora da presidência na GAMM Braga, Portugal 5K

Antes de mais gostava de dar os meus parabéns pela continuação da existência deste "site", de grande importância para o solucionar de questões sobre a língua portuguesa. Um cumprimento especial ao Sr. Carlos Marinheiro, com quem tive o privilégio de colaborar enquanto eu estagiava na agência João Carreira Bom.
A minha dúvida surge relativamente ao uso de “doido” e “doudo” (esta muito utilizada no Norte de Portugal, nomeadamente em Fafe). Está correcto dizer-se “doudo”, uma vez que também dizemos “oiro” ou “ouro”?
Esta é uma questão que se discute bastante, e gostava que me pudesse elucidar sobre a sua forma correcta de utilização.

Francisco M. A. Fragoso Portugal 9K

Se fosse possível gostaria que me elucidassem acerca do seguinte: os estrangeirismos “marketing”, “franchising”, “out-sourcing”, etc. são, neste momento, palavras portuguesas?
Qual o critério que devo seguir ou o que devo consultar para saber em tempo real se estes ou outros vocábulos do mesmo tipo integram ou não a nossa língua?
Os meus agradecimentos antecipados.

Gleice Telles Brasil 9K

«Flamengo» é substantivo próprio?

Marco Antônio Dorneles Lisboa, Portugal 6K

Antes de mais nada, parabéns ao Ciberdúvidas pelo bom trabalho dedicado à nossa língua, que muito me tem auxiliado para compreender melhor as diferenças entre as duas variações, as quais, como a maioria dos brasileiros, desconhecia a existência.
Durante uma das minhas navegações e leituras aleatórias pelo sítio, deparei-me com o artigo
O nome traçabilidade e resolvi tirar esta dúvida, além de prestar um testemunho.
Ainda no Brasil, usava freqüentemente a palavra rastreabilidade para traduzir "traceability". Quem trabalha com informática não pode ser radical em relação aos estrangeirismos, mas sempre procurei o uso de palavras em português para expressar coisas que não são especificamente técnicas. Parece-me que o ato de determinar a origem e todos os passos executados por um processo até o momento atual cabe bem com o significado da palavra rastrear, seja o processo informatizado ou não. Uma vez que o processo seja dotado desta capacidade, penso que não faria mal dá-la o nome de rastreabilidade.
Como disse, já utilizava este termo no Brasil e tenho feito da mesma forma em Portugal. Deixo aqui meu testemunho: do ponto de vista da comunicação o termo não deixa nada a desejar, todos os alunos sempre entenderam imediatamente o significado. Apenas uma vez fui interpelado por um aluno em Portugal que queria me fazer entender que aqui não se usava rastreabilidade e sim "traceability" mesmo; imaginando, talvez, que no Brasil o termo fosse largamente utilizado. Ledo engano.
Bom, dito isto, deixo para o Ciberdúvidas a questão da correção ou não do uso do vocábulo.
Cordiais saudações,

Manuel Morais Portugal 5K

A propósito da resposta dada por R. G., compete relembrar que, no seu Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Rebelo Gonçalves preceituou o uso do hífen «Nos compostos em que entram, morfologicamente individualizados e formando uma aderência de sentidos, um ou mais elementos de natureza adjectiva terminados em 'o' e uma forma adjectiva», mesmo que o primeiro elemento não figure na sua «forma plena [...] ('euro'-, por 'europeio'-)», razão por que grafamos «euro-asiático», «euro-chinês» ou «euro-siberiano».
Ora, no caso de «euro-região», o segundo formante é um substantivo, o que, desde logo, inviabiliza a sua integração no grupo visado pela regra supra-exposta. E o primeiro elemento? Não será ele também uma cristalização substantiva, forma reduzida de «Europa»? A ser assim, Rebelo Gonçalves, uma vez mais, não deixa margem para dúvidas, pois que, segundo este ilustríssimo autor, «É inadmissível o uso do hífen nos compostos em que um elemento de origem substantiva, proveniente do grego ou do latim e terminado em 'o', se combina com um ou mais elementos substantivos ou adjectivos. Em tais compostos faz-se sempre a união completa dos elementos iniciais aos imediatos».
Em vista disto, e levando em linha de conta o no estudo de Margarita Correia, tão oportunamente referido pelo consultor R.G., a lexia «euro-região», em razão de significar «região da Europa», deverá ser escrita sem hífen – «eurorregião» –, tal como ocorre em «eurodeputado», «eurodólar» ou «euromíssil», ainda que estes compostos não sejam exemplificativos da duplicação do 'r' ou do 's' intervocálico.
À guisa de conclusão, o argumento aduzido para o uso do hífen em «euro-siberiano» não pode ser aplicado, pelo que se acaba de mostrar, à unidade morfológica em apreço.
Com os meus respeitosos cumprimentos,