DÚVIDAS

Complemento do adjetivo: «fabricadas com o ouro»
No segmento «[...] Camões revela-se um subtil ourives de composições delicadas e gráceis, discretamente preciosas, fabricadas com o ouro dos cabelos e do sol, com o verde dos campos e dos olhos [...]», a expressão «com o ouro dos cabelos e do sol» desempenha a função sintática de complemento do adjetivo, uma vez que está precedida do particípio passado fabricadas que funciona como adjetivo? Obrigada pela atenção.
Todos, coordenação e próclise
Tenho dúvidas quanto à colocação dos pronomes clíticos nas frases em que existe enumeração de ações. Por exemplo, na frase «Todos se riam», o todos desencadeia a próclise. Mas numa frase em que se enumerem várias ações e o verbo pronominal se encontre no meio ou no fim, deve haver próclise ou não? A forma correta é «Todos falavam, se interpelavam, se riam e conversavam», ou «Todos falavam, interpelavam-se, riam-se e conversavam»?
Modo verbal depois de «ter a impressão de que» e «que pena... !»
Um aluno meu escreveu a seguinte frase num exercício sobre reclamação num restaurante: «... Por favor senhor, mais valia que não me perguntasse nada. O peixe foi muito salgado e em cima de tudo tive a impressão que o peixe não cheirasse bem. Que pena que houvesse areia na salada!» Segundo o que eu considero correto, corrigi os verbos para: «... O peixe ESTAVA muito salgado e em cima de tudo tive a impressão que o peixe não CHEIRAVA bem. Que pena que HAVIA areia na salada!» Em relação ao primeiro verbo o aluno entendeu: optamos por estar em vez de ser porque é uma situação temporária. Mas em relação aos outros dois verbos, ele colocou no imperfeito do conjuntivo porque ele «teve a impressão», ou seja, como é uma suposição e não uma certeza, na opinião do aluno tem de ser no conjuntivo e não no indicativo. Contudo, eu não acho que esse modo verbal fique adequado nas frases mencionadas. É válido também o uso do pretérito imperfeito do indicativo para expressar suposições? Como posso explicar isso aos alunos? Fico muito grata pela vossa ajuda!
Filmagem e "filmação"
Um antigo estúdio de animação americano era chamado de Filmation (Associates)... Daí, fazendo busca no Google, eu mesmo encontrei, em alguns dicionários, "filmação" (em português), "filmation" (em inglês) e "filmación" (em espanhol) [tudo isso com inicial minúscula...]! A questão é: "filmação" já existe oficialmente como parte da língua portuguesa? E, caso sim, é um neologismo? Por favor, muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Oração subordinada completiva de nome
Na frase «Mas todos nós podemos fazer algo para prevenir este tipo de crime», o segundo elemento «para prevenir este tipo de crime» pode-se classificar como uma oração subordinada adverbial final ou como substantiva completiva? Se se verificar o primeiro caso, a oração desempenha a função sintática de modificador; se por outro lado, se verificar o segundo, a oração tem a função sintática de complemento oblíquo, certo? Agradecia um esclarecimento.
Complemento do nome: «A duração de dois anos do contrato»
Em uma frase nominal como "a duração do contrato de 2 anos", sabe-se, creio, que "do contrato", em relação com "duração", é um termo que exerce a função de adjunto adnominal. Porém, hoje, peguei-me pensando que não sei qual é exatamente a função do termo composto que o procede, que é "de 2 anos", com relação a "do contrato" Isto é: relacionando-os, "do contrato" e "de 2 anos", poderemos dizer que este último é o adjunto adnominal do primeiro? Neste caso, e em casos semelhantes, como fazer a análise? Agradecida eu fico.
A expressão «ser da Lourinhã»
Uma colega perguntou-me se conhecia a expressão «Pensas que sou da Lourinhã?», no sentido de «Pensas que sou estúpido?» ou «Pensas que sou parvo?». Desconhecia. A mesma questão foi colocada por ela a vários outros colegas e a maioria conhecia a expressão. Numa pesquisa breve na Internet encontrei uma explicação a que não sei se atribua crédito ou não e que radica a origem da mesma no desaparecimento, nos anos 30 do século passado, de um cão de grande porte de uma casa senhorial na Lourinhã, a que seguiram diversas mortes de ovelhas, coelhos e galinhas, falando-se mesmo em vitelos e até num burro, atribuídas ao cão. Havia quem lhe chamasse «a loba» ou «raposa». Deu-se caça ao animal e quando o mesmo foi abatido, constatou-se tratar-se «apenas de uma cadela». Ou seja, ter-se-á caído num logro. Alegadamente, a expressão terá advindo daí. Podem, por favor, na medida do possível, confirmar a existência da expressão e a sua origem? Obrigado.
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