DÚVIDAS

O significado de homem-lige, «à fia resga», «ronho do matagal», etc.
Lendo a célebre obra de Aquilino Ribeiro Quando os Lobos Uivam (Bertrand, 3.ª edição), deparei-me com alguns termos e expressões que gostaria de esclarecer, visto que não o consegui através de dicionários. Venho por isso pedir ajuda ao Ciberdúvidas, a qual desde já muito agradeço. Qual o significado de: «fazer o bem de alma» (pág. 23); «deitar vozes a gaiteiro» (pág. 56); «homem-lige» (pág. 57); «à fia resga» (pág. 103); «ronho do matagal» (pág. 249)? Gostava também de saber se existe algum glossário dos termos e expressões de carácter regional, empregados pelo grande escritor nas suas admiráveis obras.
Regência do verbo chamar, novamente
E desta forma termina o tópico denominado "Chamar com Regência":(...) «Assim, embora se defenda como preferível a forma "ele chamou-lhe intelectual", não poderá dizer-se que é um erro a construção "chamar de" no sentido de "chamar nomes a alguém", presente na frase "ele foi chamado de intelectual"».Mas como pode tal?...Se aceitarmos a construção «ele foi chamado de intelectual», teremos de aceitar também «chamaram-no de intelectual». Se aceitarmos «chamei-o de mentiroso», teremos de aceitar, por exemplo, «chamaste-o», ao invés de «chamaste-lhe»; «chamámo-lo», ao invés de «chamaste-lhe», etc. E, como bem refere M.R.M.R.: «seria, sim, incorrecto dizer “o chamam” ou “chamam-no”. A forma correcta é "lhe chamam"». «Ela chamou sábio ao professor» = «Ela chamou-lhe sábio» Em Portugal, é esta a construção correcta.Se alguém «o chamou», foi, possivelmente, para obter a sua atenção. Se alguém lhe chamou, foi, provavelmente, um nome qualquer. E são, decididamente, coisas diferentes. O que será que me escapa?Obrigada.
Entrudo, novamente
Já li o que está escrito sobre a origem de entrudo. Há dias, porém, alguém que "sabe" afirmou que no Carnaval, usando dos disfarces das folias da época carnavalesca, era dada a determinados prisioneiros a oportunidade de "disfarçados" visitarem os seus familiares regressando depois à reclusão. A palavra entrudo teria origem em entra-tudo... Nesta mistura de disfarces entrava... tudo... Terá esta história algum fundamento? Obrigado pela vossa atenção.
Sobre o novo Acordo Ortográfico: a grafia da flexão de arguir e construir
Como português fiquei envergonhado. Temos de ser isentos e admitir. Bechara está inventando um novo acordo ortográfico com muita habilidade, mas ele tem razão em tudo. Presto a minha homenagem... Com o tempo verifiquei que muitas das dificuldades do acordo ortográfico resultam de este estar incompleto. E ele está omisso porque a parte brasileira confiou na coerência e racionalidade do atual sistema português e não aprofundou. Eu não gostava do passado sistema brasileiro, mas ele era de regras relativamente simples e coerente. O mesmo não se pode dizer do atual sistema português. Acreditem ou não, apesar de toda a boa vontade notória brasileira, ele está a levar os gramáticos brasileiros à loucura... Vou deixar a conjugação de alguns verbos tirados do Priberam online. Eles dizem tudo... Conjugação do verbo arguir (presente do indicativo) arguo argúis argúi arguimos arguis argúem Conjugação do verbo construir (presente do indicativo) construo constróis constrói construímos construís constroem Conjugação do verbo arguir (pretérito perfeito do indicativo) argui arguiste arguiu arguimos arguistes arguiram Conjugação do verbo construir (pretérito perfeito do indicativo) construí construíste construiu construímos construístes construíram
Côa e coa
Acabei de descobrir no site do Portal da Língua Portuguesa que coa é forma do verbo coar, enquanto côa é substantivo.Ora, eu estive sempre convencido de que as palavras que terminavam em «oa» (acentuado) não precisavam de acento gráfico (boa, coroa, doa, gamboa, Lisboa, pessoa, voa, etc.). Nos «casos particulares» que os senhores apontam aqui, parece que o acento gráfico é usado para distinguir palavras com pronúncia diferente que, sem o dito acento gráfico, ficariam ambíguas.Se tanto coa (forma verbal) e côa (substantivo) são pronunciadas ['koɐ], poderiam os senhores explicar-me o porquê do acento gráfico?Obrigado.
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