DÚVIDAS

O adjetivo simbólico
Gostava de saber se o emprego, em alguns casos, do adjetivo «simbólico», que terá o significado (implícito) de mínimo, reduzido, escasso, insignificante, inexpressivo, etc. é correto. Os dicionários de língua portuguesa parecem não abonar tais sentidos do termo. Dizem apenas que é «relativo a símbolo», «que serve de símbolo», «que tem o caráter de símbolo», «que usa, emprega ou exibe um símbolo». Vejam-se os seguintes exemplos (extraídos de várias fontes online): - Um aumento simbólico que passa de 75 cêntimos – antiga taxa mensal – para um euro. - Se o Estado não pode assegurar senão reformas simbólicas para quem tem hoje 35 ou 40 anos, não será justo baixar-lhes os descontos para esse efeito? - Em termos homólogos, a produção atingiu um crescimento simbólico de 0,1% após cinco meses em queda. - Meia centena de entidades da economia social investiram valores simbólicos no banco Montepio. - Israel decidiu "ajudar o pessoal médico da Autoridade Palestina e vários países", enviando-lhes "uma quantidade simbólica de vacinas", acrescentou o comunicado. - O processo pode ser gratuito ou implicar o pagamento de uma taxa simbólica. Grato pela atenção.
Um modificador não restritivo: «os funcionários, incansáveis, receberam um prémio»
Considerando o valor do adjetivo ( restritivo ou não restritivo) e a sua posição (pós-nominal ou pré-nominal, respetivamente) como traço distintivo, na frase «Os funcionários, incansáveis, receberam um prémio» qual o valor do adjetivo incansáveis? Será correto considerar que, apesar da posição pós-nominal, o adjetivo tem valor não restritivo? A situação ocorre quando o adjetivo desempenha a função sintática de modificador apositivo do nome? Desde já, agradeço a atenção dispensada.
Anteposição do adjetivo e anglicismo
Tenho assistido nos últimos anos àquilo que parece ser um fenómeno quando se trata da tradução de conteúdos da língua inglesa para a língua portuguesa. Por exemplo, em português dizemos primeiro um nome e depois colocamos um adjetivo: «bola pequena», «árvore grande», «carro bonito». Numa das sessões de atualização dos números da pandemia, um dos oradores diz a certa altura da sua apresentação: «(...) perniciosos problemas (...)». Num painel publicitário na rua li a seguinte frase: «infinitas histórias». Estes termos se lidos em inglês fazem sentido, dado que nesta língua prevalece primeiro o adjetivo e depois o termo. Em português, não concordo. Assim, esta mensagem serve também para colocar-vos uma questão simples: este fenómeno é legítimo, ou seja, é natural fazermos uma tradução grosseira da língua inglesa para a portuguesa sem olhar às nossas regras? Ou será que estou antiquado? Muito obrigado pela atenção.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa