Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Albino Ramalho Portugal 6K

Gostaria de colocar-lhes, hoje, duas questões de sintaxe sobre as quais agradecia o vosso sempre apreciado e autorizado comentário. A primeira relaciona-se com a classificação das orações na frase de abertura do "Sermão de Santo António aos peixes" do inimitável padre António Vieira: «Vós, diz Cristo Senhor Nosso, falando aos pregadores, sois o sal da terra:»
Afiguram-se-me as seguintes hipóteses de classificação:
Hipótese 1
1.ª oração: «Vós. sois o sal da terra», oração subordinante; 2.ª oração: «diz Cristo Senhor Nosso», oração subordinada explicativa (justificada por estar entre vírgulas); 3.ª oração, «falando aos pregadores", oração subordinada gerundiva (temporal).
Hipótese 2
1.ª oração: «Vós sois o sal da terra», oração substantiva subordinada conjuncional integrante (subentendendo-se a conjunção integrante “que”, pedida pela forma verbal “diz”, verbo declarativo; 2.ª oração: «diz Cristo Senhor Nosso», oração subordinante; 3.ª oração: como no primeiro caso, subordinada gerundiva, com valor temporal.
Hipótese 3
Considerar a parte de frase «diz Cristo Senhor Nosso, falando aos pregadores» como a frase introdutória do discurso da personagem (por conter uma expressão declarativa «diz Cristo Senhor Nosso» e «Vós sois o sal da terra» como discurso directo (da personagem, Cristo Senhor Nosso).
Assim, na primeira frase teríamos que a primeira oração seria a subordinante, a segunda, subordinada gerundiva de valor temporal e «Vós sois o sal da terra», uma oração substantiva com o valor de complemento directo do verbo dizer.
[...]

Albino Ramalho Portugal 5K

Uma pergunta relacionada com a análise sintáctica do verso de Bocage: «Fiei-me nos sorrisos da Ventura».
Qual a função sintáctica dos elementos “me” e «nos sorrisos da Ventura»?
É o me complemento de objecto directo por estarmos em presença de um verbo reflexo? Neste caso, qual a função de «nos sorrisos da Ventura»? Um complemento circunstancial de causa (pressuponde-se subjacente a expressão de um logro motivado pelos tais sorrisos)? Ou o “me” faz parte integrante do verbo, desempenhando «nos sorrisos da Ventura» a função de objecto directo?

Helena Rodrigues Portugal 23K

Uma vez mais me vejo na necessidade de obter o vosso urgente parecer sobre as dúvidas que passo a expor:

1) Qual a abreviatura de "professores", quando pretendo referir-me, simultaneamente, a um professor catedrático e a uma professora associada de uma determinada faculdade? «Os Profs. Doutores X e Y» ou «os Prof.s ['s' em expoente] Doutores X e Y»?
2) Dever-se-á dizer «número de Bilhete de Identidade» ou «número do Bilhete
de Identidade»?
3) Qual é a forma mais correcta de transpor para português a designação francesa da "Cathédrale Notre-Dame de Paris"? «Catedral de 'Notre-Dame' de Paris», ou seja, com a posposição da preposição 'de' a "catedral" e com a colocação de "Notre-Dame" em itálico, ou "catedral 'Notre-Dame' de Paris", sem o uso de tal preposição e mantendo o itálico? Por mais que saiba que a tradução de "Notre-Dame" é recomendável, por razões estritamente profissionais não posso fazê-lo.

Carla Rocha Portugal 7K

Gostava de saber o significado de "ganadaria". Só encontro esse vocábulo no dicionário da Porto Editora com o seguinte significado: «s.f. criação de touros de lide (Do cast. ganadería, "rebanho; negócio de gado")». Já procurai no Houaiss, mas não contempla o vocábulo!
"Ganadaria" não é o mesmo que "coudelaria", pois não? "Coudelaria" diz respeito às raças cavalares!

Manuela Cunha Professora Porto, Portugal 27K

A explicação que normalmente se dá para justificar a diferença entre coordenação e subordinação – a subordinação implica uma relação de dependência que não existe na coordenação – é demasiado simplista e facilmente contestável pelos alunos. Poderia dar-me uma explicação que torne clara a diferença entre coordenação e subordinação e, por outro lado, uma espécie de regra prática que permita aos alunos perceberem de uma vez por todas o que é uma coisa e o que é outra?

Philip Carrolo Portugal 15K

Quando digo:

– Estás ateimar comigo.
– Estás a teimar comigo.
– Estás a ateimar comigo.

Qual destas formas está correcta? Qual está errada? Eu sei que “ateimar” é “a” + “teimar”.
Mas o que estará correcto?
Obrigado.

Marta Magalhães Assessora da presidência na GAMM Braga, Portugal 5K

Antes de mais gostava de dar os meus parabéns pela continuação da existência deste "site", de grande importância para o solucionar de questões sobre a língua portuguesa. Um cumprimento especial ao Sr. Carlos Marinheiro, com quem tive o privilégio de colaborar enquanto eu estagiava na agência João Carreira Bom.
A minha dúvida surge relativamente ao uso de “doido” e “doudo” (esta muito utilizada no Norte de Portugal, nomeadamente em Fafe). Está correcto dizer-se “doudo”, uma vez que também dizemos “oiro” ou “ouro”?
Esta é uma questão que se discute bastante, e gostava que me pudesse elucidar sobre a sua forma correcta de utilização.

Francisco M. A. Fragoso Portugal 9K

Se fosse possível gostaria que me elucidassem acerca do seguinte: os estrangeirismos “marketing”, “franchising”, “out-sourcing”, etc. são, neste momento, palavras portuguesas?
Qual o critério que devo seguir ou o que devo consultar para saber em tempo real se estes ou outros vocábulos do mesmo tipo integram ou não a nossa língua?
Os meus agradecimentos antecipados.

Gleice Telles Brasil 9K

«Flamengo» é substantivo próprio?

Marco Antônio Dorneles Lisboa, Portugal 6K

Antes de mais nada, parabéns ao Ciberdúvidas pelo bom trabalho dedicado à nossa língua, que muito me tem auxiliado para compreender melhor as diferenças entre as duas variações, as quais, como a maioria dos brasileiros, desconhecia a existência.
Durante uma das minhas navegações e leituras aleatórias pelo sítio, deparei-me com o artigo
O nome traçabilidade e resolvi tirar esta dúvida, além de prestar um testemunho.
Ainda no Brasil, usava freqüentemente a palavra rastreabilidade para traduzir "traceability". Quem trabalha com informática não pode ser radical em relação aos estrangeirismos, mas sempre procurei o uso de palavras em português para expressar coisas que não são especificamente técnicas. Parece-me que o ato de determinar a origem e todos os passos executados por um processo até o momento atual cabe bem com o significado da palavra rastrear, seja o processo informatizado ou não. Uma vez que o processo seja dotado desta capacidade, penso que não faria mal dá-la o nome de rastreabilidade.
Como disse, já utilizava este termo no Brasil e tenho feito da mesma forma em Portugal. Deixo aqui meu testemunho: do ponto de vista da comunicação o termo não deixa nada a desejar, todos os alunos sempre entenderam imediatamente o significado. Apenas uma vez fui interpelado por um aluno em Portugal que queria me fazer entender que aqui não se usava rastreabilidade e sim "traceability" mesmo; imaginando, talvez, que no Brasil o termo fosse largamente utilizado. Ledo engano.
Bom, dito isto, deixo para o Ciberdúvidas a questão da correção ou não do uso do vocábulo.
Cordiais saudações,