Tenho por hábito inventar palavras novas que, geralmente, não passam do círculo restrito de familiares e amigos, mas espanta-me o uso sistemático (por parte até de figuras públicas, leia-se políticos) de miríades de palavras que não constam dos dicionários, ou que até podem constar mas induzem uma aplicação noutros contextos. Da lista fazem parte verbos muito em voga como "elencar", "compaginar" e "plasmar" ou o mais do que inédito substantivo "implantamento", que ouvi outro dia numa reunião. Serão modismos, erros crassos ou sinal de que a língua portuguesa é uma língua viva, passível de ver o seu léxico engrossado com um ramalhete fértil de palavras novas e úteis? Passado o espanto, é de integrar ou excluir aquilo que muita gente pensa, por soberba ou ignorância, estar a pronunciar correctamente? Para já não falar de certos aportuguesamentos ("clicar" já existe?) e expressões da moda como "sendo que", verdadeira rival dos "portantos" de outrora. Outro aspecto tem a ver com a dificuldade em traduzir/inventar rapidamente palavras novas capazes de serem adoptadas pelo público em geral, para que não tenhamos, por exemplo, de passar uma boa parte da nossa vida a falar de "T-shirts" e a ter de escrever a palavra em itálico ou entre aspas.
A expressão oral "hum hum" é um bordão da linguagem, uma bengala, ou pode também simplesmente ser um vício linguístico, ou ainda um instrumento que ao ser usado por professores, interlocutores, assistentes de “call center”, psicólogos, psiquiatras, psicanalista, médicos, etc. se poderá chamar de escuta activa? Ou, se nenhuma destas definições se lhe aplica, então como faz a gramática? Obrigada.
Tendo o português como base o latim, língua em que eram inexistentes, qual a origem e o porquê da necessidade de artigos no português actual. Muito obrigada pelo esclarecimento.
Desculpem-me, desde já, se o Ciberdúvidas não for o sítio certo para esta pergunta. Embora saiba muito pouco sobre o assunto, sempre me pareceu interessante tentar perceber como se formam os sons no aparelho vocal, na medida em que isso ajuda a entender a evolução da nossa língua. Recentemente, a minha curiosidade foi espevitada pelo facto de o meu filho, de 13 meses, estar a descobrir a "fala" e de me parecer que lhe é difícil articular o som "i", de “li”, “vi”, “ti” ou “ni”. A criança tem alguma facilidade em dizer palavras que me parecem mais complexas (como “orelha”, “pente”, “água”, “põe”, “pão” ou “banana”), mas nota-se que faz um esforço adicional, mesmo a nível físico, quando tenta dizer sons como “li”, “pati”, “atchim”, “pita” ou “menina”. No caso de "li", sai-lhe apenas o som "i" e, nos seguintes, diz "pata", "atcha", "pota" e "menena". No entanto, diz facilmente “mãe”, “pai”, “cai”, “caí” e outras palavras em que o som "i" se segue ao "a", aberto ou fechado. Em resumo: a formação do som "i" no aparelho vocal é mais exigente, em termos físicos, do que a dos restantes sons correspondentes às vogais?
Gostaria de saber se o correto é conforme o dicionário, "gaita de foles", ou "gaita-de-fole". Caso seja o primeiro, por que então noutros idiomas próximos, como em Galego, Espanhol, Francês e Italiano, as derivações do Latim "follis" perderam a terminação e no Português teria se mantido? Há quem diga inclusive que "gaita de foles" é uma corruptela moderna, sendo "gaita-de-fole" o tradicional. A dúvida abrange também o uso dos hífens.
Obrigado.
Quais os significados do verbo «descentrar»?
A minha professora de Português disse que a expressão «era uma vez» era um início, um incipit. O que é isto?
Sou professora e tenho seguido, atentamente, a introdução da TLEBS, valendo-me frequentemente da vossa preciosa ajuda. E para não fugir à verdade, lanço-vos mais uma dúvida:
1. de todos os documentos que li, e a lista já vai extensa, não encontrei nada que tenha a ver com os níveis de língua (corrente, popular, cuidado...).
A questão é se desapareceram ou foram substituídos pelas variedades.
Nas frases «São os meus cromos.» e «São os lápis deles.», "meus" e "deles" são determinantes ou pronomes possessivos? E na resposta à pergunta «De quem é o livro? É dela.», a palavra dela é um determinante possessivo ou um pronome possessivo? Na minha opinião, trata-se de um pronome uma vez que está a substituir o nome “livro”. Mas não tenho a certeza absoluta. Parabéns pelo trabalho desenvolvido.
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